O município de Pinto Bandeira, na Serra, é o maior produtor de pêssego de mesa do Rio Grande do Sul. Nesta época se vê um cenário lindo dos pessegueiros floridos, mas esse também é um momento de preocupação, afinal, ainda é inverno e eventuais temperaturas baixas e possibilidade de geada podem prejudicar a safra. A estimativa do município é colher entre 18 mil e 20 mil toneladas da fruta.
Gilmar Pagno é um dos produtores da fruta e, neste ano, diz que a poda nos pessegueiros está quase atrasada:
— Não sei quanta geada ainda vem, mas se as temperaturas forem muito baixas, até 0°C, aí complica a produção. Mas a natureza está aí e não podemos mudar nada. Temos que trabalhar e se acostumar com o clima, tocar o barco para frente, não tem outra maneira.
Os pessegueiros entram no período de dormência durante o inverno, é como se fosse uma resistência ao frio e à geada. Em junho, as variedades precoces começam a florescer. Já em julho e agosto, é a vez das variedades médias e tardias.
— A gente vai poder observar as diferentes fases da floração do pessegueiro com a flor totalmente aberta. Depois ela vai avançando, perdendo as pétalas e, ao final, quando cai toda a estrutura, é o momento em que a gente tem a maior sensibilidade da cultura a danos e perdas por geada — explica Alexandre de Oliveira Frozza, extensionista rural da Emater.
— A partir deste momento de final de floração, a gente já pode visualizar o fruto bem pequeno e acaba sendo o momento de maior risco, por geada, esse período dura geralmente três semanas. Então, é um momento em que os produtores ficam bem atentos às condições climáticas. Em algumas situações se consegue fazer a aplicação de adubos foliares. Alguns produtores investem em sistemas antigeada — acrescenta Alexandre Frozza.
— Apesar do clima, a planta está vindo bem com a floração, está bonita. Eu acredito que vai ter um pouco de perda por causa do frio, mas os pêssegos mais do tardio ou da metade em diante, a floração está bonita, o que indica uma boa safra — acredita o agricultor Claudiomar Odorcik.
O produtor espera colher cerca de 200 toneladas nesta safra. Ele cultiva pêssegos em Pinto Bandeira há mais de 20 anos e, para lidar melhor com as mudanças do clima, investiu em cultivo coberto.
— A cobertura faz umas quatro a cincos safras que a gente tem. Fica uma planta mais sadia, com menos doença, por isso a gente consegue economizar em tratamentos. Hoje em dia o tratamento tem um custo bem considerável. Então, com a cobertura, a gente teve uma melhora e com um custo mais baixo — finaliza Odorcik.
Valor do pêssego de mesa na Ceasa Serra
De acordo com o diretor da Ceasa Serra, Alceu Thomé, na última safra, o preço médio do quilo do pêssego de mesa ficou em torno de R$ 5, mas o valor oscilava conforme a qualidade da fruta, no entanto, o diretor afirmou que ainda não é possível mensurar qual será o preço na nova remessa que virá.
— Não tem ainda uma estimativa de quanto vai ser esse pêssego que vai ser entregue na Ceasa. Agora está em uma qualidade precoce, que ela já está florada, já está com pequeno caroço, mas eu acho que ainda demora, pelo menos, um mês ou dois para ser produzido aqui na região. Então, por enquanto, só temos o importado — explicou Alceu.
Na Ceasa Serra, o pêssego importado, que vem da Espanha e Portugal, está no valor de atacado de R$ 160 a caixa de 8kg. Porém, Alceu diz que a maioria dos supermercados não compra o produto para revender ao consumidor final devido ao alto custo.
— Está bastante alto para gente comer normal, principalmente para o pessoal de menos condições, porque o preço é um pouco exorbitante. Mas eu acredito que nos pequenos mercados ainda não exista esse preço, provavelmente, só nos mercados mais sofisticados — comenta o diretor da Ceasa Serra.
Em 2023, o preço médio do quilo do pêssego nacional ficou em R$ 7,38, mas de acordo com o diretor da Ceasa Serra, Alceu Thomé, ainda não é possível mensurar qual será o preço em 2024.