Cerca de 290 jovens vivem em abrigos ou casas lares em Caxias do Sul. São crianças e adolescentes que estão longe do convívio familiar. Mas graças à ajuda de programas sociais e iniciativas de empresas que criam oportunidades de trabalho, muitas destas pessoas ganham uma esperança para começar a construir um futuro profissional e sonhar com a independência financeira.
Conforme dados da Fundação de Assistência Social (FAS), 49 jovens estão em abrigos em Caxias do Sul, além de 107 em casas lares e um em família acolhedora. Desses, 41 já trabalham em diversas empresas do município. Além disso, o projeto Mão Amiga tem outros 136 acolhidos em casas lares e abrigos, sendo que 27 deles integram programas de jovem aprendiz ou estágio.
Para eles, ingressar no mercado de trabalho é a grande chance de transformação na vida. Isso porque, pela legislação, precisam deixar as casas de apoio quando completarem 18 anos de idade. Por isso, já começam a se preparar em projetos de profissionalização a partir dos 14 anos de idade.
Entre esses jovem que aproveitaram a chance de ingressar no mercado de trabalho e ter uma nova vida está o assistente administrativo da Unimed Nordeste-RS Kauã Castilhos. Aos 19 anos, já trabalha há dois na cooperativa da área da saúde. Nascido em Caxias do Sul, precisou ir morar no abrigo Recanto Amigo, no bairro Kayser, quando tinha 13 anos, em virtude da situação financeira da família. Após um período, se mudou para uma casa lar, também mantida pelo Mão Amiga. Enquanto residiu nestas casas durante a adolescência, teve a oportunidade de conhecer muitos lugares e de participar de eventos de caridade.
— Eu fui conhecer a praia, viajei bastante, fiz muitos cursos e, com 14 anos, comecei a fazer Senai. Eu tenho ainda contato com a minha avó materna e sempre digo a ela que se eu não tivesse morado no abrigo eu não teria as oportunidades que tenho hoje. Eu não tinha ideia que o abrigo iria me proporcionar tantas coisas -afirma Castilhos.
Atualmente, mora em uma instituição do projeto, que é similar a uma pensão. No local, divide o espaço e os custos com outros jovens. Ainda não pensa em procurar uma nova casa, mas continua estudando e busca crescer profissionalmente dentro da Unimed.
Quem acompanha de perto o trabalho de Castilhos e de outros profissionais é a supervisora de Gestão de Pessoas da Unimed Nordeste-RS, Rochele Sonego. Ela destaca que o programa Jovem Aprendiz auxilia na formação profissional e pessoal do abrigado. No mês de fevereiro, a empresa tinha 70 jovens contratados e, segundo Rochele, a intenção da cooperativa médica é ampliar o quadro de funcionários deste perfil.
— Eles trabalham em vários setores, desde a recepção, financeiro, almoxarifado, até a gestão de pessoas, sempre na área administrativa. Então, a gente acolhe e gosta muito, porque temos contato com essa geração mais nova. Ensinamos eles e conseguimos aprender também com isso. Entendemos que dessa forma a Unimed contribui com a comunidade e como um todo — ressalta a supervisora.
Na maioria das vezes, os jovens aprendizes são contratados quando acaba o período do programa. Quando isso não ocorre, por não haver eventualmente alguma vaga ou por outro motivo, eles são reencaminhados para o mercado de trabalho com uma carga de experiência maior, que os auxilia a conseguir uma nova oportunidade.
Trabalho na juventude
Desde 1943, a lei brasileira define as diretrizes do trabalho na juventude. Na época, o Brasil era essencialmente agrícola e os filhos de produtores precisaram aprender a trabalhar na indústria, portanto, instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) foram criadas para fornecer essa aprendizagem. Segundo a auditora fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Denise Brambilla, Caxias do Sul foi o terceiro município do país a implantar o curso profissionalizante na indústria.
No ano de 2009, a portaria 3.872 regulamentou a situação de vulnerabilidade dos jovens, permitindo que, além dos filhos de funcionários da empresa, outros adolescentes e adultos pudessem ter uma oportunidade como jovem aprendiz. A auditora destacou que o trabalho é um trampolim para o acesso à educação e aos demais conceitos básicos da vida de uma pessoa.
