Tem mais motoristas apostando na perigosa mistura de álcool e direção no trânsito de Caxias do Sul. Isso porque o percentual de condutores autuados por embriaguez ou por se recusarem a fazer o teste do bafômetro em 2022 durante a operação Balada Segura foi o maior nos últimos cinco anos em Caxias do Sul, conforme dados divulgados pelo Detran a pedido da RBS TV.
No ano passado, dos 5.135 motoristas abordados em operações realizadas pelos fiscais de trânsito, 835 foram flagrados embriagados ou se recusaram a fazer o teste - o que representa que 16,3% dos condutores foram multados. Em 2018, foram 8.675 motoristas abordados e 953 autuados por embriaguez ou por recusa, o mesmo que 11% dos abordados que acabaram sendo autuados pela prática.
No ano seguinte, foram 10.495 motoristas abordados - o maior número nos últimos cinco anos -, mas apenas 8,2% dos condutores foram autuados por embriaguez, o menor percentual do período. Os dados mostram que as abordagens caíram em 2020 e 2021 em razão da pandemia e da redução no número de operações realizadas nas ruas de Caxias do Sul para coibir a embriaguez ao volante (veja o gráfico abaixo).
Ainda segundo o Detran, de janeiro a março deste ano, 259 motoristas foram autuados por embriaguez entre os 1.822 condutores abordados, ou seja, percentual de 14,2%. O índice é um pouco menor se comparado ao registrado em todo o 2022. Mas o número é mais alto se considerada a média que foi de 86,3 autuados por mês, em 2023, quando em 2022 foi de 69,5.
De acordo com o secretário municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade de Caxias do Sul (SMTTM), Alfonso Willenbring Júnior, o objetivo é aumentar as ações de fiscalização para retirar motoristas imprudentes de circulação.
— Em 2022, nós tivemos um índice (de embriagados) quase igual ao de 2019, anterior à pandemia. E o início de 2023, nessa época de verão, que ainda estamos vivendo, está muito alto. Temos sim que trabalhar com a fiscalização para retomar aquela sensação de vigia, aquela sensação de fiscalização de verdade para que as pessoas se cuidem mais — destaca.
Conforme a diretora institucional do Detran gaúcho, Diza Gonzaga, sete em cada acidentes com mortes ou lesões graves têm alcoolemia positiva envolvida.
— Não é uma invenção, não é perseguição, se vai dirigir, não beba. Nós fazemos a Balada Segura, que não é uma operação só punitiva, mas ela também é educativa — explica.
As operações na cidade têm recebido investimento. Desde o ano passado, os fiscais de trânsito em Caxias contam com a ajuda de um novo bafômetro para auxiliar nas ações da operação Balada Segura. Os chamados bafômetros passivos detectam a presença de álcool sem a necessidade de colocar a boca no aparelho, bastando um simples sopro no equipamento.
— Ganhamos em agilidade e um maior número de condutores abordados. E também podemos dizer que reduziu aquele constrangimento do condutor de ter que desembarcar do seu veículo e enfrentar uma fila para realizar o teste ativo do etilômetro. O álcool e direção representa um risco eminente, tanto para a segurança de quem está dentro do veículo, condutor, familiar, amigos, bem como com a coletividade — avalia o gerente de Educação para o Trânsito da SMTTM, Joelson Queiroz.
Conforme o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência é uma infração de natureza gravíssima. As penalidades geram multa multiplicada dez vezes (chegando a quase R$ 3 mil) e a suspensão do direito de dirigir por 12 meses.
Ainda segundo o CTB, a recusa ao teste também gera uma infração de trânsito, cujas penalidades são as mesmas para quem é pego no bafômetro.
Outras infrações também cresceram
Além de dirigir e beber, outros comportamentos imprudentes do motorista também chamam a atenção. Como avançar ao sinal vermelho, que apareceu como a infração mais frequente no trânsito de Caxias do Sul no ano passado. Foram, em média, mais de 300 flagrantes por mês.
Entre 2019 e 2022, as infrações pelo avanço do sinal vermelho cresceram 53%, saindo de 2.436 para 3.728 casos.
— Ao avançar o sinal vermelho, o motorista está colocando em risco a segurança do pedestre, que é a parte mais vulnerável do trânsito, sem contar que uma colisão transversal, dependendo a velocidade, por vir a causar lesões graves e, como consequência, a morte — conta o fiscal Joelson Queiroz.
Outro comportamento que preocupa é o uso do celular ao volante. Somente no ano passado, foram mais de três mil flagrantes. De acordo com o CTB, dirigir um veículo utilizando celular ou fones de ouvido conectados a algum dispositivo sonoro é uma infração gravíssima. A multa para os infratores é de R$ 293,47, além de sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
— A fiscalização como um todo visa a proteção à vida. Mas também a questão da mobilidade, existem comportamentos que prejudicam a mobilidade como um todo. A gente procura muito isso e as metas que a gente coloca para a fiscalização é justamente isso: a redução da acidentalidade e uma melhor capacidade de mobilidade no centro da cidade — avalia o titular da SMTTM, Alfonso Willenbring Junior.