Técnicos e auxiliares de enfermagem se mobilizaram em frente ao acesso dos funcionários no Hospital Pompéia e na Unidade de Pronto Atendimento Central (UPA Central), em Caxias do Sul, nesta sexta-feira (7). A categoria está em greve desde as 19h desta quinta-feira (6). O Pioneiro conversou com as partes para explicar o que está sendo reivindicado pelo sindicato e como a paralisação afeta os serviços de saúde no município.
O que o sindicato quer?
Os trabalhadores reivindicam o pagamento do piso nacional da categoria. A decisão pelo movimento levou em conta a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que definiu que o pagamento do piso salarial deve ser feito aos trabalhadores do setor público e que o do setor privado deve ser negociado. O novo piso para técnicos de enfermagem contratados pela CLT é de R$ 3.325; R$ 2.375 para auxiliares de enfermagem e parteiras.
Atualmente, de acordo com a presidente do Sindisaúde, entidade que representa os técnicos e auxiliares de enfermagem, Bernadete Giacomini, o dissídio da categoria no último ano ficou na casa dos R$ 2.100,00 a R$2.200,00 mensais.
Quantos profissionais estão paralisados?
Apenas os técnicos e auxiliares de enfermagem do Hospital Pompéia e da UPA Central estão em greve. Ficou determinado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), ainda na quinta-feira (6), que 70% da categoria deve manter as atividades, sendo 100% na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Durante a noite e na madrugada, tanto no Pompéia quanto na UPA, os técnicos e auxiliares permaneceram na frente das instituições de saúde. A mobilização seguia nesta sexta.
No Pompéia, segundo Bernadete, há 574 técnicos e auxiliares de enfermagem; 30% estão paralisados nesta sexta, conforme o sindicato. Na UPA, a presidente não informou quantos profissionais atuam no local.
Até quando a greve deve durar?
Segundo Bernadete, enquanto não for negociado o pagamento do piso salarial da categoria, os trabalhadores não devem encerrar a greve.
Ela afirma que, até o momento, nenhuma reunião de negociação foi marcada. No entanto, de acordo com o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), o sindicato dos trabalhadores se comprometeu a levar para a categoria a proposta de suspensão da greve até a nova rodada de mediação, marcada para o dia 12 de julho, quarta-feira, às 15h.
Qual é o tamanho da categoria em Caxias (quantos são entre técnicos e auxiliares)?
De acordo com Bernadete, são cerca de 3,5 mil a 3,8 mil profissionais representados pelo Sindisaúde em Caxias do Sul.
Por que Hospital Geral, Virvi Ramos, UPA Zona Norte e demais hospitais e Unidades Básicas de Saúde não têm greve?
De acordo com a presidente do Sindisaúde, a paralisação apenas na UPA Central e no Pompéia ocorreu porque os dois são filantrópicos e porque existe um fundo no Ministério da Saúde para ser liberado para o pagamento do piso. Bernardete afirma que os trabalhadores do Hospital Geral também queriam aderir à greve, mas que, para manter o atendimento à população, decidiram, em assembleia, paralisar o atendimento apenas em um dos hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nesse caso, o escolhido foi o Pompéia.
O que o Pompéia e a UPA Central dizem?
A empresa gestora da UPA Central, o Instituto Nacional de Pesquisa e Gestão em Saúde (InSaúde), através do contrato de gestão compartilhada com a prefeitura de Caxias do Sul-RS, informa que vai cumprir a determinação judicial e que outras medidas estão sendo tomadas. Aproveita também para reiterar o compromisso de sempre oferecer um serviço digno à toda população da cidade.
Ainda na quinta-feira, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) iniciou uma força-tarefa para tentar amenizar os impactos à população. Para minimizar a lotação da UPA e reorganizar os fluxos, foi realizada a transferência de pacientes para internação hospitalar no Virvi Ramos fora do horário habitual. Além disso, houve articulação junto à UPA Zona Norte, ao Samu e ao Hospital Geral para retaguarda aos casos que não puderem ser absorvidos pela UPA Central ou pelo Pompéia, bem como junto a secretários de saúde da região, em caso de necessidade de direcionamento de pacientes de outros municípios.
Já a Superintendente do Hospital Pompéia, Lara Vieira, afirma que a instituição foi surpreendida com o início da paralisação.
— Em setores que tinham técnicos de enfermagem escalados, nenhum compareceu. Por exemplo, pouco antes das 19h de quinta, seis técnicos estavam escalados para quatro cirurgias, mas nenhum compareceu no hospital. Os procedimentos foram feitos com enfermeiros — diz Lara.
Lara Vieira ressalta que a instituição criou um plano de contingência, ainda na quinta, para que os atendimentos não fossem afetados pela greve. Ela explica que ainda não foi possível repassar o aumento aos trabalhadores, porque os recursos federais que garantem esse aumento ainda não foram liberados ao Pompéia. No entanto, Lara afirma que, assim que a entidade receber o repasse federal, vai garantir o aumento dos salários.
O que está sendo prejudicado com a greve? Cirurgias foram canceladas?
De acordo com a Superintendente do Hospital Pompéia, até a tarde de sexta (7), 15 cirurgias foram canceladas. Nos setores de internação, ela afirma que os trabalhadores não estão mantendo do o efetivo determinado pela Justiça, de 70% do quadro de funcionários. Foram 22 exames cancelados entre tomografia, ressonância, ecocardiograma e ecografia.
Já na UPA Central, que é um serviço de urgência e emergência, pode ter atendimentos mais lentos, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). No entanto, a lentidão não ocorre na triagem.
Por meio de nota, a SMS pontua que o impacto é maior para as rotinas internas da UPA, na assistência a pacientes em observação e na sala de aplicação de medicação. Já para as urgências e emergências não há prejuízo no atendimento.