— A saúde, família, espiritualidade e o trabalho são a essência. O trabalho, principalmente na nossa região, ele dignifica. O trabalho decente e com uma qualificação de mão de obra garantem que o adolescente continue estudando, coloca ele nos trilhos, porque o tempo dele vai ser preenchido com algo bom e será um trampolim para a universidade — afirma Denise.
Pela legislação, as empresas de médio e grande porte precisam ter uma cota de 5% a 15% de jovens e devem preencher esses dados no site E-social. Por ali, o Ministério do Trabalho e Emprego fiscaliza as empresas e evita eventuais casos de trabalho infantil. O MTE contabilizou em fevereiro deste ano que estavam abertas 4.304 vagas para jovens aprendizes, sendo que, dessas, 2.943 estavam preenchidas, ou seja, sobraram 1.361 postos.
A auditora explica que esta sobra é normal no período de final de ano, em virtude das férias e do encerramento de contratos, mas, a partir de março, costuma-se ter um maior número de vagas preenchidas nas empresas caxienses.
No caso da fiscalização, a ação do MTE nas empresas geralmente acontece quando há uma denúncia e são raros os casos, segundo Denise. Além desse trabalho, o ministério auxilia na construção de políticas públicas por meio de fóruns nacionais, estaduais e regionais.
Senac garante as capacitações
O programa nacional Jovem Aprendiz, em Caxias do Sul, é executado em diversas instituições formadoras, dentre elas o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Os jovens com idades entre 14 e 24 anos, desde 2003, têm cursos profissionalizantes disponíveis no contraturno da escola de educação regular. Atualmente, são quatro capacitações oferecidas: três delas são direcionadas para vendas, repositor de mercadorias em supermercado e assistente administrativo.
O quarto curso abrange vagas para os segmentos de comércio, bens, serviços e turismo. O Senac de Caxias, além de atender jovens em situação de vulnerabilidade social da comunidade em geral, tem o programa Ser Jovem Cidadão, que atende jovens que moram em casas lares, abrigos e residências inclusivas para pessoas com deficiência. Em parceria com a FAS, o Senac reuniu moradores de sete casas de Caxias e abriu turmas com tamanhos menores e um plano pedagógico adaptado para a realidade dos alunos.
— Começaram em abril do ano passado, e, neste ano, em abril, vamos ter a primeira formatura na área administrativa. A turma começou introspectiva, carente de afeto, mas com o tempo os alunos foram desenvolvendo as habilidades, comunicação, independência, ampliando a rede de contatos com as empresas e interagindo com outras turmas. A evolução deles é nítida e muito importante para o mercado de trabalho de Caxias- conta a coordenadora da aprendizagem do Senac Caxias, Danielle Ferronato.
O Senac atende anualmente entre 700 e mil jovens que são encaminhados para as empresas ainda quando são menores de idade e, dependendo do próprio desempenho, são contratados aos 18 anos com carteira assinada. A inserção no programa Jovem Aprendiz é feita direto no Senac, por telefone ou pessoalmente.
A rede de apoio a esses jovens que moram em abrigo, casas lares, casas de passagens, residências inclusivas, entre outras que recebem os desacolhidos pelas famílias de origem, está focada na inserção do jovem no mercado de trabalho e em uma família. A presidente da FAS, Geórgia Ramos Tomasi, ressalta a importância de a criança e o adolescente terem acesso a educação e profissionalização:
— A política nacional de aprendizagem colabora com a redução dos índices de exploração do trabalho infantil e com o aumento da escolaridade e capacitação da população de adolescentes e jovens na nossa sociedade. A rede de proteção socioassistencial está apostando cada vez mais no trabalho e reforço da capacidade das próprias famílias poderem exercer o cuidado das nossas crianças e adolescentes. Estamos investindo no serviço de família acolhedora e percebemos também que as destituições dos poderes familiares e adoções vêm crescendo bastante nos últimos meses — comenta Geórgia.
