O ex-vice-prefeito Antonio Feldmann, na gestão do ex-prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT), atualmente está sem partido. Depois de deixar o MDB, ingressou no PSD, onde ficou por pouco tempo. Atualmente, está sem partido. Feldmann acalenta o sonho de participar da eleição municipal de 2020. Para isso, precisa se filiar a uma nova sigla.
- Estou me programando para, em breve, escolher um partido para estar de alguma forma presente na eleição do ano que vem - diz Feldmann.
A alternativa mais cogitada é o Podemos, dos senadores Alvaro Dias e Lasier Martins.
Confira os principais trechos da entrevista:
Pioneiro: O senhor está afastado da política partidária. Sente falta?
Antonio Feldmann: Sim. Eu estava em vias de deixar a política, mas comecei a repensar após muitas manifestações de pessoas pedindo para eu não deixar política. Às vezes a gente tem frustrações por resultados eleitorais negativos, mas a gente acredita que ainda tem espaço e a política precisa do meu trabalho pelo que já fiz e pela minha trajetória. Isso estimula a gente para não deixar tudo para trás. Estou me programando para estar em breve escolhendo um partido para estar de alguma forma presente na eleição do ano que vem.
Teu próximo partido deverá abrir as portas para uma candidatura a prefeito ou vereador?
Sempre trabalhei dentro dos partidos, sempre tive uma função de construir programas de governo. O que me estimula neste momento é entrar em uma partido e construir um projeto para Caxias, qual é o futuro de Caxias. Acho que a eleição do próximo ano não deveria ser uma tira-teima ou momento de vingança ou embate de quem estava no passado com quem está agora. Isso seria muito pequeno para uma cidade como Caxias do Sul. Temos que ampliar nossos horizontes. O mundo mudou, a política mudou, e quem não tiver capacidade de entender isso vai ficar para trás. O que me estimula hoje é entrar em um partido, fazer uma carta de princípios e elaborar um programa mínimo para ter um esboço de qual a Caxias queremos para o futuro. Os partidos tradicionais não aprenderam com os últimos resultados.
O senhor recebeu convite para ingressar no Podemos, mas o partido não tem estrutura na cidade. É mais difícil colocar a tua candidatura na rua por essa sigla?
Acho que não. Olha o que aconteceu em Caxias e no Brasil. O presidente (Jair) Bolsonaro escolheu seu partido nas vésperas da eleição, um partido sem expressão. Em Caxias, o prefeito (Daniel) Guerra pertencia a um partido tradicional, foi expulso desse partido e pegou um partido que não tinha estrutura grande e se elegeu prefeito. Hoje, tem outras maneiras de ter estrutura e de envolver a comunidade e de apoiadores. Tem pessoas que são de movimentos sociais e comunitários e que não tem envolvimento político, não vão ser militantes partidários, mas de uma causa.
Qual seu futuro próximo?
O senador Álvaro Dias (Podemos-PR) me ligou várias vezes e conversou comigo dizendo que gostaria que eu entrasse no Podemos para ajudar a construir o partido em Caxias, na região e no Rio Grande do Sul. O Podemos é um partido que me agrada porque não é extremista radical. Não quero entrar em um partido que tenham pessoas que se posicionem de forma radical. A sensatez e o equilíbrio são cada vez mais necessários nos tempos de hoje na política. Eu quero um partido para defender o que defendi minha vida inteira, defender a diversidade, construir a unidade na diversidade, sem precisar desqualificar ninguém ou achar que o que vale é aquilo que penso e o que os outros pensam está errado. Isso está destruindo a política e é por isso que as pessoas não acreditam mais. Tenho convite de outros três, quatro partidos, mas não devo demorar muito e até o final de junho vou tomar essa decisão.
Seu nome estará nas urnas na próxima eleição?
Isso não depende só da gente. Teve duas oportunidades que eu queria e não me foi dada a oportunidade. Quando era vice-prefeito eu queria ser deputado federal e a Justiça me impediu de concorrer porque ela me obrigou a assumir a prefeitura no período de inexigibilidade. E na última (eleição) eu queria ser candidato a prefeito e o partido (MDB) me negou aquele momento. Dependendo da minha vontade, gostaria de participar e estar presente na disputa do próximo ano. Eu assumi a prefeitura de Caxias em nove oportunidades e fui prefeito por 76 dias e é claro que gostaria de me apresentar como candidato. Tenho ideias e projetos para apresentar.
Como analisa o cenário eleitoral caxiense para 2020?
Os partidos tradicionais vão ter muitas dificuldades porque ou estão com nomes que não tem uma amplitude eleitoral ou porque têm divisões históricas ou porque estão perdendo apoiadores para partidos que estão surgindo. Partidos pequenos podem ter nomes emergentes que tenham mais competitividade do que partidos tradicionais.
Tem algum arrependimento por ter deixado o MDB?
Não, não, até porque foi uma posição muito madura que tomei. Foi uma posição por sobrevivência política no sentido de ter oportunidade de participar de eleição. O MDB já tinha seus dois candidatos, um a estadual e outro a federal, e houve movimentos para me tirar da disputa e tentar me convencer a ficar no partido. Não tinha mais o que fazer dentro do partido. Achava que tinha que concorrer, e foi questão de sobrevivência política. E ninguém chegou e me disse que eu era importante para o partido.
O vereador Kiko Girardi já criticou já sua passagem pelo PSD. Alguma frustração por ter se filiado no partido?
Frustração nenhuma. Eu agradeço a oportunidade que o PSD me deu, mas os três líderes maiores que me convidaram saíram do partido e não tinha como ficar. Eu nunca tive nenhuma aproximação com a ala do deputado Danrlei (presidente estadual do PSD). Se não fossem os 5.600 votos que eu fiz na eleição do ano passado, o PSD não teria eleito nenhum deputado federal. Então eu ajudei a eleger o Danrlei. Sem os meus votos hoje ele estaria sem mandato.
Qual avaliação sobre o Governo Guerra?
Eu não faço avaliação de pessoas. Ele entrou com uma ideia diferenciada e se apresentou com uma ideia de governar. É um governo com muitos defeitos, muitos equívocos, muito fechado em si e não busca levar Caxias a um processo de liderança regional ou estadual, e isso é uma pena. Agora tem coisas positivas e adequadas ao momento, como por exemplo a redução números de cargos de confiança e dar espaço para pessoas fora da política. Eu lamento que seja um governo estreito, fechado e que não busca construir uma ideia com a comunidade e as pessoas que pensam diferente. Governar não é fazer as coisas com as pessoas iguais a ti. Se faz um governo assim, faz um governo pequeno e com possibilidade de sucesso muito pequeno.
E sobre o Governo Bolsonaro?
É um governo que está começando e não tem como fazer uma avaliação mais ampla. É um governo com uma série de equívocos iniciais, como todo governo tem. Eu lembro que nos dois primeiros anos do Governo Sartori como prefeito, se fosse pelas manifestações das ruas, ele teria que ter trocado todo o secretariado dele e tinha um índice de popularidade baixíssimo, e as pessoas diziam que estavam arrependidas e decepcionadas de ter votado nele. É um governo que está sucedendo 14 anos de governos do PT e que para se justificar ele levanta bandeiras bem ao contrário de combate àquilo que havia sido feito até agora. Agora um governo de direita radical vai levar as pessoas a pensarem que realmente não tem solução que não seja pelo equilíbrio e pelo centro. Partidos que vão se estabelecer no centro, centro-esquerda e centro-direita e não nos extremos vão ter mais sucesso eleitoral a partir da próxima eleição.