O presidente do MDB de Caxias do Sul, vereador Paulo Périco prepara a eleição da Executiva municipal para o final do mês. Um novo presidente terá a tarefa de conduzir a sigla na tentativa de retomar o comando da prefeitura – que esteve com a sigla pela última vez entre 2005 e 2012, com José Ivo Sartori (entre 2013 e 2016, MDB foi vice do PDT).
Antes de concluir o período na presidência do partido, Périco analisa o cenário eleitoral para 2020. Diz também que a sigla quer recuperar o protagonismo com um candidato à prefeitura. Ele ainda dá nota 1 para o Governo Daniel Guerra. Confira.
Pioneiro: O MDB terá candidato a prefeito ou a vice à prefeitura de Caxias do Sul?
Paulo Périco: Nossa preocupação é com a convenção do partido, depois vamos começar a elaborar um plano de governo, e, a partir daí, começar a pensar a eleição para o ano que vem. Nosso objetivo é ter o cabeça de chapa, ser o protagonista na eleição e ter candidato para a campanha de 2020.
Como recuperar o protagonismo da sigla na cidade?
Temos uma história em Caxias e os governos do MDB foram muitos propositivos para a cidade, um governo de diálogo e aberto com a comunidade. Agora, chegou o momento de o MDB voltar a ter candidato cabeça de chapa.
Em 2008, o MDB concorreu à prefeitura de Caxias com uma coligação formada por 14 partidos. O partido cogita formar uma ampla aliança para a próxima disputa?
Em princípio, não. Hoje o partido está bem mais maduro. Teremos a menor coligação possível. O tempo faz a gente repensar o que acertou e errou. No momento político de hoje, as grandes coligações não são mais propositivas. Elas confundem o eleitor. Hoje acreditamos que não podemos ter tantos partidos coligados. Vamos construir alianças com a população. Não cabe mais uma aliança com 10, 12 partidos.
O MDB pretende reeditar a parceria com o PDT?
Todos os partidos estão de portas abertas para conversarem conosco. E sabemos que todos os partidos nos abrem as portas. Vamos começar a construção entre o final do ano e o início do próximo. Quanto ao PDT e outros partidos, vamos conversar mais à frente. Temos o maior respeito pelo PDT, mas não é o momento dessa construção.
Qual a leitura que o partido está fazendo do cenário eleitoral?
Hoje, acredito que teremos vários candidatos a prefeito. Não quer dizer que no ano que vem vai se concretizar. Percebo também que o prefeito (Daniel) Guerra não vá para a reeleição. Acredito que vamos ter no mínimo cinco candidatos.
O senhor acredita em novas candidaturas de oposição, como a de Adiló Didomenico, por exemplo?
Eu acredito que o prefeito Daniel Guerra não saia como candidato e todas as candidaturas não serão de oposição. Se o prefeito vai tentar reeleição, todos os outros candidatos serão uma força de oposição, como o próprio Adiló já se lançou como candidato a prefeito.
O MDB pode ter aproximação com o PSL a nível local?
Nós tivemos um excelente relacionamento com o PSL na eleição do ano passado. Eu me reuni duas vezes com a Executiva do PSL em Caxias e trabalhamos em conjunto naquela grande carreata do Bolsonaro. Nós respeitamos muito o PSL. O MDB está aberto para conversar com todos os partidos para construir ideais e ter plano de governo para reconstruir a cidade.
Com qual partido o MDB não conversa sobre aliança?
É muito difícil com o partido do prefeito Daniel Guerra, o PRB, e com o PR que está coligado. Nós não queremos nenhuma coligação com quem está governando a cidade. O histórico no Rio Grande do Sul e em Caxias nos coloca fora da linha de um apoio ao PT, mas sem ofensas. São mais por questões filosóficas e estilo de trabalho.
Qual sua nota para o Governo Guerra?
(Silêncio) Existe nota para dar para ele? A minha nota acho que seria 1.
Mas a administração reduziu o número de CCs...
A questão dos CCs é muito discutível. Não são os CCs que comprometem o orçamento do município. Esse foi o discurso do prefeito, mas não é o CC. Diminuição de CCs cabe a qualquer prefeito colocar quantos ele puder até onde a lei permite. Ele também pode repetir um CC em dois cargos. O grande problema é quando transforma cargo em comissão em um loteamento de uma administração. Se você faz uma coligação com partidos políticos, é óbvio que alguma sobra de CCs vai ter que dar para os partidos. Infelizmente, essa sempre foi a negociação no Brasil e sou extremamente contra. No governo anterior (do prefeito Alceu Barbosa Velho, do PDT), tivemos muitos presidentes de partidos pequenos com CCs que não tinham a mínima competência para estarem na área em que foram colocados e gerou uma forte oposição do servidor público, da população, contra esse equívoco que existiu em Caxias. Não é o número, mas, sim, a qualidade.
Os diálogos vazados entre procuradores da Operação Lava-Jato e o ex-juiz Sergio Moro não comprometem o devido processo legal?
O advogado conversa com o juiz, o advogado procura o promotor e conversa sobre o processo. Juízes conversam entre si, promotores conversam entre si, dependendo da complexidade do processo. Se eles estavam no comando da Lava-Jato, sinceramente, não seria normal que eles conversassem? Se eles não conversam como podem fazer um trabalho em conjunto? Não sei até que ponto essa conversa é ilegal. Gostaria que o Intercept interceptasse conversas do Lula, da Gleisi Hoffman, do (Fernando) Haddad, do José Dirceu ou do Gilmar Mendes com outros políticos. O governo Bolsonaro não tem que se abalar por esse fato. Se o Moro sair do governo será muito ruim para o Brasil.
O senhor se sente confortável com o desempenho e com as declarações do presidente Jair Bolsonaro?
Nós já sabíamos que o presidente Jair Bolsonaro tinha esse perfil. Se ele pudesse ficar calado por uns dois meses seria maravilhoso. Ele não pode falar da forma que sempre falou antes como deputado e candidato agora como presidente. Ele teria que saber medir mais as suas colocações. Isso, infelizmente, reflete dentro do seu governo, desestabiliza sua administração. O MDB está apoiando as reformas necessárias para o Brasil.