Mais de quatro anos após o assassinato, o padeiro Nilmar Lopes Nunes, 25 anos, será julgado pela morte de Tailon Nathan Corrêa Palmeira em Bento Gonçalves. O crime aconteceu em 2015 e, conforme a denúncia do Ministério Público, foi motivado pelo furto da bateria do carro do acusado. O julgamento está previsto para as 9h desta quinta-feira (4). Este será o primeiro júri que acontecerá na sede de uma Defensoria Pública gaúcha.
A iniciativa pioneira no Estado surgiu durante a reforma do Fórum de Bento Gonçalves, entre 2016 e 2018, que fez com que alguns júris fossem realizados em outros endereços. Na ocasião, o diretor regional da Defensoria Pública, Rafael Carrard, sugeriu que a instituição também sediasse um julgamento.
— Isso mostra o prestígio que a Defensoria tem, especialmente o Judiciário. Além disso, mostra à população que temos uma estrutura digna e capacidade para receber uma sessão plenária do tribunal do júri. Essa visibilidade e credibilidade é o que buscamos alcançar — afirma Carrard.
O júri não alterará a rotina de atendimentos da sede, que se manterá aberta para casos de urgência. A Defensoria Pública Regional de Bento Gonçalves fica na Rua Planalto, 1.420, no bairro São Bento e atende também os municípios de Pinto Bandeira, Monte Belo do Sul e Santa Tereza.
O crime que vai a júri popular
Palmeira foi assassinado na manhã do dia 12 de março de 2015, quando foi chamado para a frente de sua residência, na Rua Caxias do Sul, bairro Jardim Glória, e alvejado por tiros de revólver. Conforme a sentença de pronúncia, que foi publicada em 27 de novembro de 2017, a vítima estava em casa com a esposa quando ouviu gritos pelo seu nome. Dois homens que estavam no portão mataram Palmeira a tiros. Depois, fugiram a pé.
Testemunhas reconheceram Nunes na cena do crime, contudo, a investigação policial não conseguiu identificar o segundo envolvido no homicídio. Conforme os depoimentos, o réu estava desconfiado que Palmeira havia furtado a bateria de seu carro e pretendia falar com ele sobre o crime.
Nunes é representado pela Defensoria Pública e, em seu depoimento, admitiu ter ido até a casa da vítima no dia do crime, mas alegou não ter participado do homicídio. O réu alega que estava próximo a igreja do bairro quando "um gordinho" perguntou onde Palmeira morava. Nunes, então, levou o desconhecido até a casa da vítima e admite que chamou por Palmeira, afinal eram amigos.
Quando a vítima saiu da casa, o réu alega que fugiu do local ao perceber que "o gordinho" puxou algo da cintura. Enquanto corria, ouviu os tiros que mataram Palmeira. Após o crime, o réu soube que a polícia estava procurando por ele e alega que demorou para se apresentar porque procurava um advogado.
Questionado sobre o furto em seu carro, Nunes admitiu que pensava que a vítima poderia ser o autor e que pretendia questioná-la. A desconfiança, segundo o depoimento, era porque Palmeira seria um usuário de drogas "e andava roubando em todas as casas ali". O réu ainda afirma que nunca teve arma de fogo.