O Plano Diretor do município prevê alterações no projeto das Estações Principais de Integração (EPI) que serão construídas em Caxias do Sul. O projeto original contava com 10 EPIs, incluindo a Estação Imigrante e a Floresta, que foram entregues à comunidade em abril de 2016, quando entrou em operação o Sistema Integrado de Mobilidade (SIM). Na prática, a proposta segue com a previsão de oito novas estações, que totalizam as 10 previstas desde o início da troncalização.
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No entanto, os projetos foram atualizados: as estações Casa de Pedra e Júlio de Castilhos foram retiradas do planejamento do transporte coletivo urbano. O da EPI São Ciro, por sua vez, foi dividido em dois para a construção de duas estações menores, Ana Rech e Serrano, mas que devem funcionar melhor operacionalmente para atender à demanda daquela área da cidade. Já a Moreira César deve se tornar uma estação secundária e a estrutura será diferente das atuais.
A Estação Zona Norte substituirá a função original da EPI Moreira César, de troncalizar as linhas da Zona Norte com localização mais próxima à RST-453, ficando a estação Moreira César ainda prevista como uma estação para integração com as linhas coletoras, mas possivelmente, como um terminal secundário. O mesmo deve ocorrer em relação à EPI São Leopoldo. O município irá estudar a construção desses pontos como secundários, e os terminais podem também ser construídos em outros lugares, mas isso ainda está em análise.
A EPI Ferrovia, apesar de estar presente no Plano Diretor, não deve sair do papel. Ela foi pensada para servir como um ponto de integração caso a linha férrea seja reativada. A tendência é que a estação seja descartada, já que a ideia de viabilizar esse tipo de transporte na cidade não seguiu adiante pela necessidade de investimentos altos. A marcação das áreas para receber os terminais já foi realizada.
Na justificativa do Plano Diretor, um apontamento diz que "através da operação dessas estações (Floresta e Imigrante) percebeu-se o impacto da aceitação dos usuários em função da pouca distância com o centro da cidade, especialmente a do Imigrante, e do impacto no trânsito, em função de suas instalações junto a interseções já com elevados volumes de trânsito". Nos bastidores da Câmara de Vereadores, chegou-se a cogitar que as estações Floresta e Imigrante pudessem ser extintas no futuro. A informação é negada pelo secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade Urbana, Cristiano de Abreu Soares.
— Esse assunto sequer foi tratado internamente, porque seria desperdício de dinheiro público, uma vez que as estruturas ficariam ociosas. As mudanças feitas no projeto original são definições técnicas levando em conta o impacto no trânsito, os custos com desapropriação e o investimento para construir os terminais e intervir na área viária.
Localização das EPIs atuais não seria favorável
Para o secretário, as EPIs Floresta e Imigrante realmente estão localizadas em pontos desfavoráveis, mas isso não significa que sejam desativadas no futuro:
— Eu tenho uma posição pessoal, que não é técnica, nem de governo, sobre as atuais estações. Acredito que o ideal é que a Imigrante tivesse sido construída junto à Universidade de Caxias do Sul (UCS) ou mais longe da BR-116, dentro do bairro Cruzeiro, e a Floresta mais próxima ao shopping Iguatemi, que são áreas nas quais há mais circulação de passageiros. A Imigrante hoje opera no limite, não há condições de mais ônibus serem deslocados para o terminal, então talvez no futuro seja preciso construir outro terminal nessa área da cidade, porque não podemos ampliar o atual.
Os locais previstos inicialmente para a construção das estações foram escolhidos por uma empresa de consultoria contratada pela SMTTM no período de 2001 a 2003, que também fez os projetos. Na ocasião, levavam em conta pesquisas e estudos realizados que apontavam que o melhor seria a implantação dessas estações ao longo do Anel Perimetral, junto às interseções com os principais corredores de tráfego, à exceção da estação São Ciro. Em 2012, iniciaram-se as construções das estações Floresta e Imigrante, que atendem às regiões oeste e leste. Quatro anos depois, em abril de 2016, os terminais entraram em operação, e então foi possível perceber o impacto no trânsito, que acompanhou o crescimento da cidade ao longo do anos, e tornou-se caótico em alguns pontos. Por isso, as propostas foram reformuladas.
Serrano e Ana Rech ganharão estações
A ideal inicial era construir a EPI São Ciro no entroncamento da BR-116 com a RST-453. Além do valor alto de investimento para desapropriações, seria necessário aguardar a aprovação dos governos federal e estadual, responsáveis pelas rodovias. O município então elaborou um anteprojeto para construir o terminal na entrada do bairro Castelo.
