Amado por uns, odiado por outros, o horário de verão voltou a ser tema no Brasil, já que o governo federal estuda a possibilidade de reimplantar o modelo. A possibilidade também repercute nas entidades de Caxias do Sul. Os segmentos de entretenimento e lazer preferem o retorno, já que o dia mais amplo e o calor aumentam o desejo das pessoas de curtir por mais tempo além do horário habitual. Por outro lado, o produtor rural costuma sofrer mais, já que o calor intenso na hora de trabalhar na lavoura prejudica a rotina.
A medida foi extinta em 2019, na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, com alegação de pouca efetividade na economia energética. O governo federal estuda o tema, já que Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável por controlar as operações de geração e transmissão de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN), deu parecer recomendando o retorno. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, durante uma reunião com a ONS, no dia 19 de setembro, afirmou que o governo federal deve tomar a decisão em breve, medida que entraria em vigor ainda em 2024.
Conforme pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), uma fatia da população é a favor. Em consulta com 3 mil brasileiros, 54,9% disseram que são favoráveis ao adiantamento dos relógios. Na região Sul do Brasil, para 51,8%, a mudança do horário é benéfica para o comércio e serviços, como lojas, bares e restaurantes. A pesquisa revela ainda que, para 41,7% dos entrevistados, a cidade onde residem se torna mais atrativa para o turismo quando o horário de verão está vigorando.
Em Caxias do Sul, segunda maior cidade do RS, o Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria Região Uva e Vinho (Segh) fez uma consulta com os empresários associados e percebeu que há uma divisão nas opiniões. Conforme nota enviada pela assessoria "mais de 45% dos empresários de Caxias do Sul são favoráveis ao retorno, esses na sua maioria empresas ligadas a bares e gastronomia. Para os favoráveis, a alegação é a possibilidade de receber mais clientes no happy hour, ativar novas programações".
Contudo, segundo a mesma nota, os empresários que são contrários têm a preocupação relacionada ao horários de expediente das equipes e de fechamento das casas, já que a tendência é que as pessoas saiam para jantar mais tarde, após o sol se pôr. A pesquisa também apontou em torno de 9% das empresas consideram o tema indiferente.
Produtor rural contrário
Já a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Caxias do Sul, Benardete Boniatti Onsi, relata que o produtor rural costuma ser contra o horário de verão.
— Muda a rotina do produtor. Tem que levantar mais cedo, depois trabalhar no sol escaldante. Alguns produtores têm funcionários e não conseguem aproveitar o horário mais fresco, têm que cumprir horário durante o dia e acabam sendo prejudicados pelo sol — afirma Benardete.
Ela explica que os produtos em si seguem o horário do sol, por isso não sofrem interferências. Por exemplo, em pomares, a fruta já tem o ciclo normal independentemente do horário. Porém, o produtor, no horário das 11h às 15h, costuma ter atividades nessas plantações e sofre com o calor intenso na hora do manejo.
Benardete salienta que, fora do horário de verão, o produtor planeja-se para trabalhar em períodos que não sejam tão prejudiciais e facilitam o deslocamento para compromissos. Contudo, esse planejamento fica prejudicado durante o horário de verão.