O Brasil vive um dos momentos mais críticos da história recente. Desde 1992, quando Fernando Collor de Mello caiu após processo de impeachment acompanhado de forte pressão popular, um presidente da República não passava por uma situação tão delicada.
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Dilma Rousseff corre o iminente risco de não concluir seu segundo mandato. No final do ano passado, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), autorizou a abertura do processo de destituição da presidente solicitado pelos juristas Miguel Reale Junior e Hélio Bicudo com base nas pedaladas fiscais - o processo ficou parado após o PCdoB questionar pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) e foi destravado neste mês.
Na segunda-feira, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) deve apresentar um novo pedido de impeachment contra presidente Dilma. A entidade considera como crime, além do atraso no pagamento a bancos para maquiar as contas públicas, a renúncia fiscal concedida à Fifa para a Copa do Mundo de 2014 e uma suposta interferência na Operação Lava-Jato, inclusive com a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil.
Diante da possibilidade de impeachment, o Pioneiro conversou com lideranças de Caxias do Sul para saber por que Dilma deve permanecer na Presidência ou por que deve deixar o cargo. Os defensores da presidente defendem que não há crime de responsabilidade fiscal. Os críticos ao governo entendem que a saída é a solução para a crise.
Dilma deve ficar ou sair? Confira as opiniões:
Ex-presidente da CIC de Caxias do Sul, Carlos Heinen
- Se é para consertar o que está sendo feito de errado no país, sou a favor. Agora, o que nós mais precisamos, não só a saída da Dilma e de todo o Congresso, é de uma volta ao crescimento. Única proposição que faço é que nós temos de retomar o sentimento de crescimento e parar com isso que está acontecendo por causa de brigas partidárias no Congresso, principalmente.
Presidente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB) do RS, Guiomar Vidor
- Devemos respeitar a Constituição brasileira e, para você estabelecer um processo de impeachment, precisa haver um crime de responsabilidade e precisa ter a comprovação do envolvimento direto da presidente, o que não existe hoje. Se houver qualquer tipo de ruptura neste momento, a tendência é de as coisas piorarem ainda mais e abrir uma brecha para que os direitos dos trabalhadores, com esse Congresso conservador, sejam ameaçados.
Diretor de políticas educacionais da União Estadual dos Estudantes (UEE-Livre) do RS e estudante de Direito da UCS, Henrique Lisboa
- Ela deve permanecer na presidência, porque não cometeu nenhum crime, nenhum crime foi comprovado contra ela. O impeachment está previsto em lei, só que tem de existir crime de responsabilidade para isso. Então, a gente entende, enquanto União Estadual de Estudantes, que, a partir do momento em que presidente Dilma não foi condenada ou mesmo sem indício de irregularidade na gestão dela, não tem motivo para sofrer impeachment.
Diretor-executivo da União Estadual de Estudantes (UEE) do RS na Serra Gaúcha, Michel Pillonetto
- Concordo que ela deve deixar a presidência. Como diretor da UEE e estudante de Direito, acredito que o processo de impeachment tem fundamento legal. Quanto mais a presidente protelar a saída, pior vai ficar a situação (econômica e política). Por isso, creio que ela deve renunciar.
Presidente da Associação de Moradores do Panazzolo, Maria Fernanda Seibel
- A presidente Dilma foi eleita em 2014 com mais de 54 milhões de votos e não há razões legais e legítimas para o impedimento. Acreditamos na democracia como expressão da vontade popular. Ainda, a presidente Dilma vem sofrendo inúmeros ataques infundados, especialmente do Judiciário e da grande mídia. E o real objetivo é retornar ao neoliberalismo do arrocho salarial, privatizações e entrega do pré-sal.
Presidente da Associação de Moradores do Loteamento Moinho Germani, Gervasio Longui
- Só tem um jeito para resolver essa situação: é ela saindo. Mas não ser tirada, ela deveria chamar a imprensa e dizer que está saindo para salvar o país. Mas também não adianta sair e colocarem panos quentes, tem que continuar as investigações e punir quem cometeu crime.
Impeachment
Lideranças de Caxias do Sul argumentam sobre o futuro de Dilma Rousseff
Eles também avaliam as consequências para o país com a permanência ou saída da presidente
Juliana Bevilaqua
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