Quem mora na Serra gaúcha e acha que os dias de frio estão por acabar, está bem enganado. A primavera no Rio Grande do Sul e na região pode ter ondas de frio, com chance de temperaturas abaixo do 5°C e de geada, entretanto, o tempo seco deve predominar na estação que começa às 22h04min de quinta-feira (22), segundo a Climatempo. A estação das flores, além de ser marcada pelo colorido, é também lembrada pelas alergias, como rinite e asma, em função da maior concentração de pólen.
De acordo com o meteorologista Vinícius Lucyrio, as baixas temperaturas devem acompanhar os serranos nos últimos dias de setembro e em todo outubro. A partir de novembro, as temperaturas começam, gradativamente, a subir. Lucyrio ressalta que o calor de verão deve ficar mais para dezembro, não chegando tão cedo neste ano. Estas condições são em função da influência do La Niña.
— Há chance de geada, mas é muito mínima a de neve. Historicamente, só tivemos neve em outubro uma única vez, mas terão sim ondas de frio — alerta o meteorologista.
A informação é quase um banho de água fria para quem estava com expectativa de que a primavera fosse tornar as temperaturas mais agradáveis. É o caso do bancário, Guilherme Carnesella, 36 anos, que gosta da estação especialmente pelo clima.
— Eu gosto da primavera porque melhora um pouco o clima, a gente vem do inverno tão judiado aqui na cidade, então a primavera, pelo fato de ser um pouco mais ameno, cai muito bem — comenta Carnesella.
A aposentada Maria de Fátima Pasqual, 63 anos, tem a mesma visão:
— Nada de muito frio, nem de muito calor, acho assim, perfeito — destaca.
Independente do frio, o cenário das ruas e parques já tem ganhado mais cor. O professor de Biologia na Universidade de Caxias do Sul (UCS), Guilherme Guzzo, explica que a mudança no comportamento das flores, dos animais e até mesmo das pessoas é influenciada pelo aumento no número de horas de luminosidade do sol, que ocorre a partir da proximidade do verão.
— Esse cenário propicia a mudança do metabolismo de animais e plantas, torna animais muito mais ativos, faz com que plantas floresçam, a gente tem observado desde o final do inverno pra cá. E animais, muitos deles, entram em época reprodutiva, na primavera, e acabam influenciando o nosso comportamento. A gente também se sente mais confortável para praticar atividades físicas, ao ar livre, enfim, ter um contato maior com a natureza — afirma o professor.
Símbolo do Rio Grande do Sul e do Campeonato Gaúcho de futebol, o quero-quero é uma das aves que acaba se reproduzindo durante a primavera, o que, para Guzzo, torna-se comum encontrar ninhos com ovos.
— A gente vai acabar encontrando mais insetos em casa, na rua, no ambiente de trabalho e aquilo que nós costumamos conversar em outras épocas do ano continua valendo, o cuidado com potenciais focos, por exemplo, de reprodução de mosquitos — alerta também o professor da UCS.
Alergias aumentam na primavera
Se para alguns, a primavera é lembrada pelas flores, para outros é pelas 'ites'. A médica alergista e imunologista, Cristina Weber, informa que, nesta época, é comum a elevação no número de pacientes buscando o consultório com conjuntivite, rinite e asma alérgicas.
— Os pacientes vão ter esses sintomas especialmente nos dias em que as concentrações de pólen são altas. Aqueles dias de sol, dias secos e com vento. O vento espalha o pólen a vários quilômetros de distância, o que faz então que realmente incomode e por isso que incomoda o olho — ressalta Cristina.
A especialista ainda frisa que, apesar de muitas pessoas fazerem relação das alergias com o pólen das flores, não é este o causador das coceiras, espirros e outros sintomas.
— O nosso pólen principal é o do azevém, da família das gramíneas, então é uma vegetação rasteira, um capim, que a gente encontra nos terrenos baldios, nos canteiros, por tudo. As flores e as árvores elas geralmente têm pólens pesados que não são alergênicos, os pacientes às vezes se confundem com flores muito perfumadas e ela irrita — finaliza.