Nelson D'Arrigo, candidato à prefeitura de Caxias do Sul pelo partido Patriota, orgulha-se de que a sua família é de direita. Inclusive, conta que decidiu concorrer depois de ser desafiado pelos filhos, que o ouviam sempre reclamar da política. Empresário, formado em Administração, com MBA em Gestão Imobiliária na Construção Civil, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), desafia os candidatos com carreira política, defendendo um estilo de gestão da iniciativa privada no governo municipal.
Leia mais
Conheça o plano de governo de Nelson D'Arrigo, candidato a prefeito de Caxias
10 temas para Nelson D'Arrigo, candidato a prefeito de Caxias do Sul
Ao relatar situações e momentos importantes da sua vida e da família, lembrou de uma história que lhe foi contada pelo pai. Enquanto Nelson pretende revolucionar a gestão pública por meio de conceitos da iniciativa privada, seu pai, Guido Mário D'Arrigo, pretendia conduzir a primeira empresa que teve baseada em conceitos políticos de organização da sociedade.
— Meu pai era um social democrata, como não existe mais. Quando ele criou a Acordeons Universal, entendia que os funcionários não deveriam ser só "funcionários". Ele quis socializar o capital da empresa com eles todos. Na época, a empresa tinha 77 contos de réis (moeda vigente na época) e ele tinha 44. O que ele fez, passou o capital para 177 contos e ficou ainda com os 44 para ele. Entre os funcionários ele deu 3% para um, 2% para outro, e assim por diante. Ele entendia que, se os funcionários dele fossem sócios do negócio, dariam o melhor para que a empresa crescesse e todo mundo ganhasse — recorda Nelson D'Arrigo, 62 anos, casado com Cristina Maria Luciano D'Arrigo, e pai de Daniel, 32, e Diego Giovanardi D'Arrigo, 27; e Bruna, 32, e Arthur Luciano Balbinot, 30; e avô de Cecília, três meses.
D'Arrigo continua com o relato que ouviu do próprio pai e que ele compartilhou ainda com seus irmãos.
— Na primeira reunião de sócios, demitiram meu pai, que tinha 20 anos na época. Depois dessa, é que meu pai foi montar a Intral. Aprendi com meus pais que colhemos o que plantamos. Apesar das últimas crises e, especialmente essa da pandemia, a Intral ainda está muito bem — argumenta.
Ao citar exemplos do pai, Guido e, da mãe, Nadyr Renée Toni D'Arrigo, Nelson emociona-se:
— Quando as pessoas falam dos meus pais, falam com um carinho que me emociona. Quero, quando as pessoas forem falar de mim, no futuro, que os meus filhos também se emocionem, que eles tenham orgulho de mim.
O empresário entende que a semeadura dos pais ainda frutifica, porque havia dedicação, amor e persistência em tudo que faziam.
— Se todos tivessem um pouquinho do seu Guido e da dona Renée, nós teríamos um outro país na mão — desabafa D'Arrigo.
PAIS EDUCAM, PROFESSORES ENSINAM
A dona Renée, como era mais conhecida a mãe do empresário, era professora na escola Presidente Vargas, onde estudaram todos da família. D'Arrigo conta que aprendeu a discernir que pais educam e professores ensinam, por conta da sua experiência da época em que era estudante.
— Essa é uma opinião pessoal, mas tu sabe por que estamos vendo a degradação do ensino? É porque a educação deve vir de casa, enquanto que o ensino, do colégio. Os pais estão entregando aos professores a educação dos filhos. Está errado. Os professores têm de ensinar e quem educa são os pais.
Para D'Arrigo, o contexto e o pleno ajuste dessa situação passa pela premissa que ele julga ser básica: "O teu direito vai até onde começa o meu".
— A professora não pode ser ofendida dentro da escola, como tem ocorrido hoje em dia. Vê se tu enxerga isso dentro de uma escola cívico-militar? Claro que não enxerga. Não se trata de dizer qual é o modelo melhor, mas quero que tu compreenda que os valores foram destruídos — defende.
CAXIAS CONSERVADORA
— D'Arrigo, o senhor acha que Caxias é uma cidade tradicional e conversadora ou liberal e progressista? — pergunto.
— Conservadora. Caxias é uma cidade conservadora, ela não é "libertina". O que enxergo hoje, é uma juventude precisando extravasar, mas, muitas vezes, faz da maneira errada. Precisamos trabalhar em cima das necessidades da juventude, mas de uma forma que valorize o ser humano. E, não, uma forma que valorize um culto da libertinagem.
— O senhor pode explicar um pouco melhor o que está querendo dizer? — questiono.
— Certo é tudo aquilo que tu faz beneficiando muitos em detrimento de poucos. Errado é o que tu faz para poucos em detrimento de muitos. Se a opinião pública é conservadora, então respeite-se os conservadores. Agora, se ela for libertina, respeite-se. O que vemos hoje, no entanto, é que as minorias têm mais voz do que a maioria.
ENTRADA NA POLÍTICA
O interesse de D'Arrigo por entrar na política partidária começou em julho de 2019. Depois de avaliar diversas possibilidades e propostas, por ser eleitor de Jair Bolsonaro, decidiu ser um dos que trabalhou pela obtenção de assinaturas para a criação do partido Aliança pelo Brasil, o partido que o presidente pretende fundar. Mas o pontapé foi realmente, em casa, em um almoço de família, em que, depois de ouvirem o pai reclamar da situação de Caxias do Sul, os filhos o desafiaram a concorrer à prefeitura.
— Tenho um outro exemplo em família. Temos uma empresa, em São Paulo, que só dava prejuízo e eu reclamando. Meus irmãos disseram: "já que tu é o cara que sabe tudo, vai lá e faz". O pior é que eu fui lá e fiz. Quando cheguei lá, em 2010, a empresa faturava R$ 1 milhão, R$ 1,5 milhão, ao mês, e quando saí de lá, cinco anos depois, estava faturando R$ 7 milhões por mês.
GESTÃO PÚBLICA
Além de empresário, D'Arrigo é reconhecido por ter sido presidente da S.E.R Caxias em 2000, quando o clube foi campeão gaúcho, derrotando o Grêmio de Ronaldinho Gaúcho e companhia.
— O problema do futebol e da política é o ego. Nos dois lados tu enxerga pessoas sem capacidade nenhuma, reivindicando cargos que não têm capacidade para assumir. Lá no Caxias conseguimos acabar com isso.
— Qual experiência o senhor traz desse momento para uma possível gestão da prefeitura?
— Gestão é gestão, não importa se no poder público, na iniciativa privada ou em um clube de futebol. Sabe qual é a diferença fundamental entre o Caxias e a prefeitura? O Caxias é um time pobre e, o município, é um dos mais ricos do Brasil. O orçamento da prefeitura é de R$ 2,4 bilhões. Já imaginou se eu tivesse R$ 2,4 bi para o orçamento do Caxias? Faríamos um time melhor do que o Bayern de Munique (clube alemão, vencedor da Copa dos Campeões da Europa, em 2020) — provoca.
Apesar de encarar o desafio na política, entendo o contexto de que há muitos eleitores desacreditados e desconfiados, D'Arrigo gosta de frisar:
— Graças a Deus, não dependo da política para viver.