O homem que assumiu ter matado avó e neta em São Marcos foi condenado a 51 anos, três meses e 10 dias de prisão nesta sexta-feira (11). No julgamento, Leandro Daniel Hoffmann voltou a confessar o crime, como já tinha feito à Polícia. O assassinato de Irene da Fonseca, 67 anos, e Kauana Santos, 16, chocou a localidade de Linha Marechal Deodoro em 26 de junho de 2020.
Conforme o Ministério Público (MP), Hoffmann atirou em Irene e ateou fogo na residência com ela dentro. Após, fugiu com a adolescente, a estuprou, a matou com tiro e golpes de faca e jogou o corpo dentro de um córrego com diversas pedras sobre ele. Então, fugiu a pé até Vila Oliva, no interior se Caxias do Sul, onde foi preso quatro dias depois do crime. Foi só com o relato do assassino confesso que foi possível localizar o corpo de Kauana. Os crimes foram presenciados por outro neto de Irene, então com sete anos.
Hoffmann foi condenado por 21 anos, nove meses e 10 dias de prisão pelo homicídio de Irene, 15 anos e quatro meses pelo assassinato de Kauana e outros oito anos e seis meses por estupro qualificado da jovem. A pena contabilizou ainda um ano por ocultação de cadáver e quatro anos e oito meses por incendiar a casa.
De acordo com o promotor de Justiça Evandro Kaltbach, a motivação do crime não ficou clara mas, pelo depoimento do réu, haveria um desentendimento com o pai da vítima, que seria, em princípio, o alvo dele. O delegado Edinei Márcio Albarello, responsável pelo caso, diz que a possível desavença nunca ficou comprovada.
Segundo o delegado, o neto que sobreviveu ao ataque contou que Hoffmann entrou na casa e disparou na avó dele, além de agredir a irmã com uma faca. A criança fugiu e se escondeu. Quando viu o acusado saindo com a adolescente, entrou de novo na casa, viu sangue no pescoço da avó e escutou outro tiro. Ele saiu para procurar ajuda e, como não encontrou ninguém, se escondeu. Quando percebeu que a casa começou a pegar fogo, fugiu novamente e foi encontrado por um vizinho, que o socorreu.
O Ministério Público disse que não irá recorrer da sentença. Já a Defensoria Pública do Estado, responsável pela defesa de Hoffmann, só irá se manifestar no processo judicial
Relembre o Caso
:: Em 26 de junho de 2020, os bombeiros de São Marcos receberam um telefonema informando sobre um incêndio numa moradia na localidade de Linha Marechal Floriano, a 6,5 quilômetros do centro da cidade. Após a corporação conter as chamas na propriedade, foi localizado o corpo de Irene da Fonseca, que residia na casa com os netos e um filho. A Polícia Civil apurou que a casa havia sido incendiada após a morte da idosa.
:: Um homem seria o autor do assassinato e do incêndio. Esse mesmo agressor retirou da moradia a neta de Irene, Kauana Santos. Essa versão foi trazida por outro neto de Irene, de sete anos. O menino estava na moradia no momento do ataque, mas conseguiu fugir e se esconder.
:: Segundo relatado para a polícia, Hoffmann, com uma carabina de pressão adaptada para o calibre. 22, invadiu a casa vizinha a que ele morava. O pai de Kauana não estava na residência, apenas a avó com os dois netos. Irene tentou proteger as crianças e discutiu com o criminoso. A idosa foi atingida por um tiro no pescoço.
:: Kauana tentou socorrer a avó, mas também foi alvejada. Ela chegou a fugir da casa, mas foi novamente baleada. Hoffmann contou ainda que arrastou o corpo da adolescente e escondeu em um riacho, cerca de 200 metros mata a dentro. Depois, voltou e ateou fogo no sofá da família. Ele enterrou o corpo da adolescente e colocou pedras para esconder. Com as chuvas, o riacho encheu. Hoffmann foi preso em Caxias do Sul e apontou o local onde estava o corpo de Kauana.
Procurado no Paraná
O assassino confesso já era procurado no interior do Paraná pela morte de dois irmãos em 2015. Hoffmann nega qualquer crime sexual.