Donos dos carros mais visados por ladrões enfrentam um dilema: arriscar perder tudo ou pagar um seguro cada vez mais caro. O Sindicato das Seguradoras do Rio Grande do Sul aponta que o volume de roubos de cada modelo é um dos principais fatores analisados na hora de contratar a apólice, o que pode representar até 45% do custo de determinado seguro. Em Caxias do Sul, o roubo de veículos cresceu 36% no ano passado, com 1.001 casos contra 734 de 2015. Simulações em corretoras de um Focus, modelo mais roubado no ano passado (confira gráfico abaixo), revelam um valor de seguro até R$ 5 mil, R$ 3 mil mais se comparado a um modelo semelhante.
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O vice-presidente do sindicato, Rubens Oliboni, aponta a crise na segurança como a principal explicação para o crescimento de 30% no valor geral dos seguros na Serra nos últimos dois anos. No mercado, veículos perderam espaço nas vendas em relação a imóveis e seguro de vida.
– São vários fatores no cálculo do seguro de um carro. Mas o índice de roubos do veículo é o mais agravante. No caso de um acidente, mesmo em uma perda severa, a seguradora fica com o salvado (resto do carro). No roubo, não existe este salvado. É um impacto maior (para a seguradora) – explica o sindicalista.
Como o aumento da criminalidade ocorre em um período de recessão econômica, as seguradoras enfrentam um cenário de muita procura e pouca adesão. A situação é agravada porque os carros mais roubados são justamente os populares.
– Há uma maior quantidade de unidades rodando e, consequentemente, acabam mais visados. O ganho (dos criminosos) vem das peças que têm fácil mercado. O consumidor acha que está fazendo um bom negócio, mas está influenciando o crime – alerta Oliboni.
As dificuldades levaram as seguradoras a mudar a abordagem aos clientes. Os valores para carros populares subiram tanto que a opção foi entender o quanto os clientes estão dispostos a pagar.
– Teoricamente, se aumentam os roubos, a procura por seguro também deveria aumentar. Só que, nessa recessão, as pessoas não têm dinheiro e optam por assumir o risco (de serem assaltados). A situação é mais clara nos modelos populares, justamente os mais levados. A decisão das seguradoras foi distribuir este aumento entre todos os modelos, porque se jogar toda a necessidade para o popular não haverá negociação – conclui.