A relação entre Edson Néspolo e Vinicius Ribeiro, respectivamente, padrinho e afiliado político, está estremecida desde o segundo turno da eleição a prefeito de Caxias do Sul no ano passado. Vinicius foi coordenador de campanha de Néspolo à prefeitura. As divergências entre os dois têm aumentado com a aproximação da definição do número de candidatos a deputado estadual. O último episódio de acirramento ocorreu na reunião da Executiva municipal do PDT, na segunda-feira.
Néspolo e Vinicius são os protagonistas da disputa por uma vaga à Assembleia pelo PDT. Concorrem como coadjuvantes Gustavo Toigo, Miguel Grazziotin e Rafael Bueno. Ou seja, são cinco postulantes. Apesar das próximas reuniões entre vereadores e suplentes, dificilmente haverá consenso entre um nome para concorrer à Assembleia.
Ex-deputado estadual, Vinicius reconhece que o ideal é que o partido colocasse na rua apenas uma candidatura, mas ressalva que talvez a sigla tenha que trabalhar com o possível, e não com o ideal, admitindo a possibilidade de duas candidaturas à Assembleia. Ele deixa claro que o número de candidatos será definido na convenção estadual, a ser realizada no ano que vem.
– Eu sou candidato natural. A minha disputa não é contra A e B. A minha disputa é contra a insegurança pública, as filas da saúde, contra os privilégios, contra o desemprego e a falta da qualidade de vida. Estou mais preocupado em atender às pessoas e às necessidades, e não aos votos dos eleitores.
Sem dar mais detalhes, Vinicius afirmou que tinha a promessa de apoio a sua candidatura a deputado estadual. Para ele, as disputas partidárias ocupam o tempo que deveria ser usado para resolver os problemas dos eleitores.
– Tenho trabalhado para não perder a sensibilidade em relação ao cidadão que precisa muito do nosso trabalho e não se sente representado por nós. Está na hora de a gente praticar o que prega. Prometeram que iriam me apoiar, e a palavra na política não é como biruta, que vira conforme o vento.
Vinicius negou que haja qualquer acirramento entre ele e Néspolo.
– Não há disputa entre A e B.
Néspolo também nega qualquer problema de relacionamento com Vinicius e minimiza que cada um tem um ponto de vista sobre a disputa à Assembleia.
– A forma dele é de defesa contundente, e a minha é igual. Tenho muito carinho pelo Vini. Trabalhou comigo, temos uma relação legal, e quero preservar isso.
O ex-candidato a prefeito de Caxias ressalta que há muito tempo tem defendido a renovação na política. Ele cita dois exemplos para essa atualização: um candidato deve concorrer apenas duas vezes para cada cargo (o que já ocorreu com Vinicius para a Assembleia) e é contra a reeleição a prefeito.
– É um principio de vida. Mas é a minha opinião sobre mim. Tem quem pensa diferente de mim. Acho que a política precisa de renovação.
Segundo Néspolo, o partido precisa decidir o que é melhor – se um ou dois candidatos a deputado estadual.
– Se o partido precisar de mim, eu vou. Não estou brincando de sair de partido. Não é minha intenção – diz Néspolo.
O QUE DIZEM OS OUTROS pré-CANDIDATOS
Rafael Bueno
"Muitos dos meus apoiadores acham que devo concorrer, mas a grande maioria acha que devo permanecer em Caxias pelo meu posicionamento contra o governo Daniel Guerra. Acho que eles (Néspolo e Vinicius) têm que chegar a um consenso porque estão ligados a um cordão umbilical. Eles têm o mesmo eleitorado e representam o mesmo campo ideológico e não é o momento de dividir o partido. A gente tem que unificar as forças. Acho que tem que dar chance para a renovação e para o Néspolo, que nunca concorreu a deputado."
Gustavo Toigo
"Coloquei meu nome à disposição pela trajetória que eu tenho e experiência que acumulei ao longo de todo esse tempo. Estou preparado para disputar o pleito. Ou a gente lança um candidato a estadual e um a federal ou estamos na iminência de não eleger ninguém. Esse acirramento não faz bem para ninguém e não pode prejudicar o partido. Em tese, eu apoio o nome do Néspolo para ser submetido ao crivo da população."
Miguel Grazziotin
"Acho justo que o Vinicius e o Néspolo tenham a intenção de concorrer. Mas, na última eleição, houve uma pulverização de candidaturas a deputado estadual e acabamos sem eleger nenhum. Vou apoiar um candidato, não importa quem seja. Agora não vou aceitar que sejam dois candidatos do mesmo campo político. Se for para ser dois (Néspolo e Vinicius), vai ser três. Se não for eu o escolhido, não vou procurar por outros caminhos conseguir a minha indicação."