O elevado custo de desapropriação e de adequação da infraestrutura da rodovia, até mesmo com a construção de uma elevada, impediu a proposta de seguir em frente, e o anteprojeto foi descartado também. Os técnicos, então, analisaram os modelos de estações mais compactas e rápidas, e surgiu a ideia de substituir a São Ciro por duas estações menores: EPI Ana Rech, que será construída em frente à Marcopolo, e EPI Serrano, em frente ao posto Capoani e à antiga empresa Brasdiesel.
A localização das EPIs foi definida a partir de um estudo de origem e destino que apontou a necessidade de construir a estação de Ana Rech nesse ponto, devido à demanda de funcionários da Marcopolo. O município pensou em fazer um terminal aberto _ a integração seria somente por meio do cartão e o embarque precisaria ser realizado pela catraca. Mas a ideia foi descartada e a estação será nos moldes das atuais. A estação do Serrano está prevista para ser tubular e fechada com vidro. O modelo permitirá o pagamento da passagem na entrada da estação, e não apenas dentro do ônibus, levando a um embarque e desembarque mais ágil.
O secretário afirma que operacionalmente se tornou mais viável construir as duas estações menores, que vão encurtar as distâncias das linhas alimentadoras. A verba para os projetos gira em torno de R$ 8 milhões e está garantida via PAC Mobilidade — Médias Cidades.
— Nossa prioridade é a construção desses dois terminais. Os projetos devem começar a sair do papel até o final da semana que vem. A Estação Ana Rech é um projeto mais fácil de concretizar e deve iniciar primeiro, porque não será preciso desapropriações e tampouco autorizações de órgãos federais ou estaduais.
O Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (DNIT) teria aprovado verbalmente a viabilidade de construção do terminal às margens do km 143 da BR-116, no bairro Serrano. Agora é preciso a aprovação por escrito, mas para isso é necessário a elaboração do projeto, que está em andamento na Secretaria de Transportes.
Estações impactarão 14,5 mil viagens por dia
A EPI Serrano atenderá três linhas alimentadoras (33 - Castelo, 29 - Iracema, 57 - Serrano). Essas linhas atendem a cerca de 12,5 mil viagens por dia. Já a EPI de Ana Rech atenderá duas linhas atuais (52 - Parada Cristal e 02 - Salgado Filho / Ana Rech) que serão desmembradas em quatro ou cinco linhas alimentadoras, conforme determinarão os estudos para implantação do sistema troncalizado. Nesse local, serão atendidas cerca de 2 mil viagens/dia.
Além das linhas alimentadoras citadas, será dimensionada a linha TR-02, que fará o deslocamento dessas EPIs até o Centro. A ideia é que ônibus saia da Estação Marcopolo, passe pelo terminal do Serrano e recolha os passageiros.
EPIs extintas não seriam viáveis
A EPI Júlio de Castilhos foi retirada do projeto em função da descontinuidade entre a Avenida Júlio de Castilhos e o sistema viário a oeste da Perimetral Oeste. A justificativa técnica é que aquela região não apresenta potencial para consolidar uma estação de troncalização, porque não há anel viário naquela região. Já a Estação Casa de Pedra, segundo o secretário Soares, foi prevista para ser construída no canteiro da Avenida Rubens Bento Alves, próximo ao entroncamento com a Jacob Brunetta.
— O terminal é importante para troncalizar as linhas, mas o trânsito naquela região já é um caos, principalmente, em horários de pico, então imagina a saída de vários ônibus naquela área por volta das 18h, por exemplo. Ainda serão realizados estudos sobre a viabilidade e a construção na área da Jacob Luchesi, em direção ao bairro Santa Lúcia, porque aquela região tende a crescer e a demanda irá aumentar ainda mais.
São Leopoldo
A Estação São Leopoldo também deverá mudar de lugar ou se tornar um terminal secundário para que o deslocamento dos passageiros se torne mais rápido e eficiente. A Moreira César, por sua vez, segue no Plano Diretor, e há uma área marcada para a construção em um terreno na Pio XII. No entanto, deverá servir como uma estação secundária ou ser substituída pela Estação Zona Norte, que irá troncalizar as linhas daquela região.
AS EPIS
:: EPI Moreira César
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:: EPI São Leopoldo
:: EPI Bom Pastor
:: EPI Ferrovia
:: EPI Norte
:: EPI Capoani
:: EPI Marcopolo