A primeira edição do ano do Viva Serra Talk, realizada nesta terça-feira (21), em Caxias do Sul, abordou a situação da inovação na Serra gaúcha. O destaque para o debate foi a importância da educação para a inovação e a necessidade profissional de acompanhar a evolução da inteligência artificial. Criado em 2021 pelo Grupo RBS, o projeto multiplataforma trouxe como tema central "o desafio da atração de talentos para inovação e empreendedorismo" e foi mediado pela jornalista e coordenadora de jornalismo da RBS TV Caxias, Shirlei Paravisi.
Para o debate, que pôde ser acompanhado gratuitamente, estiveram presentes o fundador e CEO da Gramado Summit, Marcus Rossi, o representante da Casa da Vida, Leonardo Gonçalves, o representante do Centro de Desenvolvimento e Inovação Sanmartin Brasil, Rodrigo Brandalise e a diretora executiva do Instituto Hélice, Salissa Paes Festugato.
Abordando os pilares relacionados ao tema do evento, cada especialista apontou soluções que podem colaborar com o crescimento da Serra. Esta edição do Viva Serra Talk ocorreu no Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs).
Fazendo a introdução do evento, o diretor regional da RBS Caxias, Joel Goulart Junior, destacou que a Serra é uma das melhores regiões do país e relembrou que o projeto foi criado depois da pandemia da covid-19 visando uma virada de página para falar do futuro.
— No primeiro ano, falamos de cultura da nossa região e falamos também de inovação e turismo. Este ano, continuamos falando de inovação e o próximo será economia. Nossa intenção aqui é transformar a nossa região em uma região melhor, todo trabalho feito pela RBS ocorre para contribuir para esse crescimento da nossa região e tornar ela melhor — pontuou o diretor.
O destaque apontado pelos quatro especialistas foi a importância da educação para a inovação presente no meio corporativo e a necessidade profissional em acompanhar a evolução da inteligência artificial. Confira os principais pontos levantados pelos participantes:
"Nosso papel é fazer com que talentos que não são óbvios possam contribuir com a nossa inovação"
Mencionando uma história que viveu em uma das edições da Gramado Summit, Rossi lembrou de quando crianças de uma comunidade de Porto Alegre foram convidadas pelo evento para desenvolver uma startup. As crianças, sem saber o que era uma startup, fizeram um projeto voltado para a distribuição de absorventes no Morro da Polícia e a ideia foi acelerada durante a edição do evento.
— Para falar de inovação temos que começar pela educação. É preciso mudar o pensamento de que é preciso gerar talentos, o Brasil já é cheio de talentos e muitas vezes a criação desses talentos não tá nas maiores universidades, ela tá no Morro da Polícia, como no caso dessas crianças. Nosso papel, enquanto sociedade civil, é fazer com que talentos que não são óbvios possam contribuir com a nossa inovação — afirma Rossi.
O fundador da Gramado Summit mencionou ainda a edição de 2023, que está marcada para ocorrer entre os dias 12 e 14 de abril, e apontou a expectativa de reunir 12 mil pessoas. O evento, conforme Rossi, corrobora com conversas de tecnologia, evolução rápida e inteligência artificial, que "se usado profissionalmente a favor do colaborador, vai contribuir para o crescimento dele em qualquer área profissional".
Marcus Rossi, fundador e CEO da Gramado Summit
"O que realmente muda o mundo é a educação"
Na roda de conversa, Leonardo Gonçalves, que representante a Casa da Vida, uma escola de Educação Infantil de Porto Alegre que aplica metodologias inovadoras inspiradas em modelo que conheceu na Espanha, concordou com as questões levantadas por Rossi e reforçou a ideia de que "o que realmente muda o mundo é a educação". Ele mencionou a necessidade de colocar "mais vida nas ideias" que cada pessoa acredita.
Conforme Gonçalves, é preciso debater e melhorar a educação que está sendo ensinada para as crianças e adolescentes atualmente, de forma que contribua com um futuro que está evoluindo e acontecendo atualmente.
— A educação no futuro tem a ver com uma inteligência emocional de aprender gradativamente, alinhado com a mentalidade de inovação. Todas as profissões estão se readaptando e é preciso ter autonomia o suficiente e juventude o suficiente de estar sempre aprendendo coisas novas, se reinventar e se modificar para acompanhar essa evolução.
Gonçalves pontuou ainda que a tecnologia atual vai impactar diretamente nos empregos atuais e na maneira que os serviços são executados por cada profissional e que, falar de educação e inovação é um assunto desafiador e que está sendo constantemente abordado ao redor do mundo.
Leonardo Gonçalves, Casa da Vida
"É preciso buscar profissionais que tenham capacidade de aprendizagem fora do normal"
Contribuindo com o debate no âmbito da educação, o representante do Centro de Desenvolvimento e Inovação Sanmartin Brasil, Rodrigo Brandalise, pontuou que atualmente vivemos uma sociedade com inovação aberta e mencionou a necessidade de "deixar livre" para criar e acompanhar a evolução.
— É preciso buscar profissionais que tenham capacidade de aprendizagem "fora do normal" e isso não é só na escola que vai acontecer. A gente precisa falar sobre despertar o interesse nas crianças, mencionar o que é o ecossistema e de que forma ele contribui com a nossa sociedade. Dessa forma, o indivíduo vai se encontrar, ter destaque, se encontrar com o que ele faz e se sentir realizado com aquilo — aponta.
Brandalise abordou ainda a importância do desenvolvimento de trabalho em equipe, pontuando que cada trabalho feito em grupo pode contribuir com projetos maiores e ideias maiores do que as que conhecemos atualmente.
Rodrigo Brandalise, Centro de Desenvolvimento e Inovação Sanmartin Brasil
"É preciso haver humanização dentro das corporações, pensar de que forma olhar para aquele colaborador"
Visando a importância do olhar corporativo voltado para o colaborador, Salissa Paes Festugato, diretora executiva do Instituto Hélice, mencionou que a inovação dentro das empresas deve ser focada também para aqueles que contribuem com as empresas e funções em que atuam.
— Desde a infância as crianças tem um propósito. Hoje um bom profissional escolhe onde ele quer trabalhar. É preciso haver humanização dentro das corporações, pensar de que forma olhar para aquele colaborador. É preciso falar também sobre gestão de pessoas e a importância de desenvolver esses profissionais para que queiram estar naquela companhia — afirma a diretora.
Para Salissa, abordar a importância dos colaboradores e buscar o desenvolvimento de cada profissional traz liberdade para criar e acompanhar a inovação, tornando, desta forma, a região onde ela atua mais rica e preparada para o futuro.
Salissa Paes Festugato, diretora executiva do Instituto Hélice