O apoio do PR ao governador do Estado José Ivo Sartori (MDB) para a disputa à reeleição deixa o vereador Renato Nunes, presidente do partido na cidade, em situação constrangedora em relação aos seus eleitores. Crítico ferrenho das administrações municipais que tiveram Sartori e Alceu Barbosa Velho (PDT) como prefeito, ele costuma revidar cobranças feitas ao prefeito Daniel Guerra (PRB), dizendo que “não fizeram em 12 anos”.
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Foi Sartori quem liderou a aliança que durou 12 anos. Nunes integrou o grupo no segundo mandato de Sartori na prefeitura.
Nesta terça-feira, na sessão da Câmara de Vereadores, falou sobre a decisão partidária. Não teve alternativa, precisou admitir o apoio:
— Missão dada é missão cumprida — disse.
Nunes já mudou o tom:
— Quantas dificuldades nós temos no Estado? Quantas ações que o governador teve que implementar que não foram aquelas ações simpáticas, populares, populistas? Por exemplo, parcelamento de salário, falta de repasse do Estado para os municípios, principalmente na área da saúde. Qual é o governador que vai gostar de parcelar o salário?
Ele não deixou de defender Daniel Guerra – afinal, é a ele que deve a cadeira na Câmara, e o eleitorado de ambos tem o mesmo perfil. Disse que há uma cobrança desproporcional ao governo municipal. Nunes concorre a deputado federal coligado com o PSB, Patriota e Democracia Cristã.
Defesa
O desfecho do vereador veio bem na linha que o MDB quer:
– No Rio Grande do Sul, nós nunca reelegemos um governador. A gente vê que outros Estados que reelegeram governador estão bem mais à frente, porque, se é difícil colocar um município em ordem em quatro anos, fazer todo o projeto, que se precisa fazer em quatro anos, imagina o Estado.
:: A propósito: se missão dada é missão cumprida, vale para o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB)? O PR apoia o tucano em âmbito federal.Nunes é apoiador declarado de Bolsonaro, até levou presentes ao presidenciável em sua vinda a Caxias.