Os dois únicos vereadores da base do Governo Daniel Guerra (PRB), Elisandro Fiuza (PRB) e o suplente Renato Nunes (PR), estão em pé de guerra. As desavenças intensificaram-se na semana passada e podem provocar mudança no cargo de líder de governo. Fiuza, o atual líder, deverá entregar a função a Nunes. Publicamente, eles negam as divergências. Segundo colegas da dupla e pessoas ligadas à administração municipal, Nunes pediu o apoio de Fiuza para ser presidente da Comissão de Ética do Legislativo, mas teve a solicitação negada. Ele ainda teria proposto apoio para que o próprio Fiuza fosse o presidente da comissão, porém o líder do governo não acolheu a sugestão.
A obsessão de Nunes para eleger um dos vereadores da base como presidente da Comissão de Ética era para tentar barrar a apuração do famoso caso do "corretivo", de ameaça do vereador licenciado e atual chefe de Gabinete, Chico Guerra (PRB), contra o presidente da Associação de Moradores do Bairro (Amob) Cânyon, Marciano Corrêa da Silva. Em troca de mensagens entre Chico e o ex-coordenador de Relações Comunitárias da administração municipal, Rafael Bado, Chico, justificando ordem do prefeito, sugeriu que as demandas do líder comunitário não fossem atendidas como forma de dar a ele o "corretivo".
A falta de apoio de Fiuza a Chico é uma retaliação ao prefeito Daniel Guerra. Segundo uma fonte, Fiuza teve o pedido de nomeação de cargos em comissão (CCs) indicados por ele negados pelo chefe de Executivo. Descontente, o líder do governo tem se ausentado das sessões ordinárias quando há votações de vetos do prefeito. Na sessão de terça-feira, o mal-estar ficou mais evidente após Fiúza ter votado contra o veto total de Guerra ao projeto de denominação de área pública do bairro Desvio Rizzo com o nome do agricultor Jorge Marco Dani.
Liderança do governo A troca do líder de governo na Câmara deve ocorrer porque o prefeito teria ficado irritado com algumas agendas públicas de Fiuza, como a reunião com a ex-presidente da PDT e presidente da Associação de Moradores do loteamento Portinari, Maria Aparecida Stecca, falecida em maio. Além disso, o perfil conciliador e de diálogo de Fiuza com vereadores da oposição também soma-se ao mal-estar.
Guerra prefere Nunes como líder de governo devido ao perfil de enfrentamento com a oposição no plenário da Câmara. Outra situação que evidencia o desprestígio e o desentendimento entre Fiuza, Guerra e o novo presidente do PRB, Júlio César Freitas da Rosa, é a ausência do vereador e atual líder da Executiva municipal.
– O Fiuza é líder de governo e do mesmo partido do prefeito, mas não foi citado na entrega da última UBS (Cristo Redentor), na sexta-feira (14) – anota uma fonte próxima ao Governo Guerra.
O que dizem os vereadores:
"De minha parte não há “mal-estar” algum. Quanto a ser ou não líder do governo, entendo como uma decisão do Executivo e compete a mim ou qualquer outro designado para tal desempenhar quando solicitado. Não visualizo desprestígio por parte da Executiva, estou muito convicto do meu trabalho e lutando para melhorar cada vez mais. O único prestígio que busco é o de atender a nossa comunidade de Caxias da melhor forma possível. Meus votos e posicionamentos são sempre buscando atender à população e aos interesses da coletividade. Nesse caso específico deste último veto (denominação para área pública no bairro Desvio Rizzo), o qual votei contrariamente (à decisão do prefeito), justifico conforme inciso XIII, Art. 61 da LOM (Compete à Câmara Municipal, com a sanção do Prefeito, dispor sobre todas as matérias de competência do Município e, especialmente: XIII – autorizar a denominação de próprios, vias e logradouros públicos e sua alteração) e por entender que foram atendidas todas as etapas procedimentais deste projeto. Ademais, tenho muito em comum com nosso prefeito, sempre defendendo aquilo que, após criteriosa análise, entendo ser positivo para a população, sem me balizar por “cabrestos partidários” ou de qualquer outro viés que não seja o puro interesse público. Estou vereador para representar as pessoas do bem de nossa cidade e, por isso, é sempre a elas a quem me dirijo, me aconselho e busco ajudar da melhor e mais efetiva forma possível."
Elisandro Fiuza (PRB), atual líder do governo
"Não tenho problema nenhum com o vereador Fiuza. Ele é o líder do governo. Eu não tenho nenhum interesse em ser o líder do governo. Acho que ele tem um perfil bem mais adequado para essa posição porque é mais calmo. Eu era presidente da Comissão de Ética, fui para o Executivo e ficou o Tibiriçá (Maineri como presidente). Agora voltei e acredito que seria justo ficar conosco a Comissão de Ética. Eu sempre fui isento na condição de presidente. E quem faz os trabalhos são os vereadores eleitos para compor a subcomissão. Eu realmente gostaria de continuar como presidente da Comissão de Ética ou então que fosse ele, mas ele não quis. Ele declarou apoio ao vereador Rodrigo Beltrão (eleito presidente da comissão) e eu também acabei votando no Beltrão. Todo vereador tem direito de votar a favor ou contra, se retirar do plenário. O vereador Elisandro foi eleito e vai agir conforme ele quiser. Eu nunca vou interferir. O parlamentar tem que ter a liberdade para votar como ele pensa. Eu confesso que às vezes acho meio estranho. O cara é líder de governo e se retira do plenário para não votar."
Renato Nunes (PR), vereador
Leia também
MP sugere mobilização de associados lesados em desvios supostamente praticados por vereador de Farroupilha
Operação sequestra bens de vereador suspeito de desviar R$ 1,1 milhão em Farroupilha
Câmara de Vereadores de Caxias promulga lei voltada aos idosos
Críticas de ex-candidato à UAB, em Caxias, revoltam vereadores
Ex-prefeito de Caxias chama Daniel Guerra de mentiroso