A presidente reforça que esse trabalho de reinserção dos jovens é feito em conjunto com a comunidade de Caxias, Juizado da Infância e Juventude, Ministério Público, Defensoria Pública, prefeitura, FAS e Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comdica). Uma rede de apoio, que, na visão de Geórgia, garante segurança aos jovens na busca pelas melhores escolhas para a vida adulta.
Acolhimento e preparação
Em Caxias do Sul, as crianças e adolescentes têm duas possibilidades de acolhimento, por meio da FAS e do projeto Mão Amiga. Na FAS existem três abrigos institucionais com capacidade para 20 crianças e adolescentes cada, totalizando 60 vagas. Além de 15 unidades residenciais de casas lares, totalizando 144 vagas. No momento, de acordo com a diretora de Proteção Social Especial da FAS, Franciele Roso, 154 pessoas estão em acolhimento. Ela explica que a prioridade é a reintegração familiar:
— Dependendo do processo judicial, em alguns casos, quando não há essa possibilidade, investimos na família extensa, que são tios, primos, avós e, por fim, se não for identificada possibilidade de retorno, sugerimos a destituição do poder familiar. Quando o processo se encerra é que é feita a colocação em família substituta. Quando o adolescente chega aos 14 anos, por meio do projeto Ser +, os jovens começam a ser preparados para a saída das unidades de acolhimento — detalha Franciele.
Na FAS, há uma equipe de voluntários que trabalham, de forma coletiva, temas relacionados a educação financeira, currículo, postura, mentorias individuais, planejamento com o projeto de vida profissional e pessoal, entre outros assuntos. No ano passado, foram 65 retornos para as famílias de origem, 54 adoções e 31 retornos para famílias extensas. Outros 25 jovens foram desacolhidos ao fazerem 18 anos, sendo que parte deles tinha processo de destituição familiar finalizado, mas não foi localizado uma família substituta ou adotiva.
A FAS também mantém parceria com o projeto Mão Amiga. O programa se inscreve anualmente em editais para receber recursos e manter as 15 casas que mantém. Os valores são usados para pagamento de despesas como transporte e alimentos. Os demais custos são mantidos pelo Mão Amiga com auxilio de doações da comunidade. As casas são divididas em lotes. Cada lote tem uma sede administrativa, e mais três casas de acolhimento, totalizando 12. Além do Abrigo Recanto Amigo, que é uma única sede, e as três Residências Inclusivas.
De acordo com a coordenadora dos abrigos do Mão Amiga, Maria Lúcia Bettega, os acolhidos estão em situação semelhante aos que são encaminhados para a FAS. Ou seja, todos vivem fora do convívio familiar, têm entre zero e 18 anos. Ali, os jovens também recebem preparação para a vida adulta, o que inclui a inserção no mercado de trabalho.
— A partir dos 14 anos, todos já são inseridos no Jovem Aprendiz, e, até os 21, têm a possibilidade de morar em casas do Mão Amiga. Eles têm uma planilha de educação financeira, onde 30% do valor que recebem é destinado para o uso pessoal. No final de cada mês, os jovens prestam contas do que compraram com o valor, como roupas ou lanches. Os outros 70% vão para uma poupança, e, assim, quando chegarem aos 18, têm dinheiro guardado — explica Maria Lucia.
Atualmente, as casas do Mão Amiga têm 136 pessoas acolhidas.
"Sonho em ser policial ou advogado"
Um dos moradores da Residência Inclusiva Santa Clara é um jovem sonhador. Entre os planos para o futuro, Carlos (nome fictício, a pedido da instituição) projeta ser policial ou advogado. Atualmente no 2º ano do Ensino Médio, trabalha há pouco tempo na rede se postos de combustível SIM. Até o mês de fevereiro ele foi estagiário na Fundação de Assistência Social (FAS). O intuito é guardar dinheiro para se sustentar e ingressar em uma faculdade.
A rotina dele é acordar cedo, ir pra escola, trabalhar à tarde e ir para a academia de noite. O jovem nasceu em Caxias, oriundo de uma família que veio de outra localidade em busca de oportunidades melhores. Mora em abrigos do município desde os nove anos de idade. Aos 15, começou a trabalhar como empacotador de um mercado e, aos 16, ingressou na FAS em serviços administrativos.
