Unidas pela fé, pelo amor ao próximo e o zelo pelo ser humano, 43 irmãs da Congregação Scalabriniana estão reunidas em Caxias do Sul para traçar objetivos e partilhar experiências de atuação em mais de 15 países ao redor do mundo.
Caxias foi escolhida para sediar a 10ª Assembleia Geral do grupo de irmãs, que atuam em missões com migrantes e refugiados ao redor do mundo. A programação segue até domingo (29) no Instituto São Carlos, no bairro Marechal Floriano. Presentes em todos os continentes, as irmãs buscam garantir informação, acesso a direitos básicos, aprendizado de língua estrangeira e cursos profissionalizantes nos países onde estão presentes.
Janete Ferreira, conselheira-geral da congregação, explica que, no encontro, temas importantes são abordados e discutidos pelas religiosas, desde a reorganização interna da congregação até formações sobre diversos temas que afetam o dia a dia das missões internacionais.
— Todas as irmãs estão hospedadas no Instituto São Carlos. Temos irmãs vindas de 15 países e é uma riqueza muito grande poder conviver com migrantes e refugiados em tantos lugares do mundo. Durante nosso encontro, temos momentos de reflexão, estudo de temas importantes, muita discussão, trabalhos em grupo e pesquisa de tendências para qual caminho queremos seguir — explica Janete.
As 43 irmãs presentes no encontro em Caxias trabalham em países onde os fluxos migratórios são intensos, ou que sofrem com algum tipo de conflito civil e que o trabalho humanitário seja necessário. São representantes de missões religiosas na África do Sul, na Argentina, no Brasil, no Canadá, no Equador, na Espanha, nos Estados Unidos, nas Filipinas, em Honduras, na Itália, na Indonésia, na Índia, no México, em Moçambique e na República Dominicana que buscam entender os rumos da crise migratória mundial e de que forma podem contribuir para a regularização dos imigrantes e ajudá-los a ingressar no mercado de trabalho.
Ao redor do mundo, um mesmo objetivo
As irmãs scalabrinianas são um forte apoio no acolhimento de estrangeiros. Elas prestam assistência em tarefas como regularização de documentos, validação de diplomas, acesso ao ensino da língua local e cursos profissionalizantes para a reinserção no mercado de trabalho. As religiosas também buscam trabalhar em colaboração com órgãos públicos e organizações civis.
A irmã Giuliana Bosini, italiana que veio ao Brasil para participar do encontro, explica que o trabalho não é apenas com imigrantes e refugiados, mas também com as irmãs que fazem parte da missão e que estão, diariamente, em contato com o público.
— Na Itália, nós acolhemos um grupo de mulheres e crianças refugiadas da Guerra da Ucrânia, que tiveram que deixar para trás seus maridos no conflito. Na Itália, assim como em Caxias do Sul, temos dois Centros de Atenção ao Migrante, em Roma e em Placência, onde eles aprendem o idioma e têm acesso aos cursos profissionalizantes — complementa.
A hondurenha Dina Mendoza atua na missão religiosa que atende a América Central, junto de outras quatro irmãs. Ela explica que os países caribenhos e a América Central são rotas migratórias para refugiados e migrantes de todo o continente americano. Dina conta que os atendimentos englobam desde deportações, até pessoas que ficaram mais de um ano presas por tentarem ingressar ilegalmente nos Estados Unidos.
— Nós prestamos ajuda imediata focada na alimentação, transporte, acompanhamento psicológico... Porque muitas pessoas chegam até nós depois de uma rota migratória que dura cerca de um ou dois meses ou que estiveram encarceradas por um ano, até dois anos e essas pessoas retornam psicologicamente e até fisicamente feridas — revela a religiosa.
Centro em Caxias é referência no Estado
Em Caxias do Sul, a congregação também presta apoio aos imigrantes que chegam ao município. O Centro de Apoio ao Migrante (CAM), referência no Estado, conta com setor de empregabilidade e oferta cursos profissionalizantes, principalmente para a área da indústria. De acordo com a irmã Celsa Zucco, responsável pelo CAM, no ano passado foram atendidas pessoas de mais de 50 nacionalidades.
— Em primeiro lugar, nós prestamos o acolhimento a esses migrantes e refugiados. Depois, nós temos diferentes serviços, mas o primeiro é sempre regularizar os documentos, para que eles sejam reconhecidos como cidadãos. Outra grande preocupação é com a segurança alimentar desses migrantes — explica Celsa.
Assim como em outros países, a preocupação do CAM em Caxias é de incluir de fato o imigrante. A congregação firmou parceria com universidades e também com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) para garantir que os estrangeiros possam se inserir na sociedade de forma regularizada e, principalmente, com emprego e conhecimento da língua local.