O Rio Grande do Sul aparece como o 20º estado com a maior taxa de homicídios do Brasil no Atlas da Violência, estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (27). Os dados são referentes a 2018. São 23,8 assassinatos para cada 100 mil habitantes, o que faz com que o RS tenha a pior taxa da Região Sul. O Paraná está logo abaixo com uma taxa de 21,5, enquanto Santa Catarina aparece como o segundo melhor resultado do país, com 11,9 assassinatos para cada 100 mil habitantes.
Em 2018, o Brasil contabilizou 57.956 homicídios, o que representa uma média de 27,8 mortes para cada 100 mil habitantes. Com 110 assassinatos em 2018, Caxias do Sul ficou abaixo das taxas nacional e estadual. Foram 21,5 homicídios para cada 100 mil habitantes. O cálculo considera a população estimada em 510 mil habitantes pelo IBGE.
O Atlas da Violência é publicado com um "atraso" de dois anos porque reúne dados de todo o país e enfrenta a indiferença histórica dos governos em formular estatísticas sobre a violência. Ainda assim, o levantamento é uma referência por traçar um panorama e estudar o fenômeno da violência no Brasil, o que permite a comparação entre regiões e cidades de diferentes populações.
A publicação aponta que 2018 teve a menor taxa de homicídios por população em quatro anos, com uma redução de 12% na comparação com 2017, que teve 31,6 assassinatos por 100 mil habitantes. Os pesquisadores explicam a queda em três fatores: a continuidade da trajetória de diminuição de homicídios na maioria dos estados, o que é relacionado a questão demográfica, o Estatuto do Desarmamento e o amadurecimento qualitativo das políticas estaduais; armistício (velado ou não) entre as maiores facções penais nos conflitos ocorridos, principalmente, em seis estados do Norte e Nordeste; pelo aumento recorde do número de morte violenta com causa indeterminada, que pode ter ocultado milhares de homicídios.
Sete de cada 10 homicídios foram praticados com arma de fogo
O levantamento do Atlas aponta que em 71,1% dos homicídios registrados no Brasil em 2018, o agressor usou uma arma de fogo para cometer o crime. No total, 41.179 foram assassinados dessa forma naquele ano.
A proporção de homicídios cometidos com armas de fogo tem se mantido estável ao longo dos últimos 15 anos, na casa dos 70%. Mas o número varia de estado para estado. A maior proporção foi no Rio Grande do Norte, que teve 89,8% dos assassinatos em 2018 cometidos com esse instrumento. A menor foi registrada no Mato Grosso do Sul, com 42,5% das vítimas de homicídios sendo mortas a tiro. O Rio Grande do Sul contabilizou 77% das vítimas de homicídio sendo mortas por uso de arma de fogo. Em Caxias do Sul a proporção foi de 71%, idêntica à média nacional.
O estudo lembra que, em um ano e meio da gestão do presidente Jair Bolsonaro, já foram editados 11 decretos, uma lei e 15 portarias que, na visão dos especialistas, fragilizam os instrumentos de controle e fiscalização de armas de fogo e munições no Brasil.
Em Caxias do Sul é possível perceber um crescimento na proporção, como mostra o Contador da Violência, ferramenta alimentada pela reportagem do Pioneiro com base em informações divulgadas pelas polícias. Em 2019, 77% dos 89 assassinatos registrados foi praticado com uso de arma de fogo. Em 2020, 64 homicídios, 55 foram a tiro, o que representa 85% das mortes.
Jovens representam 53,3% das vítimas no país
O número de homicídios de jovens em Caxias do Sul é menor que as médias nacional e estadual. O Atlas da Violência apontou que 30.873 pessoas com menos de 30 anos foram assassinadas em 2018, o que representa 53,3% do total de mortes por violência no país. No Rio Grande do Sul, os jovens foram vítimas de 47% dos homicídios, com 1.291 dos total de 2.699 vítimas estarem nesta faixa etária. Em Caxias do Sul, 39% das 110 vítimas de homicídio tinham menos que 30 anos.