A votação sobre o parecer de arquivamento do chamado caso do "corretivo", envolvendo o vereador licenciado Chico Guerra (PRB) — irmão do prefeito Daniel Guerra (PRB) e atual chefe de gabinete — foi adiada para a próxima semana. Embora as discussões tenham avançado na sessão desta quinta-feira (18), parlamentares votaram a favor do pedido de adiamento de autoria de Paulo Périco (MDB), que alegou a necessidade de posicionamento de vereadores ausentes no plenário.
Não compareceram à sessão os parlamentares Edson da Rosa (MDB), Gladis Frizzo (MDB) e Paula Ioris (PSDB).
— Você está aqui (na Câmara), tem de ter posição, senão vá embora — disparou Périco fora do microfone após justificar o pedido no plenário.
Como esperado, o debate que antecedeu a decisão de protelar a votação foi bastante intenso. Presidente da Comissão de Ética na reunião que votou pelo arquivamento do caso, o vereador Rodrigo Beltrão (PT) reiterou posicionamento contrário à decisão.
Além das já esperadas manifestações favoráveis ao arquivamento — e, consequentemente, absolvição de Chico Guerra (PRB) — dos vereadores Edi Carlos (PSB), Elisandro Fiuza (PRB) e Renato Nunes (PR), que votaram favoráveis ao arquivamento na Comissão de Ética, chamou a atenção o posicionamento convergente à base do governo por parte de Elói Frizzo (PSB). O socialista defendeu a imunidade parlamentar e alegou que as declarações de Chico Guerra teriam sido uma reação ao "calor do momento" da ocasião. Arlindo Bandeira (PP) também abriu o voto a favor de Chico.
O caso
O processo é resultante das ameaças feitas ao presidente do bairro Cânyon, Marciano Corrêa da Silva, em conversas com o ex-coordenador de Relações Comunitárias Rafael Bado, divulgadas na Câmara pelo vereador Rafael Bueno (PDT). O irmão do prefeito falava em aplicar um "corretivo" no líder comunitário e colocá-lo na "lista negra" do governo.
A Comissão de Ética foi favorável a Chico, com os votos de Edi Carlos e dos governistas Renato Nunes (PR) e Elisandro Fiuza (PRB). O presidente da comissão, Rodrigo Beltrão (PT), e Velocino Uez (PDT) defendiam a suspensão por 60 dias.
Se o arquivamento for derrubado, significa que o plenário entende que a denúncia é procedente. Assim, o caso volta para a Comissão de Ética que, necessariamente, deverá decidir por uma penalidade (suspensão, censura escrita ou cassação). Se for pela suspensão, a pena será aplicada quando ele reassumir o mandato nesta legislatura. Caso ele não retorne, não há como aplicar a sanção, que ficará registrada na Casa. De qualquer forma, será um desgaste político para o Governo Daniel Guerra.