A secretaria municipal de Trânsito de Caxias do Sul decidiu abrir um novo processo de licitação para contratar a recuperação da pista do aeroporto Hugo Cantergiani. A pasta avaliava também a possibilidade de contratação direta da obra. A previsão é de que o novo edital seja publicado nos próximos dias. No primeiro certame, as três empresas que demonstraram interesse foram desclassificadas por não cumprirem os requisitos técnicos ou extrapolarem o orçamento.
O valor máximo determinado para o trabalho era de R$ 5.959.685,94. Dentre as concorrentes, a Vivacom Comércio e Serviços Ltda, com sede no Rio de Janeiro, e a gaúcha Toniolo, Busnello SA, apresentaram propostas dentro do valor orçado, mas não comprovaram a capacidade técnica para a execução. Já a Traçado Construções e Serviços Ltda, também do Rio Grande do Sul, solicitou cerca de R$ 9 milhões e acabou desclassificada. As propostas foram conhecidas no dia 2 de outubro.
De acordo com o secretário de Trânsito de Caxias, Alfonso Willembring, a definição de qual procedimento adotar na segunda tentativa dependia da publicação da tabela de outubro da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O órgão federal fiscaliza o mercado e os preços de derivados do petróleo, caso de insumos utilizados em pavimentações.
— Ontem (terça) foi publicada a tabela e atualizamos o orçamento, que vai ter uma variação de 20% a 30% — explica.
A decisão de abrir uma nova licitação, que exige prazo maior, também se deve à demonstração de interesse de ao menos uma empresa que não participou do primeiro certame. Dessa forma, ela poderá apresentar propostas junto das outras participantes.
Critérios rigorosos e material específico
Segundo Willembring, a análise de capacidades técnicas tem sido rigorosa para evitar qualquer risco de que as obras paralisem as atividades do aeroporto. O terminal tem voos das 6h30min até próximo das 20h. O horário noturno, portanto, é o intervalo possível para o trabalho das equipes e a pista precisa estar em condições operacionais no dia seguinte. Por conta disso, todo o maquinário deverá ter uma segunda unidade reserva para o caso de defeito, o que encarece a obra. Além disso, o canteiro de trabalho precisa ser montado e desmontado diariamente.
O projeto prevê a remoção da camada asfáltica de oito metros para cada lado a partir do eixo central de todos os 1.940 metros de pista. A área totaliza 36,6 mil metros quadrados. Em seguida será aplicado um novo pavimento de cinco centímetros de espessura. O material tem características próprias para a operação de aeronaves, como mistura de polímeros. Não será necessário recuperar a base da pista.
O recapeamento tem duração prevista de quatro meses e vai ocorrer inclusive em uma área da pista atualmente não homologada para uso. A consultoria contratada pelo município para planejar melhorias no aeroporto estuda a possibilidade de utilizar o trecho de cerca de 230 metros para decolagens. Para isso, é preciso homologação por parte da Anac, que deve ser solicitada após as obras. A utilização dessa extensão para pousos não é possível devido à existência de obstáculos.