Impulsionado pelo comércio, o Halloween ou Dia das Bruxas se populariza a cada ano que passa no país. A temática, trabalhada com mais frequência no passado em escolas e aulas de Inglês, se expande há alguns anos para festas à fantasia, decorações residenciais e até incentiva crianças que, repetindo o que assistem em filmes, batem na porta de vizinhos à procura de doces.
Mas não são todos que concordam com a celebração. Comemorado no dia 31 de outubro, próxima quinta-feira, às vésperas do Dia dos Finados, o Halloween tem como símbolos fantasmas, bruxas e caveiras. Temas que para uma família cristã evangélica, como a da autônoma Bianca dos Santos, 32 anos, não deveriam ser celebrados.
— O Halloween é referente a trevas e incentiva as crianças a fazerem coisas que vão contra o que a Bíblia diz. Não incentivamos que nossas crianças se fantasiem, por exemplo — opina.
No entanto e para sua surpresa, o filho de dez anos foi, segundo ela, orientado pela professora de Artes da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Fermino Ferronatto, a fazer um trabalho, em grupo, sobre o Halloween:
— Como somos evangélicos, não compactuamos. Não deveria ser obrigado, deveria ter outra opção. Meu filho menor (de quatro anos) vai numa escolinha particular cristã e que, ao invés de Halloween, vai fazer a festa do dia das cores porque não querem que as crianças se fantasiem de bruxas.
A direção da escola preferiu não se manifestar. Já a Secretaria Municipal de Educação (Smed), por meio da diretora, Carla Sasset, disse que as escolas do município não estão proibidas de trabalhar a temática, assim como não há obrigatoriedade de participação dos alunos dos quais as famílias não concordem com o que é abordado.
— Trabalhamos na língua inglesa e nos anos iniciais com temáticas festivas e culturais. É uma coisa lúdica, alusiva não só à data, mas a personagens infantis. É o mundo da fantasia, não se entra em questões religiosas. Mas quando os pais manifestam contrariedade são totalmente respeitados e a criança pode fazer outra atividade. Não há uma obrigatoriedade, mas isso não impede que se proporcione para a turma conhecimentos acerca do Halloween.
Ainda de acordo com ela, foram as próprias crianças que solicitaram que o tema fosse trabalhado na Fermino Ferronatto. Sobre os alunos irem fantasiados, a diretora da Smed também diz não haver problema desde que “haja um objetivo e um propósito desenvolvido pela escola”, e comparou a data à Semana Farroupilha, quando foram à caráter alunos que cultuam a tradição gaúcha.
— Entendo as manifestações como culminância de um trabalho desenvolvido durante os dias que antecedem a data. As crianças solicitaram que fosse trabalhado um tema contemporâneo e de acordo com o mês. Acompanho os bilhetes que vão para casa nesses momentos e não há nada de obrigatoriedade. É como na Semana Farroupilha, quem não tem bombacha ou vestido de prenda, não é obrigada a ir vestido dessa forma.