Moradores do bairro Colina Sorriso, em Caxias do Sul, vão monitorar a entrada e saída de pessoas por quatro acessos. O cercamento eletrônico é uma ideia que surgiu há cerca de um ano e acaba de ser implantada com o objetivo de inibir a criminalidade.
Inicialmente, apenas os integrantes da diretoria da Associação de Moradores do bairro (Amob) terão acesso às imagens, durante um período de teste de cerca de 15 dias. Depois, aproximadamente 500 pessoas poderão visualizar as gravações em tempo real por meio do celular, tablet ou computador.
São as famílias que contribuíram financeiramente para a compra das cinco primeiras câmeras. Um dos equipamentos, na Rua João Sturmer, ficará desativado por alguns dias, porque aguarda conexão com a internet. Os demais estão na Rua Dr. Emílio Ataliba Finger, principal acesso ao bairro; dois em pontos da loja Vila Animal, também na Ataliba Finger; e o quinto na Rua Capitão Artemin Karan, perto da Ceasa.
O presidente da Amob Colina Sorriso, Élvio Luís Gianni, explica que o projeto para garantir a segurança no bairro tem três bases: manutenção e contato permanente com o policiamento comunitário; grupos no WhatsApp, que surgiram há cerca de dois anos e reúnem cerca de mil pessoas para troca de informações; e o cercamento eletrônico.
Gianni espera que a vigilância permita a redução da criminalidade no bairro. Segundo ele, há cerca de dois anos, o Colina Sorriso sofreu uma onda de medo com assaltos a residência em que famílias viraram reféns em situações traumáticas que fizeram com que algumas até decidissem mudar de endereço. O presidente do bairro diz que a articulação pelos grupos do aplicativo de celular e ações de aproximação dos próprios moradores trouxeram bons resultados.
—Nós vamos colocar faixas, informativos, dizendo que temos isso (cercamento eletrônico). É mais uma forma da gente estar estruturado, unido e seguro. A gente quer preservar o nosso bairro — afirma.
As câmeras são fixas e captam imagens de até 30 metros de distância com boa qualidade. Segundo Gianni, o videomonitoramento do bairro poderá ser interligado inclusive ao programa Segurança Integrada com os Municípios (SIM), do governo do Estado, que prevê o cercamento eletrônico.
Uma reunião no Centro Pastoral, na noite de ontem, apresentou aos moradores o novo sistema de monitoramento do bairro.
Estão previstas outras duas fases para o cercamento eletrônico. A próxima será a instalação de equipamentos em mais cinco ruas nos acessos ao bairro. A terceira inclui câmeras nas ruas internas do bairro.
Colina com mais câmeras
A ampliação do projeto é discutida pelos moradores do Colina Sorriso. De acordo com Gianni, há a expectativa de que se consiga instalar mais equipamentos de monitoramento até o final do ano.
—Nós começamos investindo nessas cinco câmeras, mas o projeto prevê a aquisição de outras 15 — explica Gianni.
Para a viabilização do sistema de vigilância foi feito um regime de comodato. A proposta foi firmada com a comunidade que passou a contribuir com a anuidade, com valor de R$ 150 para residências e de R$ 50 para apartamentos e sobrados. A partir disso, os representantes do projeto fecharam o orçamento em aproximadamente R$ 10 mil para investir no cercamento eletrônico.
—Embora cerca de 500 moradores tenham colaborado financeiramente no primeiro momento de implementação, todas as pessoas que vivem no bairro serão beneficiadas. A intenção é também que outros passem a contribuir — ressalta o presidente dos moradores do Colina.
Mesmo que a Brigada Militar (BM) possa ter acesso às imagens registradas pelo sistema, a atuação contra o crime ainda fica a cargo do policiamento preventivo e ostensivo, segundo o capitão Marcelo Constante, da 2ª Companhia do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM).
— Essa é uma parceria e uma forma de cooperação entre os moradores e a polícia bastante positiva. Não vamos deixar de fiscalizar o local, pelo contrário, as câmeras vão nos ajudar a agir de forma mais cirúrgica — garante Constante.
Funcionamento
Para ter acesso ao sistema de monitoramento remoto, o morador do bairro precisa fazer o download do aplicativo Nidum View pelo smartphone e criar um registro. O aplicativo está disponível nos sistemas iOS e Android.
Pelo aplicativo, as imagens de cinco câmeras ficam disponíveis, via internet, para fiscalizar os pontos da região a qualquer horário.
No caso de o morador precisar recuperar alguma gravação, os registros ficam armazenados por um período de até sete dias na nuvem, conforme Rubens Bonetto, diretor da Nidum, empresa responsável pela manutenção do software, que implementou o projeto em parceria com a Bitcom.
A quem recorrer
Ao notar qualquer atividade suspeita, seja por meio do aplicativo ou presencialmente, os moradores do Colina Sorriso são aconselhados a buscar o atendimento da Brigada Militar pelo telefone 190.