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Inédita no RS, transformação de pneus em combustíveis é viabilizada por pesquisa da UCS

Empresas de Gravataí e Taquara buscaram o suporte da universidade da Serra para desenvolver os testes. Licenças foram liberadas pela Fepam em novembro do ano passado e janeiro desse ano 

Tamires Piccoli

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Porthus Junior / Agencia RBS
Responsável pelo Lebio, Marcelo Godinho manipula o óleo, um dos produtos resultantes da transformação dos pneus e polímeros.

Duas novas Licenças de Operação que permitem transformar pneus e polímeros em materiais foram aprovadas pela Fepam recentemente. As operações, inéditas no Rio Grande do Sul, tiveram influência direta do Laboratório de Energia e Bioprocessos (Lebio) da Universidade de Caxias do Sul (UCS), que realizou os estudos e testes que permitiram a liberação das licenças.

O processo começou em 2020, quando a Recicla Mais, empresa de Gravataí especializada em recolher e reutilizar pneus, buscou a UCS para diversificar a atuação. Além de triturar os pneus e enviar para companhias que produzem cimento, a empresa buscava formas de transformar o resíduo sem depender do segmento das cimenteiras.

O estudo desenvolvido pelo Lebio seguiu os mesmos moldes do projeto RS UP, que pretende instalar uma usina para a transformação de resíduo urbano no aterro Rincão das Flores, em Caxias do Sul, em energia e produtos.

— Desenvolvemos um estudo voltado para a indústria focado em transformar os pneus em gás, óleo e char (tipo de carvão), que podem ser usados por outras empresas. O processo é feito pela pirolise, um tratamento térmico de resíduos que conta com a ausência de oxigênio, tornando os produtos mais limpos e eficientes — explica o responsável pelo Lebio, Marcelo Godinho.

Conforme o pesquisador, o óleo gerado pela pirolise dos pneus é muito semelhante com o diesel, podendo ser usado como substituto do combustível. Já o char, pode ser usado na indústria da borracha e de pigmentação. O gás gerado no processo é inflamável e tem poder de combustão tal como o tradicional gás de cozinha, com a diferença de ter menos capacidade calorífera.

Durante as análises e testes, que duraram cerca de quatro anos, os pesquisadores da UCS conseguiram identificar a eficiência do gás, óleo e char, além de mapear os efeitos do uso desses produtos no meio ambiente. No final de janeiro de 2025, a Fepam anunciou a liberação da licença de operações para a Recicla Mais operar.

Dessa forma, desde janeiro a empresa de Gravataí transforma os pneus recolhidos em cidades gaúchas, incluindo municípios da Serra, no óleo e char, vendidos para outras indústrias e no gás, que é utilizado para aquecer o próprio reator que faz a transformação.

Em Taquara, a empresa Ambiente Verde, que atua no reaproveitamento de resíduos da indústria calçadista, também recebeu suporte da UCS para obter a licença de operação e transformar polímeros em char e óleo. A companhia está em operação desde novembro do ano passado.

— Além de um grande ganho para o estado, as licenças de operação, inéditas no Rio Grande do Sul, também significam mais atuações sustentáveis na indústria. Só em Gravataí, são cinco toneladas de pneus, por dia, retirados no ambiente e transformados em novos produtos.

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