O homem de 62 anos apontado como autor do assassinato da funcionária pública Ereni dos Santos, 42 anos, deve se apresentar na Polícia Civil na quinta-feira (14) para prestar depoimento. A informação foi confirmada pelos advogados que irão representá-lo no caso. O nome dele não é divulgado porque não há confissão formal do crime ou indiciamento. A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) não revela se há mandado de prisão contra o suspeito.
O suspeito procurou os advogados Marina Demoliner Barbosa, Airton Barbosa de Almeida e Alceu Barbosa Velho nesta terça-feira (12). O homem admitiu, em conversa prévia e informal com os defensores, que está envolvido no assassinato e que o revólver calibre .38 usado no crime pertencia a ele. De acordo com o registro policial, o suspeito abandonou a arma em uma chapeação no bairro Desvio Rizzo, bairro onde a mulher foi morta na segunda-feira (11).
A titular da Deam, Carla Zanetti, confirmou, no início da tarde desta terça, ter recebido um contato sobre a possível apresentação do suspeito. A banca de defesa diz que não há dúvida do envolvimento do cliente no caso e a intenção agora é esclarecer os motivos.
Ereni foi atingida por pelo menos cinco tiros efetuados pelo motorista de uma caminhonete, que pode ter feito uma emboscada na Rua Avelino José Lora por volta das 13h de segunda. O suspeito fugiu do local.
Horas antes do crime, ela e o suspeito, de quem estava separada desde 2018, participaram de uma audiência de conciliação na Vara de Família do Fórum. O processo tratava da separação de Ereni e do suspeito do crime e abordava o reconhecimento da união estável do casal, a guarda de dois filhos e a partilha de bens. No encontro com a presença de juiz e advogados, não houve nenhuma discussão ou sinais de agressão por parte do homem. Segundo a defesa, o suspeito nunca teria se oposto a um acordo.
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Ereni era secretária na Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Leonor Rosa, que fica no Desvio Rizzo. Ela deixa os pais, irmãos, além dos filhos: uma menina de 14 anos e um menino de quatro.
O Fórum informou que Ereni tinha medida protetiva contra o suspeito, o que impedia a aproximação dele. Contudo, em setembro, ela havia desistido de processá-lo por ameaça. Confira nota da assessoria do juiz titular da Vara de Violência Doméstica, Emerson Jardim Kaminsky, enviada nesta terça-feira:
"Em favor da vítima havia sido deferida medida protetiva, inclusive tinha passado por avaliação de risco diretamente com a equipe multidisciplinar da Vara de Violência Doméstica, afirmando que não temia o ex-marido. Mas, queria a prorrogação das medidas por garantia apenas. Já que ele estava bem tranquilo e respeitando-a. Ocorre que ontem pela manhã tiveram audiência no processo de divórcio na Vara de Família celebrando o acordo integral envolvendo divisão de bens. No início da tarde, contudo, teria perseguido ela na via pública, batendo na traseira do carro dela, vindo a desferir na sequência cinco disparos letais. Em 12 de setembro foi o último atendimento dela, que disse não querer a responsabilização criminal do agressor porque não estava mais sendo ameaçada, optando por manter as medidas protetivas por mais seis meses por segurança."
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