Até esta segunda-feira (28), os casos de furto de hidrômetro em Caxias do Sul já superou todo o ano passado, segundo dados do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae). Enquanto 2023 teve 227 registros, este ano já acumula 239. O aumento também é perceptível nos últimos meses. Entre setembro e outubro há um crescimento de 365%, de 20 para 93.
Essa elevação brusca chama a atenção principalmente dos moradores do bairro Rio Branco, território mais afetado pelo vandalismo dos equipamentos. Só em 2024, 47 hidrômetros já foram furtados no bairro. Em segundo lugar, estão empatados os bairros Exposição e São Caetano, com 25 cada.
A moradora do bairro Rio Branco Carla Adriana Brambilla foi uma das vítimas no mês de outubro. Ela registrou um boletim de ocorrência relatando que o caso dela aconteceu em 13 de outubro, às 4h. A moradora da Rua Sarmento Leite conta que só percebeu que o hidrômetro da casa havia sido furtado porque vizinhos também foram alvos do crime. No mesmo dia, ao menos cinco deles contaram a ela sobre furtos nas residências.
— Na minha casa, os contadores de luz e de água ficam na lateral com um portão baixinho. Nunca havia acontecido nada, por isso tínhamos pouco cuidado com a segurança ali.
Na casa de Carla, o equipamento ainda era do modelo antigo, contendo peças de latão, que chamam atenção dos ladrões por terem valor de revenda. Ela relata que ligou para o Samae e abriu um registro de ocorrência sobre o fato naquele domingo à noite. No sábado seguinte (19), ela já tinha o novo equipamento instalado por uma empresa terceirizada.
Agora, o hidrômetro é de plástico. Ela também instalou a caixa de proteção, sistema sugerido pelo Samae para evitar esse tipo de vandalismo. Os vizinhos da redondeza de Carla também adotaram a mesma medida, segundo ela.
Aumento pontual
O diretor-presidente do Samae, Gilberto Meletti, explica que os furtos sempre existiram, mas com sazonalidade entre os meses e anos. Na visão dele, não há uma explicação do por que há aumento no mês de outubro. O mesmo ocorre em relação ao bairro Rio Branco ser mais afetado que os demais.
— Sabemos que esse crime acontece porque os criminosos vendem o material que contem no hidrômetro antigo, o latão. Por isso, estamos trocando para um modelo (de plástico) que não tem valor comercial. No Rio Branco, foi uma situação pontual de duas semanas em várias casas. Já acionamos a Guarda Municipal e estamos analisando as circunstâncias — afirma Meletti.
Ele comenta que, por exemplo, em 2022, os bairros mais afetados foram Santa Catarina e Pio X onde havia ligações antigas, com hidrômetros com latão. Neste ano é o Rio Branco, por isso, as forças de segurança devem aumentar o foco no local.
Os hidrômetros são trocados a cada cinco anos, de forma gratuita pelo Samae, pois é o período de validade do equipamento. Segundo Meletti há um cronograma de troca seguido rigorosamente pela autarquia e não é possível o proprietário solicitar essa troca antes do período de validade.
Mas, em casos de furtos, o proprietário registra o boletim de ocorrência e arca com as custas de instalação do novo equipamento. Em ligações novas, o Samae já coloca o hidrômetro de plástico e a caixa protetora. Ao todo, 18 mil hidrômetros são trocados anualmente em Caxias do Sul.