Um homem que se dizia advogado e enganou pelo menos seis moradores de São Francisco de Paula foi preso preventivamente. De acordo com a Polícia Civil, Edison Luiz Cavalli Girotto, 52 anos, possui uma vasta ficha criminal por estelionatos e já agiu em diversas cidades, sempre com golpes semelhantes. Em alguns processos, o investigado chegou a participar de audiências no Fórum local.
A investigação resultou em seis inquéritos policiais contra Girotto. Em todos os golpes, o suspeito utilizou um modo de ação semelhante. Seu alvo eram moradores do interior do município, principalmente na comunidade de Tainhas.
— Ele se aproximava muito das vítimas, ludibriando, indo na casa, agradando, na lábia, até ganhar confiança das vítimas. São golpes que ele estava aplicando há quase um ano. Chamou atenção esta prática reiterada, o que motivou a prisão preventiva, que foi decretada e logo cumprida — explica a delegada Fernanda Seibel Aranha.
A decisão judicial aponta que o acusado falava que era advogado, induzindo as vítimas em erro a fim de obter vantagem ilícita. Para tal, se apresentava como advogado, assessor de desembargador e como professor do curso de Direito. Com a confiança das vítimas, Girotto teria assumido processos de seguro agrícola, inventário e uma ação de usucapião.
Para receber os valores, o falso advogado indicava contas bancárias de terceiros, como de familiares ou amigos. Além das cópias das transações bancárias e do depoimento das vítimas, a Polícia Civil reuniu documentações, conversas e reconhecimentos por fotografia.
— São indícios bem contundentes vindo de seis vítimas diferentes que relatam como ele se passava por advogado, supostamente para representar as vítimas, que depositavam valores e depois descobriam que caíram em um golpe. Em alguns destes processos, sequer havia um representante apresentado — aponta a delegada Fernanda.
Girotto foi preso preventivamente no último dia 19 na área central de São Francisco de Paula visando à garantia da ordem pública, ordem econômica e a aplicação da lei penal. Na sequência, o réu postulou um habeas corpus que foi indeferido desembargador da 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça. O próximo trâmite é o Ministério Público oferecer a denúncia.
"Pegava confiança para dar um golpe maior", lamenta agricultor
Uma das vítimas foi uma comerciante de 49 anos, que conheceu o suposto advogado por meio de familiares. Ela conta que, aos poucos, o homem foi entrando na rotina de negócios da família e ofereceu para ajudar sobre um suposto caso de juros abusivos. A família utilizou uma propriedade rural em nome do patriarca como garantia ao banco em um financiamento.
— Tínhamos essa dívida e ele dizia que o juro era abusivo e dizia que ia recorrer. Ele ficava dizendo que estava recorrendo e cobrando da nossa família. Depois, soubemos que ele não estava fazendo nada e que nossa terra já até havia passado para o nome do banco. Agora, destituímos ele de advogado e estamos tentando negociar — lamenta a comerciante.
Outras vítimas foram um grupo de agricultores que se reunia próximo ao silo de milho, na localidade de Tainhas. Cerca de dois anos atrás, Girotto teria começado a se relacionar com todos, se apresentando como advogado, e começou a fazer negócios. Um deles perdeu R$ 50 mil numa falsa compra de maquinário.
— Em Tainhas, somos uma comunidade pequena, todos se conhecemos há muitos anos. Sempre nos encontrávamos e ele começou a fazer parte da turma, ficava sempre por perto conversando. Fizemos alguns outros negócios, mas ele estava pegando confiança para dar esse golpe maior — conta o agricultor, que relata ter sido ameaçado de morte por comparsas do estelionatários.
— Quando mais buscamos, mais coisa aparece. Inclusive em outros estados, até no Mato Grosso. Envolve muita gente, pode ser uma possível quadrilha. É tipo de gente que só troca de cidade e continua dando seus golpes — afirma a comerciante.
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