A morte do jornalista Paulo Renato Marques Cancian, repercutiu entre os colegas da imprensa. Ele estava internado no Hospital Geral e morreu nesta quinta-feira, aos 67 anos.
A jornalista Juçara Tonet Dini também se pronunciou sobre a morte:
"O jornalista Paulo Cancian ocupa um lugar especial nos corações e mentes de grande parte da população caxiense. Não somente por se interessar e se envolver com as pessoas, mas por se conectar com sua realidade pessoal e profissional. Paulo Cancian sempre soube valorizar seu próximo, qualificando, pontuando, escrevendo ou dissertando sobre nossas histórias. Importava-se com quem eram nossos pais, enfatizava o valor à família, e divertia-se tanto quanto fosse possível em qualquer situação. Contou-me segredos em seu leito de cama, em sua última estada no hospital; recordamos de sua passagem à frente da Ari Serra Gaúcha; perguntou-me sobre minha empresa, interessado em que eu fosse sempre muito bem, e mostrou-se curioso sobre meu trabalho na área da educação. Saí de lá feliz, com a sensação de que muitos anos viriam pela frente, iguais a todos os últimos 40, nos quais lutamos juntos pela valorização do setor da comunicação. Tentamos. Todos perdemos hoje, e não haverá outro igual ao nosso querido Paulo Cancian, que sabia como nunca pessoalizar o que há de mais bonito nas relações: a confiança! Deus te receba, Cancian, através de Jesus Cristo, a quem muito amavas."
Andreia Fontana e Ricardo Dini, presidência e diretoria e Conselho de Honra da ARI Serra Gaúcha, respectivamente, emitiram nota sobre o jornalista:
"A Associação Riograndense de Imprensa (ARI) Seccional Serra Gaúcha lamenta profundamente a perda do membro do Conselho Superior e ex-presidente da entidade (2010 a 2015), jornalista Paulo Cancian, um dos mais renomados profissionais da área da comunicação do Estado. Em Caxias do Sul, cidade sede de sua relação com o jornalismo, tornou-se referência no mercado pela suas capacidades de liderança, gestão de pessoas, desenvolvimento de novos talentos, formação de equipes. Paulo Cancian foi autor de textos inesquecíveis, livros históricos, narrativas que integram o acervo jornalístico de nossa memória. Biógrafo vocacionado, relacionou-se com todos os setores da sociedade, e não escondia seus sentimentos, fazendo deles um símbolo da integridade e profissão jornalística. Obrigado, Paulo Cancian, nosso amigo, colega, mestre."
“Ele agregava admiração pessoal e profissional”, lembra Alessandro Valim, atual diretor de programação da Rádio Caxias, que trabalhou em diversas oportunidades com Cancian nos veículos Folha de Caxias, Rádio Caxias e UCS TV.
"Trabalhei pela primeira vez no ano 2000, na UCS TV. Era uma pessoa diferenciada, uma referência profissional, pela experiência, pelo conhecimento que ele tinha do jornalismo e os projetos que viveu. Ele conciliava a vivência profissional junto com a grande referência pessoal que sempre foi junto às dezenas de pessoas que trabalharam com ele. É uma combinação difícil. Mas deixa um grande legado".
"Cancian é o pai da modernidade do jornalismo caxiense", diz jornalista e escritor Paulo Ribeiro
Entre os que lamentaram a morte do jornalista, está Paulo Ribeiro, convidado por Cancian para integrar a redação do jornal Folha de Hoje, em 1989. Na época editor-chefe do jornal, o comunicador estava montando a equipe que produziria o jornal diário.
— Eu era recém-formado e ele acreditou em mim, me colocou como editor do Folheto, que era o caderno de cultura da Folha. Posso dizer que minha relação com o Cancian foi do 1º ao último dia da folha, porque saí para fazer mestrado e depois ele me aceitou de volta. Isso foi quatro meses antes do jornal fechar — lembra Ribeiro.
Mais tarde, o ex-subordinado se tornou professor de Cancian no curso de jornalismo da Universidade de Caxias do Sul, já que o ex-colega não possuía diploma, embora fosse uma referência na área.
— Eu apontava correções no texto dele e ele nunca me disse nada, o que mostrava como era generoso — revela.
Conforme Ribeiro, além de ter a capacidade de agregar talentos, Cancian também estava à frente de seu tempo, contribuindo para implantação de ferramentas tecnológicas nas redações, como o uso de fotografias coloridas na Folha de Hoje.
— O Cancian é o pai da modernidade do jornalismo caxiense. Ele é o fundador da primeira redação computadorizada, introduziu a internet no jornalismo. Não é pouco — destaca.