Os 49 municípios da área de cobertura do Pioneiro alcançaram a marca de cem mortes em acidentes de trânsito em 2022, o mesmo que em todo o ano passado, conforme contagem da ferramenta Vidas Perdidas. A vítima mais recente foi Valdir Francisco Alves de Oliveira, 61 anos. Ele era passageiro de uma caminhonete que se envolveu em uma colisão com um caminhão na RS-486, na manhã de terça-feira (13). O trecho onde ocorreu o acidente pertence a São Francisco de Paula. Anteriormente, no fim de semana, Pedro Oscari Colombo, 20 anos, morreu após o carro em que ele conduzia sair da pista e atingir um barranco na BR-116, em Campestre da Serra.
Em 2021, os mesmos municípios contabilizaram 73 mortes no trânsito de 1° de janeiro até o dia 13 de setembro. Portanto, no comparativo com o mesmo período deste ano, houve crescimento de 36% nos óbitos. No ano passado, conforme a ferramenta do Pioneiro, a marca de cem mortes foi alcançada apenas em dezembro, o que mostra que o trânsito está sendo mais letal em 2022.
Por outro lado, há redução nos casos se for considerado o mesmo período de 2019, ano sem o impacto da pandemia de covid-19. À época, as cem mortes foram registradas em julho. Além disso, até o dia 13 de setembro daquele ano, as mesmas cidades de abrangência contabilizavam 109 pessoas que perderam a vida em decorrência do trânsito.
Para as autoridades, o retorno à vida "normal", passado o período mais graves da pandemia, pode ajudar a explicar o aumento de óbitos no trânsito neste ano em comparação com 2021. No ano passado, os municípios conviviam com com várias restrições sanitárias, que impossibilitavam ou reduziam o número de pessoas em eventos, por exemplo. Da mesma forma, muitos trabalhadores também adotavam o trabalho de casa, o que, consequentemente, diminuía o volume de veículos rodando nas estradas.
— Percebemos períodos maiores com a rodovia congestionada. Antes, tínhamos 15, 20 minutos de congestionamento. Hoje, temos mais de meia hora, nos horários da manhã e da tarde. Esse é o nosso principal indicativo (de aumento na circulação de veículos neste ano em comparação com 2021) — avalia o chefe da Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Caxias do Sul, Jonatas Josue Nery.
A delegacia da PRF de Caxias, por sua vez, observa queda no número de óbitos constatados no local do acidente — não estão contabilizados eventuais mortes posteriores, em hospitais, por exemplo. Conforme Nery, até esta quarta-feira (14), foram 11 mortes relacionadas ao trânsito, em trechos da BR-116 e BR-285. No mesmo período de 2021, 19 pessoas perderam a vida nas duas rodovias federais de abrangência da delegacia.
Para ele, alguns fatores explicam o decréscimo de ocorrências com vítimas fatais no local do acidente:
— Acredito que a PRF tenha conseguido direcionar suas atividades para alguns pontos mais específicos, além de realizar uma maior fiscalização de infrações mais graves, que acarretam os acidentes com maior gravidade. Também recebemos, nos últimos dois anos, um acréscimo significativo no nosso efetivo — aponta.
Caxias do Sul lidera ranking
A maior cidade da Serra é, também, a que registra mais vítimas fatais no trânsito em 2022. Até esta tarde, Caxias do Sul contabiliza 25 pessoas que morreram em decorrência de acidentes. Em termos de comparação, de janeiro a 13 de setembro de 2021, foram 24 vidas perdidas nas ruas, estradas e rodovias da cidade. Em 2020, ano bastante afetado pelas restrições da pandemia, foram 16 vítimas. Já em 2019, de janeiro a 13 de setembro, Caxias do Sul teve 46 mortes no trânsito, número bastante superior ao registrado nos últimos dois anos.
A ferramenta do Pioneiro e também os dados disponibilizados pela Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMTTM) ajudam a traçar o perfil das pessoas que perderam a vida no trânsito caxiense em 2022. Dos 25 óbitos, sete foram em decorrência de atropelamentos de pedestres. Dez casos foram registrados em ruas e avenidas urbanas; os demais ocorreram em estradas municipais (2) e rodovias estaduais (10) e federais (3). Em março, foi registrada a morte de um ciclista. Ele chegou a ser hospitalizado após colidir contra a lateral de um caminhão em uma estrada da Linha 40, mas não resistiu aos ferimentos e morreu três dias depois.
O diretor de Trânsito e Transporte da SMTTM, André Leyser, reitera a avaliação da PRF. Para ele, também há maior movimentação de veículos nas ruas, após dois anos atípicos, como descreve 2020 e 2021. Com o retorno dos eventos noturnos, cresceram também os casos de infrações relacionadas com embriaguez ao volante. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, segundo dados da secretaria, 428 condutores foram autuados em operações por estarem dirigindo sob efeito de álcool ou por ter recusado o teste do etilômetro.
— Após as restrições, aumentou bastante este tipo de infração. Como trabalhamos na madrugada, fazendo as operações da Balada Segura, fazemos essa constatação, sim— diz o diretor.
Sobre os atropelamentos, Leyser avalia que uma série de fatores estão relacionadas a este tipo de acidente.
—Não é somente (a atitude) de uma das partes. O condutor pode estar desatento, utilizando um dispositivo, como o celular. O pedestre também pode esta sem a atenção devida. As condições da via e do clima também influenciam. Pode ser um dia chuvoso ou com neblina. Tudo interfere no momento do acidente — explica.