A contratação na forma de estágio na FAS veio por intermédio do Senac, onde cursou capacitações. Ele divide 15 dias do mês no Senac fazendo cursos e os outros 15 dias são dedicados ao serviço. Para o jovem, trabalhar significa uma mudança de vida. Acredita que desenvolve a mente e o corpo, além de tirá-lo das ruas. Ele relembra sobre o trabalho na fundação:
— Não conseguia ficar parado, estava sempre procurando trabalho. Eu carimbava papéis e ajudava na parte administrativa. Cada dia fazia uma coisa diferente, preenchia documentos, entregando eles em outras unidades e, quando tinha dúvidas, pedia para a minha chefe, porque nem sempre é fácil — disse o jovem.
Desde abril de 2023, logo após completar 18 anos, Carlos se mudou para a Residência Inclusiva Santa Clara De Assis, pertencente ao Mão Amiga, localizada no bairro Exposição. A família dele mora em Caxias, mas para que ele tenha mais condições de atendimento e benefícios, decidiu em conjunto com a equipe da residência inclusiva que ficar ali era a melhor opção.
Sobre a atividade de Carlos na FAS, a monitora era Janine De Biasi, que deliberava as funções e o orientava quando necessário. Janine acredita que o trabalho é uma forma de dar autonomia ao rapaz e aprendizado a ela como servidora.
— Trabalhar com ele foi uma troca gratificante. Ele é um jovem muito proativo, se sentia muito pertencente a aquele espaço. Gostava de se sentir útil, então pedia trabalho para outros colegas também. O meu papel é também de convivência e de entender como é que ele está se sentindo naquele espaço, tirar dúvidas e de ser colega também — explica Janine.
Na residência inclusiva, o jovem fica aos cuidados da equipe que é coordenada por Gianelli da Silva de Campos. Esse projeto é referência no Estado, sendo que as casas aceitam pessoas com idades entre 18 e 59 anos, todas com diagnósticos de doenças. Elas são atendidas pela FAS e não têm condições de morar com a família devido a limitações ou a situações de vulnerabilidade social dos familiares, além de questões judiciais.
Há três residências na cidade, com 10 moradores em cada e 45 funcionários multidisciplinares atendendo. Gianelli explica que o Mão Amiga custeia parte dos serviços oferecidos e o poder público, por meio de um edital, paga alimentação, folha salarial dos funcionários e transporte, entre outros itens. A FAS também faz o controle de quem pode ou não morar na casa. Além do cadastro de outras pessoas na lista de espera por uma vaga. Atualmente, há uma demanda reprimida, mas não há projeto para abertura de uma nova residência.
— Tem outros municípios que vêm visitar a gente e oferecem de comprar uma vaga. Nós não vendemos, não controlamos, mas precisamos de mais espaços como esse para atender às pessoas e fazer um trabalho humanizado de desenvolvimento. Muitos entram aqui com diversas limitações e evoluem com o tempo, voltando a comer sozinhos, a andar. Enfim, é um ambiente preparado para atender as necessidades deles — explica Gianelli.
Oportunidades que mudam vidas
Além dos abrigos, há casas de passagens que servem para acolhimento de jovens e adultos em situação de vulnerabilidade. Willian Ricardo da Silva Santos, 25, e Isabella Prado, 22, atualmente trabalham no Fort Atacadista de Caxias e já moraram nestas residências temporárias até que a situação financeira foi ressignificada pela profissão de operador de caixa.
Santos nasceu em Sergipe e veio para Caxias com 24 anos. Desde os 13, morou sozinho e trabalhava no estado nordestino. Conta que sempre teve pouco vínculo familiar e dificuldade social. Por isso, ao ouvir conselhos de amigos que migraram para a Caxias do Sul, resolveu buscar o mesmo destino. Organizou-se para pagar uma quitinete e, com dinheiro suficiente para passar apenas o período de um mês, viajou para o Rio Grande do Sul para tentar a sorte.
