Caxias do Sul e Bento Gonçalves buscam a Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical do HIV, que é quando o vírus é transmitido de mãe para filho. Os dois municípios mais populosos da Serra receberam, na última semana, visitas da Equipe Nacional de Validação. Vinculadas ao Ministério da Saúde, as profissionais conheceram todos os processos de trabalho para prevenção e tratamento da infecção de HIV, transmitida de mãe para filho.
Em Caxias, a equipe visitou os serviços da Atenção Primária em Saúde, Vigilância Epidemiológica, Saúde da Criança, Saúde da Mulher, Serviço Municipal de Infectologia, Central de Exames e maternidade do HG , que é referência nos casos de mães com HIV e também o Consultório na Rua. De acordo com a prefeitura, a cidade já alcançou o principal indicador considerado para a certificação, que é o de não ter nenhuma criança infectada pelo HIV devido a esse tipo de transmissão no ano de 2020 . Isso porque esse é o ano considerado para a certificação. Naquele ano foram registradas 28 gestantes com o vírus, sendo que todas foram acompanhadas pela rede da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
Os demais indicadores também atestam a excelência dos serviços realizados na rede, sendo que a cidade obteve 100% de cobertura de gestantes com pelo menos um teste para HIV no pré-natal e 100% de cobertura de gestantes infectadas com HIV em uso de terapia antirretroviral (Tarv), medicamento indicado para prevenir a transmissão da doença para o feto. Em relação a cobertura mínima de quatro consultas no pré-natal, em que é esperado mínimo de 95%, o município obteve 96,55% em 2020. Além disso, Caxias apontoa 100% de acompanhamento das crianças expostas ao HIV, ou seja, até os 18 meses, com exame de sorologia negativo para a infecção para o vírus.
— Percebemos uma rede muito bem estruturada, com pessoas comprometidas e empenhadas no processo. Nos chamou a atenção a coleta de exames nas próprias UBSs, que muitas cidades não têm — descreveu Leonor de Lannoy, da coordenação geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde.
A secretária municipal da Saúde, Daniele Meneguzzi, ressalta que os resultados demonstram que a atuação em rede, com cada serviço conectado ao outro e prestando assistência adequada às pacientes promove a saúde e consegue preservar vidas.
Bento Gonçalves
Em Bento Gonçalves, a equipe formada pelas profissionais Jenice Lilian Pizão, Leonor Henriette de Lannoy, Renata Cristina Messores Rudolf e Roselle Burgarina Steenhouwer visitou uma das Unidades de Saúde, a Vigilância Epidemiológica, o Serviço de Atendimento Especializado/Centro de Testagem e Aconselhamento (SAE/ CTA), o Laboratório de Patologia e o Análises Clínicas. O trabalho da rede de saúde envolve a realização de todos os exames para diagnóstico durante o pré-natal e o acompanhamento.
Em 2020 foram registradas oito gestantes com o vírus, todas acompanhadas pela rede da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Além disso, foi registrada 100% de cobertura de gestantes com pelo menos um teste para HIV no pré-natal e 100% de cobertura de gestantes infectadas com HIV em uso de terapia antirretroviral (Tarv). Na cobertura mínima de quatro consultas no pré-natal, em que é esperado mínimo de 95%, Bento Gonçalves obteve 97,7% em 2020.
A coordenadora do Serviço de Atendimento Especializado e Centro de Testagem e Aconselhamento (SAE/CTA), Adriana Cirolini destaca que é um momento importante para validar os dados apresentados:
— Estamos confiantes com a certificação e foi muito importante para aprimorarmos ainda mais o serviço realizado — afirma ela.
Desde 2016 tem se observado que o número de pessoas que desenvolvem a AIDS vem reduzindo em Bento. Segundo a prefeitura Isso se deve à mudança no protocolo de tratamento da infecção que, desde 2012, passou a recomendar o uso dos antirretrovirais para todas as pessoas portadoras do vírus HIV, e, não apenas para os doentes, como acontecia, até então. O tratamento precoce ajuda a evitar que os infectados pelo HIV desenvolvam a doença, o que, progressivamente, acaba por reduzir o número de doentes.
A Equipe Nacional de Validação irá reportar o relatório a Comissão Nacional para confirmar se o Município será certificado Nacionalmente.
Como pode ocorrer a transmissão de mãe para filho
A transmissão vertical pode ocorrer durante a gestação, no parto ou durante a amamentação. Por isso, o trabalho da rede de saúde envolve a realização de todos os exames para diagnóstico durante o pré-natal e o acompanhamento correto.
Os atendimentos pela rede pública de saúde começam pelo pré-natal, quando a gestante ingressa procura a Unidade Básica de Saúde (UBS) e realiza o teste rápido para Infecções Sexualmente Transmissíveis, para detecção de HIV, sífilis e hepatites B e C.
Na sequência do pré-natal na UBS, a gestante passa por todos os demais exames, e as que têm resultado positivo para HIV em qualquer momento do pré-natal passam a ser acompanhadas e monitoradas pelos municípios até depois do parto.
Ouça a entrevista da Gerente Municipal de Infectologia de Caxias do Sul, Grasiela Cemin Gabriel sobre o assunto