A Polícia Civil analisa imagens do momento do tiro que matou Diogo Bueno Pedroso, 26 anos, em uma quadra de esportes de Caxias do Sul no último domingo (10). O vídeo, da câmera de segurança do ginásio que fica no bairro Pio X, mostra três homens saindo do local, aparentemente sendo expulsos. Durante a confusão, um deles puxa um revólver da cintura do amigo, se aproxima da porta do ginásio e atira na direção da quadra. Este disparo atingiu a cabeça de Diogo, que estava do lado de dentro.
— O meu filho estava fechando a porta para evitar a confusão. Se ele não tivesse feito isso, a tragédia seria pior. O que me falaram é que foi uma briga de jogo, que continuou após a partida. Pela confusão, essas pessoas (três que aparecem no vídeo) estavam sendo retiradas da quadra — conta o pai de Diogo, Antônio Pedroso, 49.
Antônio conta que foi chamado às 23h30min de domingo pela equipe do hospital. Na hora, achou que o filho pudesse ter sofrido alguma lesão durante a partida ou talvez sofrido algum acidente de trânsito. Quando soube do tiro, ficou em choque. Diogo morreu às 3h de segunda-feira (11).
— Meu filho era um guri excelente, com muitos amigos, tanto que tinha mais de 300 pessoas no velório. Ele trabalhava, jogava videogame em casa e jogava futebol. Não tinha vícios. Sonho dele sempre foi ser jogador de futebol. E ele era um bom, tanto que vários clubes amadores convidavam ele para jogar. Era um menino espetacular. Não tem como descrever de outra maneira — lembra o pai.
No domingo, dia do crime, Diogo estava jogando pelo Trovão Verde, uma equipe amadora de Farroupilha que o convidou para este campeonato no ginásio Arena, na Rua Professor Guerino Lima, em Caxias. Segundo a Brigada Militar (BM), mais de 200 pessoas estavam no local no momento da confusão. A desavença teria acontecido após a partida entre o Trovão Verde e uma equipe amadora de Bento Gonçalves.
O vídeo que a polícia teve acesso mostra os 30 segundos finais da desavença que ocorreu à noite, após as partidas. Três homens estão saindo de costas da quadra, discutindo com quem está dentro. Um homem de camisa vermelha e boné cinza sai pela porta e arremessa um objeto contra eles, provavelmente uma garrafa ou copo. Depois, corre para dentro.
É neste momento que o suspeito coloca a mão na cintura de um dos amigos e puxa uma arma de fogo. O dono da arma ainda tenta segurar e impedir o amigo, mas cai no chão. O autor se aproxima da porta e atira em direção às pessoas que estão dentro do ginásio. Ele ainda chuta a porta e tenta entrar, mas não consegue. Os três homens saem correndo.
— Tecnicamente, aparenta ser o exemplo de um dolo eventual. Qualquer pessoa que efetua um disparo em direção a uma multidão assume o risco de matar alguém. Talvez ele não tivesse uma pessoa determinada (para matar). Ainda estamos em fase inicial, precisamos ouvir todas as partes envolvidas e entender o contexto, mas tudo aparenta ser um (homicídio por) motivo torpe — analisa o delegado Caio Márcio Fernandes.
A Delegacia de Homicídios tem a informação de que os três homens que aparecem nas imagens são de Bento Gonçalves e trabalha para identificá-los. O passo seguinte é entender que arma era aquela utilizada no crime, se era registrada e se o proprietário possui autorização para porte de arma.
— Foi uma situação inusitada. A conduta (do dono da arma) sugere que ele foi tentar segurar (o autor) e reaver a arma. Alguém, despreparado, pegou uma arma que nem era dele e atirou. O outro amigo (do trio) também tenta evitar (os disparos). Estamos adotando todas as cautelas para a responsabilização individualizada destas condutas — afirma o delegado Fernandes.
Diogo era morador do Loteamento São Gabriel, próximo ao bairro Vila Amélia. Ele estudou na Escola Municipal Rosário de São Francisco e trabalhava numa fábrica de tintas. Ele deixa os pais e três irmãos.