Além do controle de gastos com cargos em comissão (CCs) da administração direta e indireta de Caxias do Sul, chamou a atenção neste primeiro ano do governo Daniel Guerra o desembarque de nomes do primeiro escalão. Dos 24 secretários que tomaram posse no dia 1º de janeiro, 11 já deixaram o cargo. A complexidade da pasta da Saúde já levou dois secretários: Darcy Ribeiro Pinto Filho e Fernando Vivian. Também saíram Tatiane Zambelli da Habitação, Márcia Rorh do Esporte e Lazer, Vania Espeiorin da Secretaria de Governo e Coordenadoria de Comunicação, Adriana Antunes da Cultura e Leonardo da Rocha de Souza da Procuradoria-Geral.
Na semana passada, mais três saíram: José Alfredo Duarte Filho, de Gestão e Finanças; José Francisco Mallmann, da Segurança Pública; e Carlos Heinen, do Desenvolvimento Econômico. Guerra ainda fez mudança no Samae e retirou Gerson Panarotto, que é funcionário de carreira, da presidência.
A secretária de Recursos Humanos e Logística, Vangelisa Lorandi, ressalta que os CCs devem apresentar resultado, do contrário, podem ser exonerados:
– Todos os CCs precisam ter resultado, como uma empresa. Se a pessoa não atingir metas ou teve um problema comportamental, será substituída.
Apesar da rotatividade, Vangelisa diz que as mudanças não atrapalham, pois existe planejamento estratégico e nenhum gestor está dependente do trabalho de outro CC.
– É difícil a rotatividade atrapalhar, talvez pode protelar por algum tempo o resultado. Os servidores dizem que agora tem CC que sabe no que está trabalhando.
Cargos com relações familiares
O governo municipal tem pelo menos seis casos de CCs com relações familiares ou com o prefeito Daniel Guerra, ou com seu irmão, o vereador Chico Guerra (PRB) ou de marido e mulher que trabalham na administração direta e indireta. Os casos soam contraditórios com uma frase dita por Guerra após vencer a eleição: "o prefeito Guerra não contrata amigos".
Guerra nomeou para o cargo de diretora executiva no Gabinete do Prefeito Patrícia Ferreira. A maquiadora é ex-mulher de um de seus irmãos e mãe de um de seus sobrinhos. Patrícia é CC8 e recebe salário de R$ 6.400,63.
Outro CC8 que tem relação íntima com a família Guerra é o coordenador de governo e fotógrafo, Petter Kunrath. A mulher de Petter é irmã da mulher do vereador Chico Guerra.
Ainda há dois casais que trabalham no governo. Gustavo Felippi, ex-assessor de Guerra na Câmara e fotógrafo da campanha eleitoral, é assessor de gabinete no Samae (CC7) e sua mulher Marcelly Felippi é diretora de Bem-Estar Animal (CC7) na Secretaria do Meio Ambiente. Marcelly é irmã de uma cunhada de Guerra. Cada um recebe salário de R$ 4.002,06. A secretária de Recursos Humanos Vangelisa Lorandi tem o marido Fabrício Lorandi como diretor comercial da Festa da Uva.
Vangelisa sustenta que não está configurado nenhum ato de nepotismo. Nepotismo, conforme a Controladoria Geral da União, é a nomeação de familiar, "entendido como familiar o cônjuge, o companheiro ou o parente em linha reta ou colateral, por consanguinidade ou afinidade, até o terceiro grau". Ela garante que todas as contratações tiveram o aval da Procuradoria-Geral do Município e foram analisadas na esfera política.
– A relação profissional não tem nada a ver com a relação pessoal. Essas pessoas estão dentro do governo porque têm capacidade técnica. Não existe nenhum sinal de nepotismo.
No seu caso particular, Vangelisa esclarece que o marido teve o nome aprovado pelo conselho de administração da Festa da Uva.
– Em nenhum momento eu assino (a portaria) dando a nomeação para ele porque a (Festa da Uva) SA não tem nada a ver com a administração direta – sustenta Vangelisa.
Na ferramenta abaixo, veja quem são, quantos são, quanto ganham e quais funções exercem os cargos em comissão do governo de Daniel Guerra. Para acessar, basta clicar na imagem abaixo: