Até o início do ano que vem, Veranópolis, a cidade amiga do idoso, terá um Instituto da Longevidade com sede própria. Isso permitirá melhorar e ampliar os atendimentos e as pesquisas desenvolvidas na área.
Segundo o prefeito Waldemar de Carli (PMDB), o acordo firmado entre a prefeitura, o Hospital Comunitário São Peregrino Lazziozi e o Instituto Moriguchi prevê a construção de um prédio de cerca de 500 metros quadrados que será erguido e equipado com verba do Ministério da Saúde — cerca de R$ 1,5 milhão — que já estão disponíveis.
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A unidade será construída em área anexa ao hospital, que ficará responsável pela contratação do projeto e da empresa que fará a obra e pelos serviços de água, luz e limpeza quando a unidade começar a operar. Em contrapartida pela cedência do terreno, o hospital ficará com parte da estrutura que será usada para abrigar o setor administrativo.
A prefeitura fará o repasse da verba do governo federal e continuará destinando recursos municipais para a entidade. Atualmente, são R$ 15 mil mensais dos cofres do município, conforme o prefeito. A equipe de pessoal para o desenvolvimento das atividades ficará a cargo do Instituto, que também busca o título de filantropia e trabalha para conseguir patrocínios e parcerias para manter as pesquisas.
Conforme de Carli, feita por meio do hospital, a obra ganha em agilidade e terá um custo 20% menor do que se fosse tocada pela prefeitura. Pelo cronograma acertado entre os envolvidos, a expectativa é que o projeto esteja pronto até o final de março. Para isso, na semana que vem, as equipes do Instituto e do hospital se reúnem para estabelecer as especificidades do projeto.
— O instituto vai oferecer um tratamento multidisciplinar aos idosos em ambulatório de fisioterapia, nutrição, psicologia e cardiologia, unidade de pesquisa. A comunidade ganha em atendimento. Achamos que em torno de 10 a 12 meses esteja tudo concluído — comemora o prefeito.
De acordo com a médica geriatra do Instituto, Berenice Maria Werle, a ideia é, no futuro, ampliar o número de pesquisas e de atendimentos, inclusive para pessoas de cidades vizinhas a Veranópolis:
— Quando pudermos começar a usar as dependências do novo centro, poderemos aumentar o número de pessoas atendidas e também as atividades que são oferecidas. Quando tivermos uma equipe maior trabalhando, pretendemos abrir para pessoas das cidades vizinhas.
Na cidade, eles representam mais de 15% da população
Atualmente, o serviço é restrito em função do espaço disponível. São duas salas emprestadas na sede do hospital e um espaço, no seminário dos freis capuchinhos, onde são feitas as avaliações dos idosos e as pesquisas.
Segundo Neide Maria Bruscato, coordenadora operacional do projeto Veranópolis: Estudos em Envelhecimento, Longevidade e Qualidade de Vida, mais de 5 mil pessoas já passaram por algum tipo de atendimento, avaliação ou participaram de pesquisas no instituto desde que iniciaram as atividades na cidade, em 1994.
Entre elas, existem as que fazem parte de um cadastro e são monitoradas de tempos em tempos e as que participam de alguma pesquisa específica, como no caso de 2,6 mil alunos do município que fizeram parte de um estudo sobre obesidade. Porém, o serviço ambulatorial será voltado apenas para idosos a partir dos 60 anos.
Em Veranópolis eles representam mais de 15% da população, se considerados os dados do censo de 2010. Mantido o percentual, conforme a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2017 de 25.073 habitantes, estaríamos falando de 3,7 mil pessoas com 60 anos ou mais.
Em 2016, Veranópolis, que já era conhecida como Capital da Longevidade, foi certificada Cidade Amiga do Idoso pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso porque, a partir de uma pesquisa com 836 pessoas com mais de 60 anos, o município assumiu o compromisso de desenvolver ações para melhorar a qualidade de vida desse público.
O COMPROMISSO DA CIDADE COM OS IDOSOS
:: A carta de compromisso com a OMS prevê ações a serem desenvolvidas na cidade até 2019. O programa Cidade Amiga do Idoso é um trabalho contínuo de avaliações e aprimoramento, especialmente ligado às ações do poder público, que se divide em ciclos de 3 a 5 anos.
:: As ações foram elaboradas com base em uma pesquisa feita pela prefeitura em parceria com o Instituto de Longevidade do Rio de Janeiro e o Centro de Pesquisa de Veranópolis. O levantamento apontou as principais necessidades das pessoas com mais de 60 anos. Foram ouvidos 836 moradores.
:: Entre as ações estão oficinas de informática para melhorar e estimular o acesso a tecnologias de informação (em andamento); construção e estruturação de um Centro de Convivência para idosos (ainda não saiu); inclusão de um grupo de idosos nas atividades de cultivo de ervas medicinais (em andamento); capacitação de equipe no atendimento ao idoso (em andamento); oferta de próteses dentárias aos idosos de baixa renda (em andamento); acessibilidade nas calçadas da cidade (em andamento); entre outros.
:: A ideia de estudar o envelhecimento nos idosos de Veranópolis foi uma consequência de uma série de estudos acadêmicos que iniciaram em 1994. As pesquisas resultaram em 25 dissertações de mestrado, 11 teses de doutorado, 15 monografias, mais de 50 trabalhos apresentados em congressos nacionais e internacionais e 15 artigos científicos publicados.
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