
Reencontro entre amigos, conversas, busca por orientações com monitores e aquele "até logo" aos pais. Esse era o clima entre os estudantes da Escola Alexandre Zattera, em Caxias do Sul, nessa manhã de quinta-feira (13), primeiro dia de aula na rede estadual.
Ao mesmo tempo, outras 216 escolas da Serra dão o pontapé inicial ao ano letivo, atendendo a cerca de 71,3 mil estudantes em 48 municípios, entre eles Caxias, Bento Gonçalves e Vacaria, que são sedes das coordenadorias regionais de educação (CREs).
Perto das 7h, os alunos do Zattera eram recepcionados pelos colaboradores da instituição, localizada no bairro Desvio Rizzo — uma das 58 estaduais da cidade. Este ano, a unidade conta com 840 matriculados entre os turnos da manhã, tarde e noite, e ensinos fundamental e médio.
Em filas, os estudantes receberam boas-vindas e foram alertados de que alguns espaços da escola ainda estão em obras e, portanto, é preciso cuidado e paciência a pisos faltando, faltas de luz pontuais, poeira e materiais de construção.
A estrutura recebe reforma nas instalações elétricas, novas coberturas, adequação do esgoto pluvial, criação de novas salas, além da recuperação do piso da quadra de esportes e pintura interna do hall de entrada. A previsão de entrega dos reparos estava vinculada ao dia da retomada dos estudos.
No portão de entrada, a vendedora Denise Grassi assistia com atenção a filha, Isadora Grassi, 11 anos, posicionada em fila para ser encaminhada às salas de aula. A menina irá frequentar o sexto ano.
— Ela está adorando e a gente também fica feliz do retorno das aulas, e entrada pelo portão principal, já que antes eles tinham aula no ginásio. Agora está tudo se encaminhando — relata a mãe.
O vigilante Márcio Alexander Neres, pai do estudante Felipe da Silva Neres, 14, tem opinião semelhante:
— As modificações, que eu dei uma olhada, ficaram boas, está bem melhor do que no ano passado. Nem tinha condições de dar aula.
O menino está matriculado no 9° ano e estuda no Alexandre Zattera desde o primeiro.
A diretora Maria Elisa Goulart Chagas, que completa um ano à frente da instituição neste mês, disse que a expectativa é grande para bater metas de ensino em 2025, após um ano voltado às etapas complexas das obras, que exigiram remanejo das aulas ao ginásio, por exemplo.
— É um momento de gratidão, tive o privilégio de estar na direção quando isso (reformas) aconteceu, mas sempre digo que é uma luta de muitas pessoas, a comunidade toda abraçou a escola. É uma luta que vem há 20 anos — define a gestora.
Para a climatização dos espaços, especialmente em dias quentes, Maria Elisa revela que o local conta com ventiladores funcionando em todas as salas, exceto as que receberam reformas, e ar-condicionado em alguns setores:
— Nós ainda temos salas que foram totalmente reformadas, que não houve tempo de colocar ventiladores. Fizemos uma parceria com a Justiça Federal para alguns ventiladores e vamos colocar novos. (Também), temos protocolada uma emenda parlamentar para ar-condicionado em todas as salas. O pedido está no Ministério da Educação.
No Cristóvão, também aulas em meio a obras
No Instituto Cristóvão de Mendoza, a recepção contou com trilha sonora por um DJ e distribuição de pipoca e algodão doce. Nessa manhã, 19 turmas, do fundamental ao médio, estiveram em aula, de acordo com a diretora, Cristina Boeira Fabris. Ainda recebendo matrículas, a escola conta com 820 estudantes para 2025.
O local ainda deve ficar em obras por um bom tempo. São duas etapas, sendo que a primeira, a qual inclui as reformas do ginásio e do auditório, está 90% concluída e será entregue em abril.
A segunda, por sua vez, envolve salas de aula, laboratório de informática, administração, direção, bibliotecas e sala de ensaio da banda marcial. A previsão desses trabalhos, iniciados em agosto, é de ao menos 20 meses. Ao todo, o investimento do Estado é de R$ 20,1 milhões.
Para que a revitalização prossiga, nem todos os espaços estarão disponíveis aos estudantes, de acordo com a diretora.
— Por exemplo, estamos tendo o recreio na frente da escola, nós tivemos que tirar o estacionamento dos professores. Estamos reorganizando os espaços para que eles possam ter todas as atividades — garante Cristina, que assumiu a gestão do instituto em janeiro.
Ela explica, ainda, que em razão dos reparos na rede elétrica, não é possível contar com aparelhos de ar-condicionado na escola.
— Pós-reforma teremos tudo isso. Entendemos a movimentação, mas também sabemos que nosso aluno, quanto mais fica em casa, às vezes ele não tem alimentação, não tem o nosso acompanhamento — reflete.
Restrição do uso do celular
A diretora do Cristóvão explica que, neste primeiro momento, o cumprimento da nova lei federal que restringe o uso de celulares nas escolas terá caráter orientativo.
Em linhas gerais, a legislação veda a utilização dos smartphones durante aulas, recreios e intervalos em todas as etapas da educação básica — pré-escola, fundamental e médio — em instituições de ensino particulares e públicas. A exceção se aplica ao uso dos dispositivos para fins pedagógicos ou em situações de emergência, necessidade de saúde ou força maior.
— Vamos conversar muito com eles, queremos que entendam que o celular é uma ferramenta pedagógica, fora disso, não tem que ser utilizado — defende Cristina Boeira.
No Zattera, a diretora Maria Elisa Goulart Chagas conta que, ainda no ano passado, foram adquiridos recipientes para armazenamento dos celulares de alunos, entretanto, a ferramenta ainda não foi instalada.
Veja o que dizem as responsáveis pelas coordenadorias regionais de educação (CREs) sobre o assunto:
- 4ª CRE, em Caxias, Viviani Devalle: "Primeiramente orientar os alunos e a comunidade escolar sobre essa nova legislação, já amplamente divulgada".
- 16ª CRE, em Bento Gonçalves, Iraci Vasques: "Quanto o uso do celular, vamos respeitar a lei. Os diretores orientarão os pais e os profissionais deverão dar o exemplo, não usar o celular".
- 23ª CRE, em Vacaria, Gilvana Baldin: "A orientação é seguir a legislação. Temos que cumprir, conversar com os pais, orientar os alunos. A escola tem autonomia para fazer essas estratégias".
Três dias de adiamento
O calendário original da Secretaria de Educação previa a volta às aulas para a segunda-feira (10). No entanto, o Cpers, sindicato que representa os professores, obteve liminar na Justiça no domingo (9) que suspendia as aulas até o dia 17. O sindicato argumentou que o calor intenso prejudicaria o retorno do ano letivo. O governo recorreu da decisão e, nesta terça (11), conseguiu decisão favorável que permite a reabertura das escolas.