— Eu tinha 30 dias para achar um lugar para morar e encontrar um trabalho. Mas, quando pisei aqui na rodoviária, fui roubado. Levaram minhas malas, meu celular e meu dinheiro — relembra Santos.
Diante dessa situação, foi apresentado a ele a Casa de Passagens Carlos Miguel. O jovem conta que encontrou ali o acolhimento que não sentia na própria família. O trabalho no Fort foi apresentado por meio da casa, além de estudos. Graças à contratação e ao primeiro salário recebido, conseguiu sair da casa de passagem e agora divide aluguel de um imóvel com amigos.
Ao relembrar da própria trajetória, se sente estável e pretende crescer e aproveitar a oportunidade. Busca se dedicar e sonha em crescer na empresa. Conta que há preconceito contra pessoas que moram em casas de passagens, contudo, pede que os jovens valorizem o que é ensinado e o apoio que é oferecido lá dentro. Desde os sete anos, Santos desenha croquis e também quer cursar moda.
— Sou negro, de um estado diferente e do Nordeste. A mensagem que eu deixo é que valorizem as casas de passagem, porque ali você tem um suporte, vão te colocar regras e isso vai te reingressar na sociedade. As empresas têm que olhar para as casas de passagem de forma diferente. Nem todo mundo que está na casa teve problemas com drogas, bebidas. Às vezes as pessoas estão lá por conta de necessidade. Quando se é jovem você sonha em crescer e não sabe dar um passo, se joga de cabeça e o tiro foge pela culatra. Não acontece como você planejou e as dificuldades nos levam a esses lugares. Mas foi maravilhoso eu ter ido, porque mudou a minha vida — comemora o rapaz.
Já Isabella Prado, ou Isa, como é carinhosamente chamada pelos colegas de trabalho no mesmo atacarejo, sonha em ser policial ou trabalhar como servidora pública. Para isso, estuda para alcançar os objetivos. Isabella é mulher transexual vinda de Rio do Sul, município catarinense na região do Alto Vale do Itajaí. A jovem relembra que, desde pequena, a família passou por dificuldades e ela precisou se tornar independente. Durante a adolescência, a mãe adoeceu e, devido aos tratamentos de saúde, decidiu vir a Caxias do Sul.
Entre idas e vindas, a mãe se curou, casou e foi embora da cidade da Serra. Aos 20 anos, Isa decidiu retornar a Caxias para ficar. A jovem conta que, além do crescimento profissional que teve no Fort, também tornou-se mais sociável e voltou a confiar nas pessoas graças ao convívio na casa de passagens São Francisco.
— Eu me lembro que era no final de semana, sábado ou domingo, estava chovendo quando eu retornei para Caxias. Na rodoviária com a minha mala eu parei e falei: "Meu Deus, o que eu vou fazer?". Nisso, o Senhor colocou uns amigos na minha vida. Eles me colocaram na casa de passagem, onde eu pude estudar, me organizei e agradeço muito a essas casas — relata.
Willian Santos e Isabella Prado são gerenciados no Fort por Adrileny Constantino, coordenadora de ESG (sigla para environmental, social and governance, na tradução ambiental, social e governança, que é a área que cuida de sustentabilidade e desenvolvimento de pessoas na empresa) do Grupo Pereira. Assim como outros 10 jovens que trabalham na empresa em Caxias. Eles integram o Projeto Transformar, desenvolvido pelo Fort. Em outras unidades do Fort, é comum a contratação de menores de 18 anos que moram em abrigos devido à destituição familiar.
A unidade de Caxias do Sul é a única da empresa, até então, que abriu essa disponibilidade para adultos que seguem em abrigos ou casas de passagens. Adrileny acredita que é uma experiência única também para a empresa disponibilizar essas vagas e capacitar esses jovens para o mercado de trabalho:
— Antes de iniciar as atividades, a gente tem as escolas. Então, tem a escola, por exemplo, da frente de caixa, ele passa por uma formação antes de iniciar, para saber operar e atender ao público. Já para a área de perecíveis, a gente tem a escola de perecíveis. Então, independentemente de não ter a experiência, a gente tem a escola de formação.