A revista britânica The Economist publicou um artigo nesta terça-feira (4) afirmando que "mais um mandato para o populista Jair Bolsonaro seria ruim para o Brasil e o mundo". O texto, intitulado "Para ganhar a Presidência do Brasil, Lula deve passar para o centro", está na sessão de opinião, refletindo a linha editorial do veículo.
A publicação afirma que Bolsonaro não "fez esforços para parar a destruição da Amazônia", teve uma atuação "desastrosa" na pandemia de covid-19, tem um "círculo que se sobrepõe ao crime organizado", enquanto mina "as instituições, da Suprema Corte à própria democracia". O editorial ainda chama o presidente e candidato à reeleição de "populista trumpiano, que mente tão facilmente quanto respira e imagina conspirações em todos os lugares".
A Economist também afirma que Bolsonaro "incita abertamente a violência" e cita uma pesquisa recente, na qual "quase 70% dos brasileiros disseram temer danos físicos por causa de suas opiniões políticas". A revista pondera sobre a condução econômica do governo, que chama de "justa".
"A inflação está caindo, o crescimento está aumentando e o Estado distribuiu este ano ajuda extra para cerca de 20 milhões de famílias mais pobres", aponta a Economist.
Sobre Lula, a publicação lembra que o primeiro governo do petista ocorreu em meio a um boom das commodities e avalia que houve pragmatismo. Agora, indica que, se eleito, o ex-presidente "começaria com condições fiscais mais duras do que enfrentou quando esteve no poder".
Para a revista, a plataforma de Lula, "embora vaga, inclui traços preocupantes de esquerdismo antiquado". Entre as preocupações, a Economist avalia que o petista vê o Estado como o motor do crescimento e ele querer "abrasileirar" os preços da gasolina.
Na opinião do veículo britânico, Lula deve "nomear publicamente um economista moderado como sua escolha para ministro das Finanças (da Economia)". O petista também deve garantir aos agricultores que não tolerará invasões de terras organizadas por movimentos sociais próximos ao seu partido.
"Ele (Lula) deveria prometer não nacionalizar nenhuma indústria. Ele deveria parar de brincar com a ideia perigosa de interferir na liberdade de imprensa do Brasil", avalia The Economist.
"Mas faça o que fizer, o próximo mês será tenso", afirma a publicação. Para a revista, se Bolsonaro perder, o presidente pode alegar que ganhou e incentivar seus apoiadores a irem às ruas.
"Um segundo mandato para um homem assim seria ruim para o Brasil e para o mundo. Só Lula pode impedir. Reivindicar o campo central é a melhor maneira de fazê-lo, conclui".
No final do ano passado, The Economist já havia publicado um artigo criticando o presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, a revista declarou que Bolsonaro era ruim para a economia brasileira.