Na Serra, a colheita de pêssegos começou mais cedo neste ano e traz boas expectativas aos produtores. Em uma propriedade em Pinto Bandeira, maior produtor de pêssego de mesa no Rio Grande do Sul, o pomar ocupa quatro hectares.
A colheita manual envolve toda a família e alguns funcionários. Grande parte da produção é vendida para fora do Estado. A maior parcela vai pra São Paulo: cerca de 90%. O que exige uma logística especial, como explica o produtor Osvaldo de Toni.
— O pêssego tem que ser colhido e colocado na câmara fria, a 0°C. Então, a gente embala e manda em câmara fria também. Porque, se não, ele aquece, amolece logo, e não tem comércio, depois que amoleceu não vende mais — afirma.
Neste ano, a estimativa da Emater é de que sejam colhidas 60 mil toneladas de pêssego na Serra, 5 mil toneladas a menos do que na safra passada. Embora esteja dentro da média histórica, o cultivo sofreu perdas em razão de geadas tardias. Por outro lado, a qualidade da fruta está superior a do ano passado: maior e mais saborosa.
O extensionista da Emater, Enio Todeschini, explica que o fenômeno, que geralmente causa grandes prejuízos aos agricultores foi benéfico para os pêssegos.
— As geadas de intensidade média e baixa favoreceram a prática cultural do raleio, ou seja, ela ajudou de maneira geral a derrubar uma parte das frutas, e aquelas que ficaram estão em excelente qualidade — comenta Todeschini.
Vários produtores estão agora na colheita da variedade Chimarrita, uma das mais frágeis, mas que está entre as preferências dos consumidores.
— Em matéria de sabor não tem quem bata o chimarrita. Ultimamente, ele começou a dar muito problema, ele amolece o biquinho, não aguenta muito né. Por isso, alguns produtores estão desistindo de cultivar — explica Toni, que não abre mão do cultivo da variedade.
Além da qualidade, o valor recebido pelo pêssego também aumentou. Rodrigo Rizzardo, outro produtor de Pinto Bandeira, diz que, no ano passado, não conseguia vender o quilo da fruta por mais de R$ 2. Neste ano, já chegou a R$ 5.
— Até a aceitação do consumidor aumentou devido a planta não ter sofrido tanto com a seca. acho que vai ser um produto melhor, e o produto sendo melhor, ele é vendido melhor, consegue manter seu preço — conta Rizzardo.
Outro fator que elevou o preço foi a antecipação da safra. A colheita começou cerca de 15 dias antes e não coincidiu com a de outros estados.
— Se o pêssego viesse no seu ciclo certo ia bater com o fim da colheita de São Paulo. São Paulo esse ano adiantou, e a nossa também adiantou, então a gente não está conflitando. Está conseguindo vender um produto sem amontoar tanto e sem ter tanta oferta, isso é bom pro preço — diz Rodrigo Rizzardo.
Com a expectativa de uma boa safra, o que ainda pode causar prejuízos é a instabilidade do tempo, como chuva de granizo, por exemplo. Por isso, Toni ainda está cauteloso:
— A gente nunca está livre dessas intempéries. Nós temos um mês de safra né, até mais. vamos ver, tomara que continue assim, que aí é bom pra todo mundo.