Mesmo depois de apontada pelo Conselho Municipal de Trânsito e Transportes e acatada pelo prefeito Daniel Guerra (PRB), a manutenção do preço da tarifa do transporte coletivo urbano em Caxias do Sul, segue em discussão e sendo razão para protestos. O valor de R$ 3,40 motivou uma manifestação na manhã desta terça, quando motoristas e cobradores bloquearam a saída dos ônibus em frente ao portão da Visate, no bairro Esplanada. A paralisação, que durou pouco mais de 3h, foi organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Caxias do Sul para cobrar o reajuste no dissídio. O aumento, segundo o presidente do Sindicato, Tacimer Kulmann da Silva, foi negado pela Visate.
– Não estamos esperando um aumento específico, mas o sindicato nunca fechou a negociação só com a inflação (hoje em 6,58%), sempre tivemos um ganho real também. A Visate já nos falou sobre a dificuldade em pagar as contas em função do não reajuste na passagem, mas os trabalhadores não podem ser prejudicados por isso. Essa negociação deve ser entre eles e a prefeitura – afirma.
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A preocupação em passar por dificuldades em função do não reajuste da passagem foi exposta pela Visate ainda quando o valor estava em discussão, no início do mês - na ocasião, a concessionária sugeriu que a tarifa passasse a R$ 4,25. A empresa afirma que pode entrar na Justiça em busca do reajuste.
Por meio de uma nota, informou que "está tomando todas as medidas necessárias para viabilizar o reajuste salarial para seus funcionários, embora o congelamento do valor da tarifa pelo órgão gestor torne inviável o repasse neste momento. O equilíbrio financeiro da empresa está previsto no contrato de concessão e a empresa vai tomar todas as providências para buscar este direito com o órgão gestor, para que assim possa cumprir com os compromissos financeiros assumidos".
Por meio de nota divulgada para a imprensa, a Visate apontou sugestões para amenizar o reajuste da tarifa sem prejuízos. Segundo a empresa, as medidas "ajudariam a minimizar o desequilíbrio financeiro sem penalizar o cidadão caxiense, mantendo a qualidade do serviço prestado e os postos de trabalho de seus 1.500 trabalhadores diretos".
As medidas
* A desoneração do Tributo ISS em 2%, assim como a Taxa de Gerenciamento em 1%, num total de 3% sobre o faturamento bruto da concessionária. Esses encargos têm um impacto de R$ 0,12 (doze centavos) no valor da tarifa. Sem a desoneração, esses tributos são repassados para o valor da tarifa e pagos pelo usuário e não pela Visate.
* Atualmente, a exigência do contrato é de que a frota da Visate tenha cinco anos de idade média. Assim, neste ano, seria necessária a compra de 27 novos veículos, com um investimento de aproximadamente R$ 10 milhões. Como a maioria dos ônibus está em bom estado, a empresa sugere que seja adiada a compra de novos veículos.
* A questão das gratuidades, que representam 26% do total de passageiros transportados, é o maior desafio que o Poder Público tem para reduzir o valor da tarifa.
* O passe livre aos domingos, que atualmente representa 5% dos passageiros transportados, é pago, no rateio dos custos, pelo passageiro pagante, logo isto é um imposto indireto atribuído aos passageiros cativos do sistema.
* Flexibilizar a utilização de cobradores nos ônibus em horários de pouca demanda: significaria uma expressiva redução de custos sem causar um grande impacto nos postos de trabalho. Esses trabalhadores seriam, aos poucos, absorvidos pela empresa.