Uma das famílias que há mais tempo espera por justiça é a de Eron Jefferson Correa Fioravanti. Ele foi assassinado no dia 23 de dezembro de 2004, durante uma discussão em um bar da área central de Caxias do Sul. Mesmo com quatro testemunhas apontando o autor e a confissão do réu, o caso está prestes a concluir 15 anos sem desfecho. A demora tem uma nova explicação: falta um juiz titular na 1ª Vara Criminal.
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Aparentemente simples, o processo virou exemplo em uma reportagem do Pioneiro, na edição de 12 de agosto de 2016, sobre situações que travam o Poder Judiciário e levam sofrimento ao cotidiano de quem perdeu familiares para a violência. Um ano depois, o Tribunal do Júri condenou Cristalino Cappellari, 72 anos, em um plenário realizado em outubro de 2017. Um recurso da defesa, porém, levou a anulação da decisão. Durante todo o processo, o réu continua a responder em liberdade.
— Foram 13 anos até a resposta sair, mas infelizmente o júri foi cancelado. Precisamos aguardar mais uma vez, mais um processo e mais um julgamento — lamenta a filha Angélica Fioravanti.
A decisão da 3ª Câmara Criminal foi em razão da representante do Ministério Público (MP) ter mencionado um laudo médico que fazia parte de um processo julgado na semana anterior, no qual quatro jurados já haviam participado do Conselho de Sentença. Hoje, não há previsão para um novo júri.
— Eu só queria Justiça. Um dia tem que ter. Queria terminar com este problema — lamenta a filha da vítima.
Eron Fioravanti trabalhava em uma distribuidora de revistas no bairro Cruzeiro e estava casado com Silvana há 22 anos. Ele deixou a filha, Angélica, atualmente com 30, e não viu as três netas nascerem: Ana Júlia, nove anos, e as gêmeas Manuela e Alice, quatro anos.
— É triste, muito triste. Eu fiquei sem meu pai. Ele tem netos, mas não conheceu minhas filhas. Elas perguntam do avô que não está aqui... — conta Angélica, que ainda se emociona ao lembrar do pai.