Em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira, o novo secretário da Saúde de Caxias, Geraldo da Rocha Freitas Júnior, falou pela primeira vez sobre os planos para a gestão da pasta. O administrador havia sido nomeado na sexta-feira e substitui a médica Deysi Piovesan, que ficou cerca de um ano no cargo.
Leia mais
"Saí por razões estritamente pessoais", diz ex-secretária da Saúde de Caxias
Vereadores ficam surpresos com troca de titular na Secretaria da Saúde de Caxias
Prefeitura de Caxias tem novo secretário da Saúde
Freitas tem experiência em três hospitais da cidade: já atuou como administrador da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) do Hospital Geral, administrador do Hospital Virvi Ramos e superintendente do Hospital Pompéia. Ele é o quarto nome a passar pela pasta da Saúde durante o governo Daniel Guerra (PRB).
O novo secretário aponta que, mesmo tendo vindo da iniciativa privada, sempre esteve próximo da rede pública pela atuação nos hospitais filantrópicos. Ele reforça a necessidade de implantação do programa UBS+ como forma de resolver o gargalo do Sistema Único de Saúde (SUS) em Caxias.
Hoje, faltam médicos para atender a população nos serviços de emergência, nas especialidades e também na rede básica. O programa já foi rejeitado anteriormente pelo Conselho Municipal de Saúde por incluir a gestão compartilhada do Pronto-Atendimento 24 Horas (Postão), para transferência dos servidores às unidades básicas. O secretário acredita, porém, que a ampliação do diálogo com a sociedade deve proporcionar a aprovação do programa.
— O que está planejado pelo governo é um compromisso — declara.
Confira trechos da entrevista com o Secretário da Saúde:
Pioneiro: para o senhor, qual é o grande desafio que a saúde pública de Caxias enfrenta hoje?
Geraldo da Rocha Freitas Júnior: A questão do subfinanciamento da saúde. As demandas são sempre crescentes, dentro de um cenário onde tu tens uma procura que está sendo grande em função de usuários que tinham um suporte na saúde privada e, em função, do desemprego perdem os seus planos de saúde e acabam sobrecarregando uma estrutura que foi dimensionada para atender as demandas historicamente planejadas. Neste momento, nós temos duas situações, além da falta de recursos financeiros, temos uma procura extraordinária para atendimento. Essa é a grande dificuldade. O nosso desafio é fazer mais com menos, com os recursos que nós dispomos. Temos limitações de ordem legal e a responsabilidade pelo uso adequado dos recursos. O desafio é esse, cumprir a função da melhor forma possível com os recursos que se tem e a criatividade e empenho da equipe para superar todas essas dificuldades.
Um problema crônico do SUS em Caxias é a insuficiência de médicos, tanto na rede básica quanto na emergência, como mostrou a falta recente de pediatras no Postão. Como solucionar essa questão?
Soluções estão sendo apresentadas e trabalhadas. Eu darei continuidade às ações, especialmente a esse projeto, o UBS+. A solução para essa falta de médicos e para aproximar o atendimento especializado do usuário é o desafio do UBS+. Esse é o grande projeto que vai suprir a falta do profissional médico. E na pediatria, particularmente, não é uma dificuldade do sistema público, é uma especialidade onde a formação está cada vez menor, a busca pela especialidade e residência reduziu muito. No serviço privado existe também uma carência.
O UBS+ inclui a proposta de gestão compartilhada do Postão. Como isso vai ser tratado?
Eu tive a experiência de atuar no Hospital Geral, um hospital 100% SUS. A grande dificuldade do Hospital Geral, no seu inicio, foi a questão da gestão. Construir a área física é fácil. A parte mais complexa é a formação da mão de obra especializada, não só para atendimento, mas para fazer a gestão, a saúde é uma área extremamente complexa. O Hospital Geral é um case de sucesso, um exemplo de como uma gestão compartilhada traz resultados. Eu diria que a gestão compartilhada entre o poder público e a Fundação (Universidade de Caxias do Sul) foi um meio de chegar num nível de excelência do atendimento. As questões que dizem respeito ao Postão, eu estou me inteirando. Mas temos cases de sucesso na gestão compartilhada. Essa sobrecarga no atendimento pode ser muito amenizada com o UBS+.
Mas essa proposta já sofreu rejeição do Conselho Municipal de Saúde e dos próprios servidores. Isso vai ser colocado em pauta outra vez?
O que está planejado pelo governo é um compromisso. Eu, quando sento nessa cadeira, eu tenho compromisso de executar todas as ações que estão planejadas para resolver os problemas. Então, nós não vamos medir esforços, juntamente com o nosso Conselho Municipal, que é extremamente importante nesse processo de melhoria da rede. Teremos reuniões em breve, para que haja a compreensão de que a solução para os problemas que estão apresentados atualmente passa pela aprovação e a colaboração do Conselho em aprovar todas estas propostas.
"Que nos deixem trabalhar", aponta chefe de Gabinete
Durante a coletiva, o chefe de Gabinete da prefeitura, Júlio César Freitas da Rosa, reforçou a intenção da administração de intensificar as tratativas para aprovar o programa UBS+ com a nova gestão do Conselho de Saúde de Caxias.
— Que o Conselho nos deixe trabalhar. Vamos aumentar esse diálogo, com o Conselho e com a população. Queremos que aprovem o UBS+ e depois nos cobrem o resultado — reforça.
A tarefa recai sobre Geraldo da Rocha Freitas Júnior, quarto secretário da Saúde na gestão Guerra. Para o chefe de Gabinete, a rotatividade é normal e não prejudica os planos do governo.
— O prefeito, desde o primeiro dia, disse que a administração é formada por profissionais, e que ninguém estaria pregado na cadeira. Na área da saúde, eu participei de todas as transições, foram por questões pessoais. Todos, ao seu momento, deram sua contribuição para as metas estabelecidas pelo governo. E eles continuam contribuindo com a administração. É uma equipe. O objetivo é o mesmo — afirma.