O momento mais aguardado do julgamento dos acusados da morte de Lucas Cousandier foi no início da noite desta segunda-feira (18), quando o soldado da Brigada Militar Emerson Luciano Tomazoni prestou depoimento. Ele foi o primeiro dos três acusados a ser ouvido pelo Tribunal do Júri.
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Tomazoni contou que iniciou a perseguição porque o carro não parou quando foi abordado. Segundo o policial, o primeiro disparo foi no pneu dianteiro, que ele acredita ter acertado a porta do veículo. O carro continuou em deslocamento e, então, ele efetuou um disparo duplo.
— Acredito que foi o segundo disparo que atingiu (Lucas Cousandier). No momento da abordagem, ouvi outros dois disparos, mas não consegui identificar a origem. É tudo muito rápido — disse.
Segundo Tomazoni, foi o colega Gabriel Modesti Ceconi que constatou que havia uma pessoa baleada. Ele admitiu ter fraudado a ocorrência por ter entrado em choque e ter perdido o controle emocional. Enxertou duas armas no local e fez uma denúncia falsa de tentativa de homicídio contra os policiais.
— Gostaria de, em primeiro lugar, pedir desculpas para o comando do batalhão e para corporação pelo meu erro. Sei que não justifica, mas hoje me arrependo. Eu era um policial linha de frente, atuante, e tudo que aconteceu naquela noite me induziu ao erro — declarou.
Tomazoni também pediu desculpas à família de Lucas Cousandier e disse ter aprendido em casa a ter "hombridade, a reconhecer o erro". Questionado pelo promotor, ele confirmou que colocou a arma da mão do jovem.
— Ninguém foge da polícia se não deve. Cidadão de bem, por mais que tenha ingerido bebida, estaciona o carro entrega documentação e carteira — conclui Tomazoni em seu depoimento.
O segundo réu a depor, Gabriel Modesto Ceconi contou que viu Cousandier ainda com vida e chamou o Samu que, segundo ele, demorou para chegar. Quando Tomazoni retornou com a viatura atingida por disparos, questionou, mas acabou não desmentindo a versão do colega:
— Vi que ele estava errado, quando a viatura voltou baleada, mas me omiti. No meu ver, ele não teve a intenção de acertar o jovem.
Apesar da versão inventada, Ceconi disse que se omitiria novamente.
— Porque ele não teve a intenção de matar. Ficou tão assustado quanto eu na hora. Me omiti na fraude — confessou.
O delegado Rodrigo Kegler Duarte, policiais militares e o comandante da BM em Caxias, tenente-coronel Jorge Emerson Ribas também foram ouvidos nesta segunda-feira.
Pouco antes das 21h, o julgamento foi suspenso para o jantar. A sessão foi retomada cerca de meia depois para o último depoimento do dia, do policial Devilson Enedir Soares.
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