O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), utilizou sua propaganda eleitoral veiculada em rede de televisão na quarta-feira (21) para atacar o seu principal adversário no pleito deste ano, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por meio da associação do petista ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a invasões de terras, em mensagem dirigida ao setor agropecuário, ao qual a campanha de Lula tem buscado aproximação. A peça foi transmitida um dia depois de o petista conceder entrevista ao Canal Rural, com foco nos produtores rurais.
"Antes, no governo Lula e Dilma, o MST fazia da terra motivo de invasão, briga e morte. Com Bolsonaro, a terra é motivo de vida, trabalho e orgulho", diz o narrador da peça publicitária, em meio a imagens de uma invasão do MST a propriedades produtoras de laranja. Em seguida, um agricultor afirma: "Agora vocês vão ver só quem ajuda o homem do campo".
O presidente vem recorrendo a citações ao MST e a ameaças de retorno das invasões de terra na tentativa de se fortalecer com os produtores rurais — importante base do seu eleitorado.
Depois do ataque ao PT, o programa eleitoral continua com menção a ações do governo e promessas de Bolsonaro para um eventual segundo mandato. "Muita gente nasceu no campo e a sua vida passou a ser essa, produzir alimentos tão necessários para todos nós. Nós concedemos mais de 400 mil títulos de propriedade. Desses, 80% para as mulheres", diz o candidato à reeleição, em aceno ao público feminino, que concentra um percentual maior de votos em Lula, conforme apontam as pesquisas de intenção de voto.
"Sem o PT e as enganações do MST, Bolsonaro deu mais títulos de terra do que Lula e Dilma juntos", emenda o narrador do programa eleitoral.
Na peça de marketing, Bolsonaro ainda promete dar títulos de terra para todos os assentados do país, em um eventual próximo governo, e aumentar o crédito para pequenos produtores comprarem sementes, equipamentos e tratores.
Canal Rural
Em entrevista ao Canal Rural, que também ouve outros candidatos à Presidência da República, Lula expôs, na terça-feira (20), suas propostas para a agropecuária brasileira. A participação de Lula na entrevista fez parte de uma estratégia da campanha de aproximar o petista dos ruralistas, que compõem a base sólida bolsonarista.
Lula disse que, em um eventual governo, tende a trabalhar alinhado à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
— Acho que a bancada ruralista é muito respeitada. É uma bancada grande. Terei de conversar com ela como converso com a bancada do PT ou a do PSDB, ou seja, não escolho ideologicamente as pessoas para conversar quando tenho um assunto para resolver. É assim que tem de agir um presidente da República — afirmou o ex-presidente.