Para o Bloco da Velha, não tem tempo ruim: a chuva do início da tarde não impediu os foliões de aproveitarem o Carnaval no bloco de rua mais tradicional de Caxias do Sul. De acordo com a organização do evento, pelo menos 40 mil pessoas prestigiaram o Carnaval na Rua Dom José Barea, próximo ao complexo da Maesa, na tarde deste domingo (11). A Brigada Militar ainda não fechou sua estimativa de público, mas garante que mais de 10 mil foliões já passaram pelo evento, que deve seguir até cerca de 21h30min.
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A previsão de chuva para o dia preocupou a organização do evento e as primeiras pessoas que chegaram ao bloco, mas quem insistiu e ficou até mais tarde, não se arrependeu. A chuva diminuiu e, por volta das 17h, a Banda do Bloco da Velha subiu ao trio elétrico e esquentou de vez o clima deste domingo. O repertório de marchinhas, samba, axé e pagode movimentou os foliões e fez com que ninguém mais percebesse a garoa voltava a aparecer ocasionalmente.
— Foi muito complicado. Teve chuva de manhã cedo, depois abriu o sol, a gente se queimou, e baixou a cerração e esfriou de novo. Mas é o que define Caxias do Sul, a galera ficou, dançou, isso é o que vale — comemora um dos organizadores do Bloco da Velha, Guilherme Martinato.
A área montada para o evento, na Rua Dom José Barea entre a Andrade Neves até a Treze de Maio, tem capacidade para cerca de 60 mil pessoas. Por volta das 18h, pelo menos dois terços da via já estavam ocupados. O público aprovou a estrutura do local, que incluía um espaço próprio para as crianças e áreas diferenciadas para quem comprou o abadá do bloco, por exemplo.
— Ficou show de bola. Mas sinto falta das escolas de samba — afirmou o metalúrgico Juliano de Jesus, 28, que levou o filho Gabriel, dois, e esposa Mayara, 27, pela primeira vez ao bloco.
A movimentação contagiou até quem mora nas proximidades da Maesa. O programador de injetoras Mouzar Lima, 34, pôde pular Carnaval da porta de casa:
— Por mim, poderiam fazer todo dia — brincou.
Público sente falta de bloco em movimento
Ao contrário do que ocorria em anos anteriores, nesta edição o Bloco da Velha não se deslocou pelas ruas centrais de Caxias. Toda estrutura foi montada de forma estática. Mesmo com os ganhos em conforto — grande quantidade de banheiros e opções variadas para comprar alimentos e bebidas — o público presente sentiu falta da movimentação.
— Está tudo muito bom, mas eu gosto de seguir o bloco. Podia ficar fixo por algumas horas e depois se movimentar. O Carnaval é uma festa popular. Assim, querendo ou não, fica mais restrito. É emocionante ver o bloco andando pela cidade — defende o eletricista Ricardo Serrato, 55.
— No ano passado, era mais divertido — concorda a estudante Anelise dos Santos Siqueira, 18.
De acordo com Guilherme Martinato, um dos organizadores do evento, o tamanho do bloco fez com que fosse necessário repensar o formato do evento.
— O pessoal não faz ideia de quantos profissionais são necessários para manter o bloco desse tamanho e mover. É complicado. No Rio (de Janeiro) e na Bahia, onde acontece isso, eles estão muito preparados, e com ruas planas, largas, para receber essa movimentação. A nossa realidade se parece mais com São Paulo, onde os blocos não andam mais — explica.
Para Martinato, os ganhos com o formato atual são maiores do que as perdas, já que todo o público consegue escutar a música com mais qualidade, por exemplo.
— Hoje, eu penso que o trio está parado, mas as pessoas estão se movimentando, brincando, fazendo trenzinhos. Na verdade, o bloco é a galera — define
Mesmo assim, o organizador não descarta mudanças para próximas edições do Bloco da Velha. Ele pretende começar uma pesquisa com o público e os setores envolvidos com o Carnaval para dimensionar o impacto que o bloco, que iniciou em 2011, trouxe para a cidade.
— Vamos tentar fazer essa sondagem, dentro dos nossos recursos. Mas a dimensão que tomou (o evento) é inegável. Muita gente de fora está vindo passar o Carnaval em Caxias. Oito anos atrás, quando a gente começou, ninguém imaginaria isso.