Após a votação que decidiu pelo acolhimento do pedido de impeachment do prefeito de Caxias do Sul, Daniel Guerra (PRB), um grupo de advogados se debruçou sobre a denúncia protocolada no Legislativo assinada por 29 pessoas. O objetivo foi verificar se houve o cumprimento do rito legal da sessão ordinária, da votação do pedido de impeachment e da eleição da comissão. Nesta quinta e sexta-feira, será a vez do núcleo político de Guerra se reunir para definir as estratégias que serão adotadas para enfrentar o período de discussão do impeachment.
Na quarta-feira, o presidente do PRB caxiense, Heron Fagundes, dedicou-se a ouvir as lideranças da base do governo e simpatizantes da administração sobre como estão interpretando o processo de impedimento de Guerra. Na avaliação de Heron, a terceira denúncia de impeachment foi mais trabalhada do que as duas anteriores, mas ressalta a fragilidade da peça.
Com a denúncia protocolada na tarde de terça-feira e a votação na quarta, Heron diz que não houve tempo suficiente para a mobilização de apoio ao prefeito e que muitos simpatizantes não acreditavam que o pedido pudesse ser aprovado. Segundo ele, a proximidade das festas de final de ano e das férias deixaram as pessoas desconectadas com a política do município.
– Muitos disseram que era mais um pedido que não iria dar em nada. O processo foi banalizado e gerou um descrédito. Passado esse processo de impeachment, virão outros mais. Tem que dar atenção para cada pedido – reforça Heron.
O presidente do PRB garante que haverá mobilização no momento necessário e diz que nas redes sociais já iniciaram as primeiras manifestações de apoio a Guerra.
– Existe um movimento que está nascendo para apoiar o prefeito neste momento de impeachment e vai crescer. As pessoas não querem o retorno da oposição. No começo do ano que vem, haverá uma mobilização com maior força para que o pedido seja arquivado.
ENTREVISTA: JÚLIO CÉSAR FREITAS DA ROSA, CHEFE DE GABINETE
Qual a estratégia que o governo vai adotar para esse período da discussão do impeachment?
Não tem nenhum sentido para que a administração modifique a agenda, o ritmo, as ações que estão previstas. Esse é um processo que tem que ser analisado na Câmara de Vereadores. Quem fizer a defesa do prefeito vai analisar se cabe algum recurso na Justiça. O prefeito já determinou para os secretários que não é para ninguém da administração tirar o foco das coisas urgentes que estamos fazendo em Caxias. A estratégia é uma conversa restrita entre o prefeito e seus advogados. Esse assunto não pauta a administração.
Como convencer a população de que não há motivo para o impeachment?
Desde o dia 1º de janeiro, o prefeito tem pautado sua administração na legalidade. Juridicamente, estamos muito tranquilos, porque não foi cometida nenhuma ilegalidade ou irregularidade. Temos que deixar a população tranquila e ciente disso. Também sabemos o julgamento é um processo político, e é isso que a população tem que ficar atenta. O único crime desse governo foi não ter feito negociatas ou se corromper.
Haverá novas mobilizações de apoio ao prefeito?
Se houver um movimento espontâneo, o prefeito vai agradecer. Mas a gente tem bem claro que esse processo será analisado a toque de caixa na Câmara, foi votado no dia seguinte do protocolo. Qualquer manifestação espontânea da população fica prejudicada no período de férias. Se a Câmara fizer um juízo imparcial temos certeza de que esse processo será finalizado. Se o julgamento for para o campo político, não temos como imaginar o que pode acontecer.