Confira na última Crônicas de Natal a história de Pedro Chimello Neto
Gostaria de deixar aqui a melhor mensagem de Natal, mas essa história deveria ser escrita por você nesta noite. Ah, se eu tivesse um conselho mais certeiro, sugiro que gaste um pouco de sua tristeza ou alegria através de um abraço e um sorriso.
Ouça o áudio da carta:
Assim como você, fui apenas filho, hoje sou pai e avô. Já chorei, sorri, cansei e me animei. Fiquei doente, levantei para conquistas e fracassos. Já fui vendedor, comerciante, empregado e meu próprio patrão. Me sinto comum, às vezes especial. Hoje, sou o Papai Noel. Visto a roupa vermelha e cultivo minha longa barba há 20 anos.
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Sempre ouvi dizer que sou apenas um personagem, uma fantasia. Na verdade, digo que sou o representante de São Nicolau, o padroeiro das crianças. São Nicolau era muito rico e decidiu repartir sua fortuna com os mais pobres. O Natal sem dúvida tem muito dele e muito mais do Menino Jesus, que fala através de cada um de nós.
Nunca pensei em ser Papai Noel, da mesma forma que talvez você nunca tenha pensado em ter chegado a esse ponto da vida. Uma vez uma amiga me chamou para ser o Bom Velhinho numa loja lá no bairro Cruzeiro. Ela alugou uma roupa e me deu uma barba postiça. Foi há 34 anos. Eu era até bem magrinho. Passou um longo tempo e minha barba crescida chamou a atenção de uma mulher na rua. Fui fazer uma propaganda como Papai Noel. Pegamos uma tinta de sapato e pintamos minha barba de branco. Gostei da ideia e desde então sou esse tal de Bom Velhinho. Mais Noel do que Chimello.
A noite feliz é da gurizada, dos adultos que ainda sonham e das famílias. É a hora das emoções, lembra o passado e a família reunida. Hoje em dia, me chateia um pouco de ver que tudo está desmantelado. Mas é preciso pensar positivo, ter fé. Conversando a gente se entende. Problemas existem em todas as casas. Me diga onde está uma família sem problema que vou morar lá. Nunca desista de seus filhos ou dos seus pais, sejam eles do jeito que forem.
O que mais me toca nesta época é quando uma criança vem e me abraça. Pela minha experiência, sei do que se trata. Deixo ela alguns minutos ali, às vezes chorando. Quando percebo que se acalmou, digo que o Papai Noel já sabe qual é o presente que ela quer. A resposta está na cara: querem o papai e a mamãe juntos de novo. Às vezes, tem coisas que não dá para fazer voltar. Talvez seja melhor os pais ficarem separados do que viverem brigando. Vejo então essas crianças um pouco aliviadas, sem aquele nó no peito. Vão superar? Só o tempo dirá. Por isso digo que a noite feliz é para crianças e para os adultos dispostos a abrir o coração e perdoar.
Pretendo ser Papai Noel até o último dia, porque assumi esse compromisso perante a vida. Já realizei muitas coisas e tenho um grande sonho, que é abrir uma casa para ser o Papai Noel o ano todo. Confiem no que digo, pois o Papai Noel representa a amizade, a confraternização. Todos os dias tiraria do saco de pano mensagens de mais união, paz e compreensão. Acreditem sempre em Deus e vivam essa noite de Natal como nunca viveram.
Pedro Chimello Neto, PAPAI NOEL
*Crônicas de Natal é um projeto assinado por Adriano Duarte, Andressa Paulino, Juliana Rech, Luan Zuchi e Manuela Balzan.
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