Em um ato de protesto que chamou a atenção para o atual cenário político da Venezuela, manifestantes oriundos do país vizinho e que residem na Serra ocuparam o Monumento Nacional ao Imigrante, em Caxias do Sul, neste domingo (28). O ato é uma declaração contra o presidente Nicolás Maduro, 61 anos, que o grupo acusa de autoritarismo e repressão.
A atividade começou por volta das 14h e ocorreu em outras 29 cidades de todo o país. A organização começou há algumas semanas e o domingo foi escolhido em razão de ser o dia das Eleições no país vizinho. No ato de Caxias, os venezuelanos protestaram ao redor do monumento, um símbolo significativo da imigração europeia na região, e pediram melhores condições para a Venezuela com uma mudança no governo e a restauração da democracia no país.
— Nós saímos da Venezuela por causa dele (Maduro) e estamos há seis anos morando aqui no Brasil. Estamos torcendo para esta mudança no governo porque a gente está querendo voltar. Sentimos saudade da nossa família, de todo mundo, e por isso nos reunimos aqui — diz a venezuelana Bianca Gusman, 20 anos.
A situação política na Venezuela tem sido uma questão de crescente preocupação internacional. O governo de Nicolás Maduro enfrenta críticas severas pela condução do país e pela maneira como lida com a oposição política, gerando uma crise humanitária e econômica que tem forçado milhões de venezuelanos a buscar refúgio fora do país.
— Temos muita esperança de voltar, porque lá é a nossa casa. O Brasil é o melhor país do mundo, acolheu a gente muito bem, mas lá é a nossa casa e nós estamos com saudade. Podemos dizer hoje que o Brasil é a nossa segunda casa, mas queremos que a Venezuela melhore para que nós possamos voltar — reforça Sergio Peres, 30 anos.
Durante a manifestação, a Guarda Municipal de Caxias do Sul foi mobilizada para monitorar e garantir a segurança de todos. Mesmo debaixo de chuva, os protestantes estiveram firmes no ato, que terminou por volta das 18h.
— Eu saí de lá há quatro anos. A Venezuela estava muito ruim para estudar, para comprar comida. Eu estudava medicina e não consegui terminar porque não dava mais para estudar. Quero voltar para o meu país, porque sinto saudade, saudade da minha família. Aqui é muito bom de morar, mas não é como a casa da gente, não tem toda a nossa família — acrescenta Andrea Fuentes, 23 anos.
Eleições na Venezuela
A eleição deste domingo (28) na Venezuela é a mais desafiadora para o chavismo em 25 anos. O eleito, entre Nicolás Maduro ou o opositor Edmundo González, vai governar o país sul-americano entre 2025 e 2031.
Cerca de 21 milhões de venezuelanos participam da votação. Maduro está no poder desde 2013. Esta é a eleição mais importante dos últimos 25 anos. Pela primeira vez em 11 anos, a oposição vai para disputa unida, e com chances de vencer.
O momento em que ela esteve mais perto de vencer o chavismo foi em 2013, logo após a morte de Hugo Chávez. Maduro, então vice-presidente, venceu apertado Henrique Capriles, por 50% a 49%.
Em 2018, a estratégia da oposição de boicotar a votação foi um desastre e resultou na reeleição de Maduro por ampla margem. Agora, os opositores fecharam questão com qualquer candidatura que fosse capaz de derrotar o chavismo.