É enganoso o tuíte que indica o 17 como sendo o número de urna do candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). O 17 refere-se ao antigo Partido Social Liberal (PSL), legenda pela qual Bolsonaro foi eleito em 2018. No final de 2021, Bolsonaro se filiou ao Partido Liberal (PL). A sigla PSL deixou de existir em outubro de 2021, quando se fundiu ao partido Democratas, dando origem ao União Brasil.
Conteúdo investigado: postagem no Twitter que associa incorretamente ao candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) o número 17 como registro de urna na atual disputa.
Onde foi publicado: Twitter.
Conclusão do Comprova: é enganoso tuíte sugerindo que o atual número de urna do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, é 17. Esse número representa o PSL, ao qual ele estava filiado na disputa de 2018. Bolsonaro deixou a legenda em 2019 e, no final do ano passado, se filiou ao Partido Liberal, identificado pelo número 22.
O PSL não tem candidato à presidência em 2022. O partido se juntou ao Democratas e formou uma nova legenda, o União Brasil, cujo número de urna é o 44 e tem candidatura própria com Soraya Thronicke. Nesta semana antes do primeiro turno, há, ao todo, 11 candidatos na disputa para ocupar o Palácio do Planalto.
Para o Comprova, enganoso é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.
Alcance da publicação: até o dia 26 de setembro, o tuíte contava com 16,9 mil curtidas e 1.600 retuítes (compartilhamentos).
O que diz o autor da publicação: ao Comprova, a autora da publicação informou que “em nenhum momento eu disse que o número de Bolsonaro é o 17”. Ela alegou ter feito uma piada. “Fiz uma piada dizendo que quem quiser votar 17, ok. Assim como é ok votar em qualquer número, sendo válido ou não. Foi uma piada e nada mais”, respondeu.
Como verificamos: a equipe acessou o sistema de registro de candidaturas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – divulgacand2022 – para constatar os atuais números de urna utilizados pelos candidatos à Presidência nas Eleições 2022. Por meio de buscas no Google, confirmou também dados relativos à fusão entre o PSL e o DEM, além da filiação recente de Bolsonaro ao PL, partido pelo qual disputa a reeleição.
O número 17 não é utilizado nas eleições 2022
Ao contrário do que afirma a autora do tuíte verificado aqui – e outras centenas que circularam nos últimos meses com conteúdo semelhante –, o número de urna de Bolsonaro nesta eleição não é 17, e sim 22. O número 17 representava o PSL, partido ao qual o presidente estava filiado na disputa presidencial de 2018, e não existe mais. Ele deixou a legenda em 2019 e, no ano passado, se filiou ao PL, cuja representação é o número 22.
Conforme reportagem do UOL, o PL é o nono partido em que Bolsonaro se filia desde que iniciou sua vida política, em 1989. Até chegar ao Partido Liberal, o presidente passou pelo PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP, PSC e PSL.
Algumas dessas legendas já não existem mais porque se fundiram a outras, como é o caso do PSL que, em outubro de 2021, se juntou ao Democratas (antigo PFL) para criar o União Brasil. O registro de criação do novo partido foi aprovado pelo TSE em fevereiro deste ano.
Quando deixou o PSL, a intenção de Bolsonaro era criar uma nova legenda, denominada Aliança pelo Brasil. Contudo, a proposta não deu certo pois não teve a quantidade de assinaturas necessárias para que o processo de criação tivesse continuidade (Veja, Correio Braziliense, CNN, Folha). Ao ver seu projeto inviabilizado, o presidente se filiou ao PL.
No tuíte investigado, a autora diz desejar que ninguém opte pelo voto pró-reeleição do atual presidente e, ao disseminar o número incorreto, justifica que a possibilidade de escolha é “democracia”. Mas pesquisa recente encomendada pelo FSB/BTG apontou que 13% dos eleitores de Bolsonaro não sabiam o número de urna do presidente a pouco mais de 10 dias das eleições e conteúdos de desinformação, como o aqui investigado, podem desorientar o eleitor.
A intenção de confundir os potenciais eleitores de Bolsonaro é percebida e rebatida em alguns comentários, que alertam para possível cenário de confusão nas cabines de votação e possibilidade de posterior acusação de “fraude” nas eleições – já que não existe o registro 17 nas urnas.
A maioria dos comentários, no entanto, exalta a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Outros candidatos na disputa
De acordo com o site oficial do Tribunal Superior Eleitoral, além do candidato Jair Messias Bolsonaro (PL), há ainda outros 10 na disputa presidencial para as eleições de 2022. São eles:
- Ciro Gomes, do PDT (12);
- Constituinte Eymael, do DC (27);
- Felipe D’Avila, do Novo (30);
- Léo Péricles, do UP (80);
- Lula, do PT (13);
- Padre Kelmon, do PTB (14);
- Simone Tebet, do MDB (15);
- Sofia Manzano, do PCB (21);
- Soraya Thronicke, do União Brasil (44);
- Vera, do PSTU (16).
Em 2022, também haverá votação para os cargos de governador, senador, deputado federal, estadual ou distrital. Para não ter dúvidas na hora de digitar o número de seus candidatos, o eleitor pode levar uma “cola” com os dados anotados. Neste ano, não será possível levar o celular até a urna. Quem chegar à seção eleitoral com o aparelho, vai precisar deixá-lo com o mesário. Por isso, a alternativa é anotar os números dos concorrentes em um papel e levá-lo para eventual consulta. Na página do TSE, há a opção de imprimir um modelo para ser preenchido com os dados dos candidatos.
Por que investigamos: o Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizaram nas redes sociais sobre a pandemia, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. No conteúdo aqui investigado, a autora indica um número de urna diferente para Jair Bolsonaro, o que pode confundir os eleitores. No processo democrático, as pessoas têm o direito de fazer suas escolhas baseadas em informações corretas e confiáveis.
Outras checagens sobre o tema: às vésperas do primeiro turno, o tema eleições predomina em conteúdos de desinformação. O Comprova já demonstrou ser montagem post de suposta reportagem do G1 sobre Lula e Venezuela, que ônibus com adesivo “escolar” estavam autorizados a transportar apoiadores do PT, que vídeo mostra encontro de Bolsonaro com pastor, e não presidente da Coreia do Sul e que outro vídeo engana ao atribuir ao PT proibição de plantio de soja no Mato Grosso.
Em agosto, o Aos Fatos publicou uma matéria informando que o Twitter excluiu posts naquela ocasião que também indicavam o número incorreto de Bolsonaro na disputa deste ano. Na mesma época, a Folha fez matéria sobre o assunto.