Sucesso em muitos países e nas principais capitais brasileiras, o Uber, aplicativo que conecta clientes a motoristas cadastrados, está motivando a qualificação do serviço oferecido por taxistas em Caxias. A possível concorrência está fazendo com que parte dos 316 taxistas busquem qualificação no atendimento e equipem melhor os veículos. No Uber, os motoristas devem oferecer carros com, no mínimo, ar condicionado e com no máximo oito anos de fabricação. Os profissionais ainda são conhecidos pelo uso do traje social e por oferecerem, durante o trajeto, balas e água aos passageiros. No Rio Grande do Sul, o Uber só existe em Porto Alegre.
– Queremos oferecer o melhor para os clientes e também evitar que carros clandestinos ocupem os pontos. A principal orientação é para que o passageiro seja melhor tratado e que o taxista se apresente melhor, com uma vestimenta adequada. Muitos estão buscando essa qualificação para não perder trabalho – afirma o presidente do Sindicato dos Taxistas de Caxias, Adail da Silva.
Grande parte das melhorias propostas aos taxistas pelo sindicato surgiram das reclamações feitas por usuários à prefeitura e diretamente aos motoristas. De acordo com o diretor de transportes da Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Gervásio Longui, são recebidas semanalmente de oito a 10 denúncias contra taxistas. A maioria é sobre cobrança indevida e mau atendimento.
– A má conduta ainda é uma das maiores queixas. Taxistas que não abrem o porta-malas e não ajudam a colocar a bagagem no veículo ainda são muitos. O serviço de táxi já melhorou, mas ainda tem muito a melhorar. É ótimo que eles estejam se qualificando, todos têm a ganhar – acredita Longui.
Taxista há 16 anos, Lindonês Boeira, 50, não esperou a concorrência dar sinais de que se instalaria em Caxias e já foi em busca de melhorar seus serviços. Um dos 22 motoristas fixos do ponto 1, a rodoviária, ele dirige um carro com porta-malas grande e passou a oferecer, há pouco tempo, wi-fi e a possibilidade de pagamento das corridas com cartão de crédito. Boeira ainda não dispensa o uso de camisa e sapato social.
– Gosto de tratar os meus clientes bem. Não temos regras para seguir, mas sempre deve imperar a boa educação. Não somos obrigados a abrir o porta-malas para o passageiro, mas é o mínimo que posso fazer, né? _ diz o taxista, exibindo uma lista de clientes fixos na agenda do celular.
Uber ainda não cogita instalação em Caxias
Embora muito se especule sobre a vinda do Uber para a cidade, nada é confirmado pela empresa. Por meio da assessoria de marketing, ela explica que a instalação nas cidades não leva em consideração o número de habitantes, mas a estrutura operacional que deverá ser montada no município. A Uber ainda afirma que tem planos de expansão ainda para este ano no Brasil, mas Caxias não estaria na lista por enquanto.
Curso obrigatório e vistoria a cada seis meses
Não há um manual com regras que devem ser seguidas pelos taxistas, mas há cursos que orientam e ajudam a padronizar o trabalho. Para começar a trabalhar com um táxi, o motorista precisa fazer um curso de orientação e, a cada seis meses de trabalho, a Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade exige um recadastramento do profissional, além da vistoria do carro. O presidente do sindicato, Adail da Silva, ainda explica que, a cada dois anos, é preciso fazer um curso obrigatório, com 32h de duração, que abrange, por exemplo, noções de turismo e cuidados na hora de atender o cliente.