Os três homicídios em pouco mais de 24 horas, entre o sábado (31) e a madrugada de segunda-feira (2), colocaram em alerta a Polícia Civil de Caxias do Sul. Isso porque os indícios apontam que as mortes podem ter sido ordenadas por uma mesma facção. O receio da polícia é que esses crimes tenham sido o fim de uma "trégua" na disputa pelo domínio do tráfico de drogas — esta prática criminosa elevou o número de assassinatos nos últimos três anos. Em 2019, a maior cidade da Serra contabiliza 58 mortes por violência, o que representa uma redução de 35% na comparação com o mesmo período do ano passado.
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O modo como ocorreram essas últimas execuções é um dos indícios da ligação entre as mortes. Em duas delas, em Forqueta e Parque Oásis, as vítimas foram mortas e suas casas incendiadas pelos criminosos. A ação é, segundo a polícia, característica para extinguir um ponto de venda de drogas rival.
— Não há uma relação direta (entre os casos), mas o modo de execução indica que há envolvimento com organizações criminosas. O que chama atenção é que, possivelmente, um conflito está começando. Os executores são escolhidos e ganham os recursos (armas e carros roubados). Quando isso acontece, costuma ter um retorno (ataques pelos criminosos rivais). É isso que queremos evitar — aponta o delegado Rodrigo Kegler Duarte, titular da Delegacia de Homicídios.
A terceira execução aconteceu no bairro Primeiro de Maio e o alvo foi um morador de rua. Um vídeo divulgado nas redes sociais, contudo, indica que a morte também pode ter sido ordenada por uma facção (leia abaixo). Sobre o tempo entre um crime e outro — pouco mais de 24h — , o chefe da Homicídios aponta que outras investigações já comprovaram este tipo de comportamento das facções:
— A facção ordena que tais mortes aconteçam em um curto espaço de tempo.
Vídeo divulgado em redes sociais mostra execução
Um vídeo que se espalhou recentemente nas redes sociais mostra detalhes do que seria o assassinato do morador de rua Josimar dos Santos, 30 anos. Ele foi encontrado morto na Rua Rômulo Carbone, no Primeiro de Maio, na madrugada de segunda-feira. As imagens revelam a participação de quatro homens na execução, além da pessoa que está filmando. Eles se aproximam de Santos, que já está caído, e é possível ouvir 12 disparos de arma de fogo. Os assassinos utilizam armas curtas (revólveres ou pistolas) e uma espingarda, aparentemente, de calibre .12.
O vídeo está em análise pela Delegacia de Homicídios para comprovar sua veracidade. O delegado Duarte afirma que há 80% de chances do vídeo ser realmente da execução de Santos. Porém, as imagens não auxiliam na identificação dos autores.
— O que fica evidente é que os criminosos não possibilitaram a defesa da vítima. As imagens também mudam o perfil (do homicídio), pois (o vídeo) foi feito para mostrar a quem ordenou. Este é o único motivo que gravam estas execuções. O vídeo é um indício de que a morte foi mandada de dentro do sistema penitenciário. É lá que estão os líderes de organizações criminosa — aponta.
Além de analisar o local do crime para comparar com as imagens, os investigadores também aguardam a necropsia para confirmar os calibres das armas e a quantidade de tiros que atingiram a vítima.
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