A onda de furtos de fios de eletricidade registrada em diversos pontos de Caxias do Sul deixa a comunidade em alerta, porque além dos prejuízos financeiros, há uma série de transtornos provocados pela falta de energia. No intervalo de apenas 10 dias durante o mês de maio, pelo menos três ocorrências foram registradas na Polícia Civil. Juntos, esses casos somam quase R$ 15 mil em gastos com manutenção. Entre os transtornos mais graves, uma emissora de rádio chegou a ficar fora do ar e uma escola precisou dispensar mais de 1,1 mil alunos por um dia em razão da falta de luz. A dificuldade, dizem as autoridades, é identificar os criminosos e a rede de receptação que existe por trás deste tipo de crime.
Uma das últimas ações ocorreu na manhã de domingo e tirou do ar a Rádio Difusora Caxiense por mais de 24 horas. Conforme o diretor da emissora, Antônio Pacheco de Oliveira, cerca de 200 metros de fios de cobre foram furtados de uma antena, localizada na Rua Pierina Manfro, no bairro Nossa Senhora de Fátima. O veículo de comunicação só voltou à programação normal na tarde de segunda-feira, quando técnicos fizeram o reparo na rede. Além do transtorno aos profissionais e aos ouvintes, cerca de R$ 7 mil tiveram que ser desembolsados para custear a mão de obra e a compra de novos materiais.
— Eu percebi quando fui colocar a rádio no ar domingo de amanhã. Soube que entraram no terreno para roubar o material porque há muitas residências próximas e o pessoal viu. Quando me avisaram, eles (criminosos) já estavam saindo. É a primeira vez que isso acontece, infelizmente — lamenta Oliveira.
No dia 10, o alvo dos bandidos foi a Escola Técnica Caxias do Sul (EETCS), localizada na Rua Professor Antonio Vignolli, no bairro Presidente Vargas. O furto obrigou a direção a suspender as atividades naquele dia. O reparo custou R$ 6, 2 mil, que vieram do caixa da escola _ dinheiro, possivelmente, que seria investido em outras necessidades. Em agosto de 2017, a instituição já havia passado pelo mesmo problema: na ocasião foram dois dias sem trabalhos em sala de aula e R$ 4,5 mil gastos na compra de novos fios.
No bairro Madureira, a ação dos ladrões quase acabou com uma homenagem ao Dia das Mães organizada pelas crianças da comunidade. Criminosos pularam a cerca da Associação dos Moradores, na Rua João Bertotti, na madrugada do dia 11 e furtaram cerca de 30 metros da fiação, que é subterrânea. A manutenção foi ágil e garantiu a apresentação dos pequenos no sábado, dia 12. Mesmo assim, cerca de R$ 1,4 mil tiveram de ser tirados do caixa da entidade para cobrir os prejuízos.
— Graças a Deus nos desdobramos e conseguimos colocar tudo em ordem. Mas a gente fica com medo. Eles (ladrões) não respeitam a cerca — lamentou, na ocasião, a presidente da associação, Teresinha Maria Susin Peroni.
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Material é visado por usuários de drogas
O interesse principal de quem comete este tipo de crime é retirar o cobre que fica na parte interna da fiação para revender o material ao mercado clandestino, muitas vezes de difícil identificação, aponta o delegado Luciano Dias Peringer, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes contra o Patrimônio das Concessionárias e os Serviços Delegados (DRCP), com sede em Porto Alegre.
— O furto de cabeamento de eletricidade ou de telecomunicações ocorre normalmente por usuários de drogas, em busca de dinheiro fácil. Eles subtraem esses fios, queimam o cabeamento e retiram o cobre para vender em locais de reciclagem de metais — explica o delegado.
— Se tem quem compre, acaba sendo atrativo para quem comete os furtos. As pessoas que levam o cobre geralmente pegam poucas quantidades porque é pesado — complementa Peringer, ressaltando que um dos trabalhos da investigação é justamente em quem recebe o material.
Em Caxias do Sul, não há uma delegacia que centralize as investigações desse tipo de crime. As ocorrências são encaminhadas aos distritos policiais, conforme a região da cidade onde são registrados os furtos.
OUTROS CASOS RECENTES
ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL
No caso do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, o alvo dos criminosos foram os cabos de telefonia e fibra óptica. O crime foi percebido no dia 7, quando os servidores retornaram da folga do final de semana, dos dias 5 e 6 de maio. Com isso, a consulta ao banco de dados digital foi prejudicada e o acervo ficou sem comunicação com o público externo durante nove dias. O atendimento voltou ao normal no dia 14.
PRAÇA DO TREM
A Praça do Trem, no bairro São Pelegrino, foi um dos espaços públicos mais afetados pelo furto da fiação elétrica. Entre fevereiro e março, a área de lazer chegou a ficar às escuras por mais de 30 dias por conta da ação de criminosos que quebraram o piso de concreto para remover o material, no dia 21 de fevereiro. A manutenção da iluminação pública foi finalizada no dia 9 de abril.
CASA DE PEDRA
A ação de vândalos deu prejuízo de R$ 2 mil aos cofres públicos e deixou o Museu de Ambiência Casa de Pedra sem energia elétrica por 54 dias. Durante o período, a visitação foi cancelada. O furto dos cabos ocorreu na madrugada do dia 28 de dezembro do ano passado, e foi consertado no dia 16 de fevereiro.